“Daqui irei para o céu e ficarei na porta esperando por vocês”, disse o
brasileiro, no encontro final com sua prima, Angelita Muxfeldt, e com o
representante do governo brasileiro, Leonardo Carvalho Monteiro, maior
autoridade brasileira no país, já que a presidente Dilma Rousseff (PT) chamou o
embaixador de volta ao Brasil após a execução de Marco Archer Cardoso Moreira,
em janeiro.
Gularte era cristão e vinha recebendo acompanhamento espiritual de um
padre que atua na prisão de Nusakambangan, onde ele estava detido.
Monteiro, que acompanhou os disparos da execução à distância, ao lado da
prima de Gularte, afirmou que o fuzilamento ocorreu por volta de 0h25 (horário
local, 14h25 em Brasília): “Foram vários tiros fortes e ao mesmo tempo”, disse
à BBC.
Angelita disse à imprensa que nunca tinha visto o primo tão calmo desde
que havia sido condenado: “Ele não queria que eu chorasse”, afirmou. Na última
segunda-feira, 27 de abril, Gularte fez o último contato com sua mãe, Clarisse,
70 anos, por telefone, numa conversa que durou aproximadamente 20 minutos. Ela
havia visitado o filho em fevereiro e retornou no Brasil.
Além de Gularte, outro cristão foi executado ontem, por ter sido
condenado pelo mesmo crime. Andrew Chan, 31 anos, era de Sydney, na Austrália,
e havia integrado o grupo “Nove de Bali”, nome pelo qual ficaram conhecidos os
australianos presos em 17 de abril de 2005, ao tentarem deixar a Indonésia com
8 quilos de heroína, avaliados em US$ 3 milhões, com destino à Austrália.
De acordo com informações do site alemão Deutsche Welle, Chan era filho
de imigrantes chineses, e havia se tornado um cristão fervoroso na
penitenciária. Após seis meses estudando teologia, foi ordenado ao ministério
pastoral, em fevereiro desse ano.
Às vésperas da execução, o pastor casou-se com uma indonésia, também
pastora, numa cerimônia realizada na prisão. Eles se conheceram anos atrás,
quando ela fazia evangelismo e trabalho voluntário junto aos detentos.
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