Morando há 14
anos no Brasil, Bledsoe escolheu a Igreja Universal do Reino de Deus como
objeto de seu estudo por considerá-la a denominação mais expressiva do
movimento neopentecostal no país.
Numa
entrevista à revista Cristianismo Hoje,
Bledsoe comentou os principais pontos de seu estudo, que foi transformado num
livro lançado pela editora Hagnos.
Segundo o
pastor Bledsoe, que é doutor em teologia, seu estudo teve duas motivações
principais: “Em primeiro lugar, porque eu queria informar melhor a Igreja no
Brasil sobre o discurso principal desse movimento, suas razões de existência e
crescimento, entre outras características. Escolhi a Igreja Universal como foco
porque ela é a manifestação neopentecostal mais reconhecida no país. Além
disso, comecei a me preocupar mais com os membros das igrejas neopentecostais
em relação ao seu entendimento da salvação”, revela o pastor.
Segundo
Bledsoe, muitos evangélicos não sabem apontar motivos que os levam a professar
a fé no Evangelho: “Percebi um problema grave através de conversas com eles –
encontrei muitas pessoas sinceras e fervorosas, mas com dificuldades em
articular uma razão para sua salvação que se baseasse na fé evangélica”, aponta
o pastor, que complementa dizendo que também desejava, com seu estudo,
descobrir se o movimento neopentecostal é benéfico ou maléfico à divulgação da
Palavra de Deus: “Eu queria verificar se igrejas como a Universal impulsionam
ou prejudicam a evangelização do povo brasileiro e de outras nações para onde
suas igrejas enviam missionários. Lamento dizer que denominações como a Igreja
Universal acabam causando danos à evangelização no Brasil”.
Esses
prejuízos mencionados por David Bledsoe seriam originados na essência da
mensagem pregada pela Universal e demais denominações neopentecostais, que
segundo ele, não se baseiam em Jesus e sim no diabo e também nelas mesmas.
“Em primeiro
lugar, porque projetam uma caricatura de Cristianismo diante da sociedade.
Segundo, porque essas organizações religiosas são muito antropocêntricas e
pouco centradas em Cristo – ao contrário, há uma forte ênfase no diabo, no
poder maligno. É claro que o Evangelho deve libertar a pessoa do domínio de
Satanás; mas há uma preocupação enorme no discurso neopentecostal e entre os
fiéis com isso, mostrando um erro grave. Além disso, é raro ouvir um adepto
desse movimento que faça menção ao nome de Jesus para a base de sua salvação.
Com pode alguém ser cristão sem Cristo? Em quarto lugar, há nesses meios um
pragmatismo exacerbado. Ora, os meios devem ser tão justificáveis como os fins
quando se fala em esforços missionários. Por último, vemos que muitos termos,
temas e eventos importantíssimos na história da fé evangélica são ausentes ou
redefinidos nessas igrejas, e isso é traço de facção”, resume o pastor.
Perguntado
pela reportagem da Cristianismo Hoje se a Universal poderia ser considerada uma
igreja evangélica, Bledsoe é categórico ao afirmar que não: “De acordo com o
padrão evangélico estabelecido no meu livro – e esse padrão baseia-se
principalmente nos documentos do Movimento de Lausanne –, ela acabou sendo
desqualificada como tal. A Universal propaga uma mensagem distorcida do
Evangelho, prendendo seus adeptos em uma cosmovisão religiosa popular, em vez
de libertá-los dessa artimanha diabólica”, pontua o pastor, que cita outros
pontos contrários à IURD: “Ela também emprega rituais religiosos narcisistas e
animistas. Outra característica que a desqualifica como evangélica é que não
promove laços fraternais esperados para uma igreja baseada no Novo Testamento –
ali, a pessoa se relaciona com Deus principalmente através da instituição e do
que ela oferece em trabalhos especializados. Por último, a Iurd adota postura
sectária, agindo com aversão e superioridade para com os outros grupos. Isso,
sem falar na exploração de seus fiéis, tratando dízimos e ofertas como um ato
quase sacramental”.
Fonte: Gospel+
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