A mensagem pregada na última segunda-feira, 20 de abril, na Casa Santa
Marta, foi baseada no milagre da multiplicação, quando Jesus saciou a fome de
uma multidão com pães e peixes.
Para Francisco, muitos tentam se aproveitar de Jesus para alcançar
poder: “Esta atitude se repete nos Evangelhos. Muitos seguem Jesus por
interesse. Inclusive entre os seus apóstolos, como os filhos de Zebedeu, que queriam
ser primeiro-ministro e ministro da economia, ter o poder. Aquela unção de
levar aos pobres a boa nova, a libertação aos prisioneiros, a vista aos cegos,
a liberdade aos oprimidos, e anunciar um ano de graça, se obscurece, se perde e
se transforma em algo de poder”, alertou o papa.
Destacando que “sempre houve esta tentação de passar do estupor
religioso que Jesus nos dá no encontro conosco a se aproveitar disso”, o papa
afirmou que usar a mensagem do Cristo para interesses pessoais se assemelha à
tentação de Jesus pelo diabo no deserto.
“Esta foi também a proposta do diabo a Jesus nas tentações. Uma sobre o
pão, justamente. A outra sobre o espetáculo: ‘Mas façamos um belo espetáculo,
assim todas as pessoas acreditarão em ti’. E a terceira, a apostasia: ou seja,
a adoração dos ídolos. E esta é uma tentação cotidiana dos cristãos, nossa, de
todos nós que somos a Igreja: a tentação não do poder, da potência do Espírito,
mas a tentação do poder mundano. Assim se cai naquele torpor religioso ao qual
leva a mundanidade, aquele torpor que acaba, quando cresce, cresce, cresce,
naquela atitude que Jesus chama hipocrisia”, orientou, de acordo com
informações da Rádio Vaticano.
Segundo Francisco, é “deste modo que se torna cristão de nome, de
atitude externa, mas o coração tem interesses”. O papa acrescentou ainda uma
fala de Jesus: “Em verdade, em verdade, vos digo: vós me procurais não porque
vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos saciastes”.
“O Senhor nos desperta com o
testemunho dos santos, com o testemunho dos mártires, que todos os dias nos
anunciam que a missão é caminhar na estrada de Jesus: anunciar o ano da graça.
As pessoas entendem a advertência de Jesus e perguntam: ‘Que faremos para
trabalhar nas obras de Deus?’. Jesus responde: ‘A obra de Deus é que creiais
naquele que ele enviou’, isto é, a fé Nele, somente Nele, a confiança Nele e
não nas outras coisas que nos levarão para longe Dele. Esta é a obra de Deus:
que creiais naquele que ele enviou, Nele”, conceituou o papa.
Em sua conclusão, o líder católico orou para que essa tentação do poder
não seja vitoriosa contra os fiéis: “Que Deus nos dê esta graça do estupor do
encontro e também ele nos ajude a não cair no espírito de mundanidade, isto é,
aquele espírito que por atrás ou abaixo de um verniz de cristianismo nos levará
a viver como pagãos”.
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