O relato de aumento de muçulmanos em terras tupiniquins levou o
jornalista Nicolas Bourcier a produzir uma extensa reportagem para o jornal
francês Le Monde, relatando que em São Paulo, tem sido constatado um aumento
significativo das conversões ao islamismo.
De acordo com Bourcier, aproximadamente um terço dos frequentadores da
principal mesquita da capital paulista vem do Oeste da África, atraídos pela
promessa de uma vida sem perseguição religiosa e sem conflitos armados
motivados por diferenças étnicas.
No entanto, comenta a reportagem, a grande maioria dos frequentadores é
composta por brasileiros, e quase metade se converteu recentemente.
Um fenômeno recente, evidenciado nos últimos 15 anos. O ritmo de
conversões pode ser comparado ao de uma pequena congregação pentecostal: a cada
semana, entre quatro e seis brasileiros se convertem ao islamismo na mesquita
visitada, que fica no bairro do Cambuci.
O imã Abdelhamid Metwally, responsável pela mesquita, disse que a
explicação desse crescimento está na “tolerância formidável que existe no
Brasil, onde é possível exprimir sua crença com muita liberdade, o que não é o
caso em alguns países da Europa”.
Atualmente, os muçulmanos estimam que existam, no Brasil, até 1,5 milhão
de adeptos da religião, e entre 30% e 50% seriam convertidos por aqui mesmo.
A antropóloga Francirosy Ferreira, diz que as primeiras conversões ao
islamismo no país foram registradas em 1920, com os imigrantes sírios,
libaneses e palestinos, mas que a grande propaganda da religião foi feita pela
televisão: “O lançamento em 2001 na TV Globo da novela ‘O Clone’, que tinha o
início de sua intriga situada no Marrocos, suscitou o entusiasmo [pela religião
muçulmana]”, explicou.
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