A Associação está pedindo que o livro,
vendido a R$ 20, seja tirado de circulação. Existem trechos que são
considerados incômodos pelas famílias. O padre se defende, afirmando que muitas
pessoas o procuraram pedindo uma palavra de conforto; Por isso, achou que a
melhor forma de ajudá-las seria escrever um livro. Contudo, amigos e familiares
das vítimas dizem que o padre está apenas se aproveitando do sofrimento alheio.
Leo Becker, vice-presidente da AVTSM, é
categórico “Claro que ele nunca vai admitir isso, mas ele foi oportunista sim.
Usou do momento de dor pra vender o livro”. Trevisan rebate “Tem aqueles que
dizem que me aproveitei por ter escrito agora. Então eu pergunto: se você tem uma
ferida, você vai esperar um ano para colocar remédio ou vai colocar agora? Se
tem depressão, vai esperar seis meses para ir a um médico?”.
Entre os pontos considerados ofensivos, está
a menção a jovens que supostamente foram ressuscitados e foram encontrados
vivos no caminhão frigorífico que levava os corpos para serem velados no
ginásio da cidade. Trevisan escreveu: “No auge da balada celestial, o Pai
perguntou se alguém queria voltar. Dois ou três disseram que sim e foram
encontrados vivos no caminhão frigorífico que transportava os corpos ao Ginásio
de Esportes”.
Leo Becker acredita que isso poderia levar os
parentes a acreditar que havia pessoas vivas dentro dos caminhões. Perguntado
onde teria ouvido essa história, o padre diz “Até a página seis, eu escrevi uma
alegoria porque escrevi sobre os que partiram… É relativamente muito comum
ocorrer o fenômeno do quase morte: a pessoa morre, mas, depois de procedimentos
médicos, ela volta e conta o que viu “do outro lado”, como um ser iluminado, ou
algo assim. Minha intenção era falar disso e não de dizer que tinha gente viva
lá dentro”.
Publicado pela Editora da Mente, de
propriedade do padre, as 2 mil cópias da primeira edição do livro foram todas
vendidas. Após ser procurado pelos parentes das vítimas, o padre Trevisan fez
alterações no texto, mas que segundo ele, não mudam o conteúdo do livro.
Embora celebre missas em Santa Maria,
no bairro do Patronato, a Arquidiocese da cidade esclarece que o padre não é
responsável por nenhuma paróquia. “Eu atendo as pessoas, celebro missas e faço
jornadas no Brasil e no exterior. Minha especialização maior é o poder da
mente, é dentro deste universo que lancei a maior parte dos meus 78 livros”,
disse ele.
Segundo o jornal o Globo, o padre que tem um
programa na Rede Vida, já vendeu mais de 2,5 milhões de cópias de seus livros e
lançou também DVDs, CDs e baralhos. O “Baralho mensageiro da felicidade”, por
exemplo, promete “indicar o que de melhor pode acontecer no seu dia”.
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