Estamos disponibilizando pra você todo início de semana, mais
um comentário sobre cada lição da EBD. Assim fazemos, para que os irmãos possam
melhor preparar sua aula. Cada item, tem um comentário, para que o amado leitor
entenda melhor os tópicos da lição. Estudaremos esta semana a lição de nº 13 que tem como título: A IGREJA E A LEI DE DEUS. Para cada tópico, deixamos o nosso
comentário. Fizemos cuidadosa pesquisa a respeito dessa tão importante lição.
Buscamos auxílio e Ainda recorremos a vários mestres no assunto, para que
pudéssemos aplicá-lo para o seu melhor entendimento. Em caso de dúvidas
com relação ao assunto, deixe seu comentário, a sua dúvida, no final desta
postagem, que responderemos com todo prazer a sua pergunta. Espero que
satisfaça a todos e uma boa aula.
A "lei de Deus" no presente estudo diz respeito
a todo o Pentateuco e não apenas aos Dez Mandamentos, pois o Decálogo é parte
da lei. A lei de Moisés não consiste apenas num compêndio religioso, pois trata
de profecias, histórias, registros genealógicos e cronológicos, regulamentos,
ritos, cerimônias, exortações morais, civis e cerimoniais, sacerdotes,
sacrifícios, ofertas, festas e o tabernáculo. Há nela a base e a estrutura
social e política do Estado. É inegável a sua contribuição na legislação de
todos os povos da terra, daí a sua influência no Estado e na Igreja.
Comentário
Os Dez
Mandamentos encabeçam os demais preceitos entregues por Deus a Moisés no monte
Sinai desde Êxodo 19.16-19 até Levítico 26.46; 27.34. Esses preceitos são
identificados com frequência como estatutos, juízos, leis e mandamentos. Muitos
deles são repetidos nos livros de Números e Deuteronômio. Todo esse sistema
legal integra o Pentateuco, que aparece na Bíblia como lei, livro da lei, lei
de Moisés, lei de Deus, lei do Senhor. É oportuno aqui esclarecer o que a
Bíblia quer dizer quando usa as palavras "lei de Deus". O termo
aparece sete vezes nas Escrituras, quatro no Antigo Testamento e três no Novo,
e em nenhum lugar diz respeito ao Decálogo. As quatro primeiras ocorrências se
referem a toda a lei de Moisés, ao Pentateuco, como livro: "Josué escreveu
estas palavras no livro da Lei de Deus" Os 24.26); "E leram o livro,
na Lei de Deus... ele lia o livro da Lei de Deus" (Ne 8.8,18); "e
convieram num anátema e num juramento, de que andariam na Lei de Deus, que foi
dada pelo ministério de Moisés, servo de Deus; e de que guardariam e cumpririam
todos os mandamentos do SENHOR, nosso Senhor, e os seus juízos e os seus
estatutos" (Ne 10.29). Assim, as expressões "lei de Deus",
"lei do Senhor" e "lei de Moisés" dizem respeito à mesma
coisa (Ne 8.1, 8, 18; Lc 2.22, 23). Trata-se do Pentateuco no seu todo, e não
apenas do Decálogo, do livro, e não das tábuas de pedra. As outras três
aparecem somente em Romanos, e nenhuma delas diz respeito ao Decálogo:
"Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus... Dou
graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. Assim que eu mesmo, com o
entendimento, sirvo à lei de Deus, mas, com a carne, à lei do pecado" (Rm
7.22, 25). O termo "lei" aparece cerca de 70 vezes nesta epístola com
amplo significado, cuja explanação não cabe aqui. A "lei de Deus"
neste contexto contrasta a "lei do pecado", mostrando tratar-se de um
princípio. A outra ocorrência é no capítulo seguinte: "Porquanto a
inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus,
nem, em verdade, o pode ser" (Rm 8.7). O homem carnal não tem lei nem se
submete à vontade de Deus que o apóstolo chama de "lei de Deus". Convido você para
mergulharmos mais fundo nas Escrituras!
1. Completar a revelação. Jesus disse que veio cumprir a lei e os profetas (5.17).
0 que significa isso? 0 verbo grego para "cumprir" é pleroo e
significa "cumprir, completar, encher". Devemos recordar o sentido de
torah, estudado na lição 1, como instrução revelada no Sinai. Ao longo do
trimestre, vimos os aspectos teológico e ético do Decálogo. O Antigo Testamento
contém instrução e doutrina sobre Deus, o mundo e a salvação, mas sua revelação
é parcial. A manifestação do Filho de Deus tornou explícito o que antes estava
implícito, e assim o Senhor completou a revelação (Hb 1.1,2).
Comentário
A que se referia Jesus, então,
quando falava de "a Lei"? Disse que não tinha vindo para destruir a
lei e sim para cumpri-la. Quer dizer, veio para pôr de manifesto o verdadeiro
significado da Lei. Qual era o verdadeiro significado da Lei? Mesmo por trás da
lei oral dos escribas e fariseus, havia um grande princípio de crucial
importância, que estes não compreendiam a não ser de maneira equivocada e
imperfeita. Este grande princípio fundamental é que em todas as coisas o homem
deve procurar a vontade de Deus e que uma vez que a conhece deve dedicar toda
sua vida a obedecê-la. Os escribas e fariseus tinham razão ao procurar a
vontade de Deus, e não se equivocavam ao dedicar a vida a sua obediência; mas
se equivocavam ao acreditar que suas centenas e milhares de insignificantes
normas legalistas eram a vontade de Deus. Qual é, pois, o verdadeiro princípio,
que respalda a Lei em sua totalidade, esse princípio que Jesus deveu cumprir,
esse princípio cujo verdadeiro significado veio a nos mostrar? Quando
examinamos os Dez Mandamentos, que são a essência e o fundamento de toda a Lei,
podemos nos dar conta que todo o seu significado pode resumir-se em uma só
palavra – respeito, ou até mais adequadamente, reverência. Reverência para com
Deus e para o nome de Deus, reverência pelo dia de Deus, respeito aos pais,
respeito à vida, respeito à propriedade, respeito à personalidade, respeito à
verdade e ao bom nome de outros, a respeito a si mesmo, de tal modo que jamais
possam chegar a nos dominar os maus desejos. Estes são os princípios
fundamentais que resumem o significado dos Dez Mandamentos. Os princípios
fundamentais dos Dez Mandamentos são a reverência para com Deus e o respeito a
nossos semelhantes e a nós mesmos. Sem esta reverência e este respeito
fundamentais não pode haver Lei. Sobre estas atitudes se apoia toda lei. E é
esta reverência e este respeito o que Jesus deveu cumprir. Veio para demonstrar
aos homens, em sua própria vida concreta de cada dia, o que é a reverência para
com Deus e o respeito para com o homem. A justiça, diziam os gregos, consiste
em dar a Deus e aos homens o que merecem. Jesus veio para mostrar, na vida, o
que significa a reverência que Deus merece e o respeito que o homem merece.
Essa reverência e esse respeito não consistiam na obediência de uma multidão de
meticulosas regras e estatutos. Não exigia o sacrifício, a e sim a
misericórdia; não era um legalismo e sim o amor; não era uma série de
proibições que estipulavam detalhadamente o que não se devia fazer, e sim uma
série breve de mandamentos fundamentais que levavam o crente a modelar sua vida
a partir do mandamento positivo: o do amor. A reverência e o respeito que
constituem o fundamento dos Dez Mandamentos jamais passarão. São a própria
substância da relação de cada indivíduo com Deus e com o seu próximo.
2. Cumprimento das profecias. Jesus iniciou o seu ministério terreno dizendo: "o
tempo está cumprido" (Mc 1.14,15). Diversas vezes encontramos no Novo
Testamento, a declaração como: "Isso aconteceu para que se cumprisse a
Escritura" (Jo 19.36), ou fraseologia similar, principalmente no Evangelho
de Mateus (Mt 1.22; 2.17,19; 4.14) dentre outras citações. As profecias se
cumpriram em Cristo.
Comentário
Era um costume
romano abandonar os cadáveres na cruz, deixando-os aos cães e abutres. Mas
havia uma lei judaica que “proibia deixar um corpo no local da execução de um
dia para outro”. "O seu cadáver não permanecerá no madeiro, mas certamente
o enterrarás no mesmo dia; porquanto o pendurado é maldito de Deus; assim não
contaminarás a tua terra, que o Senhor teu Deus te dá em herança”.
(Deuteronômio 21:23). Por essa razão, e porque era a preparação, i.e., a
véspera do sábado, os judeus... rogaram a Pilatos que quebrassem as pernas das
vítimas, e fossem tirados. Esta prática brutal, conhecida como crurifragium, era usada como um meio de apressar a morte.
Ela envolvia a quebra das pernas das vítimas com uma grande marreta. Os
soldados fizeram isto com os dois ladrões que foram crucificados com Jesus.
Mas, vindo a Jesus e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas. João
registra aqui o cumprimento das Escrituras: Nenhum dos seus ossos será
quebrado; cf. Êx 12.46; Nm 9.12. Jesus foi o sacrifício perfeito, tanto na
morte quanto na vida.
3. O centro das Escrituras. A provisão do Antigo Testamento sobre a obra redentora de
Deus em Cristo é rica em detalhes. Os escritores do Novo Testamento reconhecem
a presença de Cristo na história da redenção. 0 Espírito Santo conduziu a
Revelação na vida do povo israelita de tal maneira que os apóstolos puderam
observar cada pormenor na vida e no ministério terreno do Senhor Jesus Cristo.
A ideia cristológica está completamente embutida na lei e nos profetas. Todo o
pensamento bíblico.
Comentário
São estas as
palavras que vos disse estando ainda convosco. Jesus se refere ao seu
ministério, até à hora da sua crucificação, como a alguma coisa que já fazia parte
do passado. As palavras estando ainda convosco não só predizem a sua ascensão,
mas também indicam que mesmo naquele momento em que está falando, Ele não está
“com eles”, no mesmo sentido usado anteriormente. Sua morte e ressurreição
mudaram o mortal para imortal, e criaram uma diferença entre eles que apenas a
morte e a ressurreição deles próprios poderiam lhes permitir transcender.
Convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, e
nos Profetas, e nos Salmos. A Lei, os Profetas e os Salmos são as três
principais divisões das Escrituras Hebraicas. Deste modo, Jesus está se
referindo à série completa da profecia messiânica, da primeira promessa em
Gênesis 3.15 até o Livro de Malaquias. Ele deixa claro um vínculo inseparável entre
Ele mesmo e esta profecia do Antigo Testamento. O Senhor lembra aos seus
discípulos que Ele deixou este ponto claro enquanto ainda estava com eles.
Antes de sua morte, a ênfase era de que se cumprisse tudo, e se referia ao seu
ministério terreno.
II. 0 SENHOR JESUS VIVEU A LEI
1. Preceitos cerimoniais. Veja a explicação dos preceitos cerimoniais, civis e
morais na lição 2 e seu cumprimento na vida e na obra de Cristo. O Senhor Jesus
cumpriu o sistema cerimonial da lei na sua morte (Mt 27.50,51; Lc 24.46). As
instituições de Israel com suas festas, os holocaustos e os diversos tipos de
sacrifícios da lei de Moisés eram tipos e figuras que se cumpriram em Cristo
(Hb 5.4,5; 1 Co 5-7). Assim, as cerimônias cessaram, mas o significado foi
confirmado (Cl 2.17).
Comentário
Col 2.16,17
Portanto refere-se ao que acabou de ser apresentado e leva à conclusão: Ninguém
vos julgue (“dê seu parecer sobre vós”). Todas as outras religiões envolvem
atos e práticas de reconciliação inferiores e inúteis: pelo comer, ou pelo
beber (alimentos), dias de festa (festividades anuais), lua nova (observância
mensal), sábados (observância semanal) (Nm 28.9). Embora não haja no original
grego o artigo definido os antes de sábados, seu uso esclarece o significado.
Paulo estava resistindo aos judaizantes que insistiam na observância legalista
do sábado. Estas eram questões nas quais os inimigos de Cristo tiveram sucesso
em crucificá-lo (Rm 14.1ss.; 1 Tm 4.3; Tt 1.14; Hb 9.10ss.; 13.9,10). Que são
sombras (17) é explicado no versículo 18 e posto em contraste no versículo 19.
O termo sombras caracteriza os sistemas ritualistas do judaísmo. As sombras são
indicativas da realidade, Cristo. No Antigo Testamento, viam-se apenas as
sombras. No Novo Testamento, o corpo (soma, “substância”), que é Cristo, está
presente. Mas mesmo hoje temos aqueles que seriam “escravos de sombras”, tipos,
formas e rituais. A base da exortação de Paulo aqui é a obra de Cristo;
questões de calendário não têm valor como meio de salvação (Rm 14.17). Sua
função mostra o sacrifício de Cristo. Que tolice chamar as sombras de
realidade!
2. Preceitos civis. Lutero dizia que a função civil da lei ainda continua
para manter a ordem e o bem-estar da sociedade. Segundo Martyn Lloyd-Jo- nes,
Jesus cumpriu também o sistema jurídico da lei. Com sua morte, Ele transferiu
os privilégios de Israel para a Igreja (Êx 10.6,7; 1 Pe 2.9,10). Jesus disse às
autoridades judaicas que "o Reino de Deus vos será tirado e será dado a
uma nação que dê os seus frutos" (Mt 21.43). Com isso, Israel deixou de
ser um Estado Teocrático. A Igreja é a plataforma de Deus na Terra para
anunciar a verdade (1 Tm 3.15).
Comentário
«O reino de
Deus...» Jesus aplica a parábola aos que ouviam e à nação inteira de Israel.
Ele acabara de ilustrar o sentido da parábola dos «lavradores maus» mostrando
que as obras de Deus podem ser comparadas a um edifício que requer uma maciça
pedra angular, como também o templo de Deus, em Jerusalém, tinha uma dessas
pedras. Os construtores do templo espiritual haviam rejeitado a pedra angular
que fora cortada por ordem do arquiteto em chefe. Para esses, isto é, para o
povo de Israel, a edificação terá de cessar até que a principal pedra angular
seja devolvida ao seu devido lugar. Mas chega, finalmente, o tempo em que
Israel tornará a construir sobre essa pedra. Nesse ínterim, as obras de Deus
não cessam. Deus planta uma nova vinha e envia novos servos, tendo garantido de
antemão o sucesso da empreitada. O novo povo, como é óbvio, refere-se à Igreja.
3. Preceitos morais. Os Dez Mandamentos são representados pelos dois grandes
mandamentos; amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós
mesmos (Mc 12.28-33). Na verdade, toda a lei e os profetas nisso se resumem (Mt
22.40). Trata-se de uma combinação de duas passagens da lei (Dt 6.4,5; Lv
19.18). São preceitos que foram resgatados na Nova Aliança e adaptados à graça,
de modo que a Igreja segue a lei de Cristo, a lei do amor, e não o sistema
mosaico (Rm 6.14; 13.9,10; Gl 5.18). O Senhor Jesus cumpriu todos esses mandamentos
durante a sua vida terrena.
Comentário
Jesus
acrescentou: Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas - isto
é, todo o Antigo Testamento. Esses são os dois mandamentos-chave, que
demonstram o significado de todos os demais. Como a essência de todo o Antigo
Testamento está contida nesses mandamentos, é óbvio que a santidade como padrão
para o povo de Deus não é isolada na dispensação do Evangelho. O que é especial
na nova aliança é o meio com o qual os homens devem atender a esse padrão, e a
medida (ou o grau de perfeição) com que devem cumpri-lo. O poder para alcançar
a plenitude interior tornou-se agora a herança de cada filho de Deus. É um
poder que altera de tal maneira o afeto e preenche o ser com o Espírito Santo,
que amar a Deus com todo o ser torna-se uma atitude natural e espontânea (Rm
5.5). Quando Deus promete que na nova aliança Ele irá colocar as suas leis no
entendimento e no coração do seu povo (Hb 8.10; Jr 31.33), Ele está se
referindo, acima de tudo, a estes dois mandamentos, pois eles incluem todos os
outros.
III. A LEI NÃO PODE SER
REVOGADA
1. Jesus revela seu pensamento sobre a lei. Talvez o discurso de Jesus sobre as bem-aventuranças
tivesse deixado dúvida sobre a posição de Cristo a respeito da lei e dos
profetas. Ele não era um reacionário; nasceu conforme a lei e viveu de acordo
com ela (Lc 2.21-24; 4.15,16; Gl 4.4). Jesus falou de maneira direta que não
veio revogar a lei e nem os profetas, mas veio para os cumprir (Mt 5.17). Havia
chegado o momento de esclarecer seu pensamento sobre a lei.
Comentário
Jesus disse
muito explicitamente: “Não penseis que vim revogar a Lei e os Profetas; não vim
para revogar, vim para cumprir.” Entretanto, certa ocasião Jesus aprovou seus
discípulos quando eles quebraram a lei dos judeus quanto ao trabalho no sábado
(Mc 2.24), e o próprio Jesus aparentemente aboliu a lei cerimonial ao
considerar puros todos os alimentos (Mc 7.19). Os discípulos de Jesus
rejeitaram claramente muito do que era da lei do AT, inclusive a circuncisão
(At 15; Gl 5.6; 6.15). De fato, Paulo declarou: “Não estais debaixo da lei e
sim da graça” (Rm 6.14), e afirmou, também, que os Dez Mandamentos, gravados em
pedra, tinham sido removidos em Cristo (2 Co 3.7,14). http://www.cacp.org.br/jesus-veio-para-por-fim-a-lei-de-moises/. A ideia
cristológica não se restringe a esses vaticínios e ocupa todo o pensamento das
Escrituras hebraicas. A provisão do Antigo Testamento sobre a obra redentora de
DEUS em CRISTO é muito rica de detalhes. Os escritores do Novo Testamento
reconhecem a presença e a obra de CRISTO na história da redenção (Os 11.1; Mt
2.15) e nas suas instituições e festas (Êx 25.8; Jo l.l4;Hb5.4,5;Êx 12.3-13; Lc
22.15; 1 Co 5.7). A lei e os profetas convergem para JESUS; ele é o cumprimento
das Escrituras do Antigo Testamento (Lc 24.26,27,44). A expressão "a lei e
os profetas" aparece com frequência no Novo Testamento para designar as
Escrituras do Antigo Testamento (Mt 7.12; 22.40; At 13.15; Rm 13.21) ou
fraseologia similar (Mt 11.13; Jo 1.45; At 28.23). Mas a presença do
"ou" disjuntivo aqui mostra duas partes distintivas, em que nem uma e
nem outra é para ser abolida (Jo 10.35). Aqui não se trata apenas dos preceitos
morais, e o Decálogo nem sequer é mencionado no Novo Testamento como tal. Jesus
fala ainda a respeito da existência de mandamentos menores: "Qualquer,
pois, que violar um destes menores mandamentos" (Mt 5.19). Isso por si só
invalida a interpretação de que a lei é uma referência aos preceitos morais.
Existem mandamentos menores entre os preceitos morais? A resposta é não. Jesus,
portanto, está se referindo a todo o sistema mosaico e às demais Escrituras do
Antigo Testamento.
2. "Até que o céu e a terra passem". Jesus disse que "até que o céu e a terra passem, nem
um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido" (Mt 5.18).
O jota é a menor letra do alfabeto hebraico; ocupa a metade da linha na
escrita, é a décima letra e se chama iode. O til é um sinal diacrítico para
distinguir uma letra da outra. Nenhuma parte da lei passará, nenhuma letra ou
parte dela ficará em desuso até que tudo se cumpra. Como disse o pastor John
Stott, "a lei tem a duração do universo".
Comentário
Até que o céu e
a terra passem. Subentende que a lei e os profetas jamais seriam revogados,
porque, segundo a doutrina judaica, o céu e a terra são eternos (Baruch 3:32;
Luc. 16:17). «Até que tudo se cumpra» não alude a um tempo quando, finalmente,
a lei e o profetas serão revogados, mas é o modo enfático de dizer «nunca*. A
expressão «até que o céu e a terra passem», provavelmente é uma fórmula comum
para mostrar a invariabilidade da palavra divina. Posteriormente Jesus empregou
quase as mesmas palavras para indicar que suas próprias palavras são
invariáveis e eternas: «Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não
passarão» (Mat. 24:35; ver também Marc. 13:31 e Luc. 21:33). Jesus não estava
ensinando, nesse versículo (Mat. 5:18), se o céu e a terra passarão ou não, mas
simplesmente dava a idéia comum (que não passarão) afim de ilustrar a
importância e a imutabilidade da palavra e das ordens emanadas de Deus. «Nem um
i ou um til. O «i» (iota,no grego) é a letra «yod» no hebraico, a menor letra
do alfabeto. Na Bíblia hebraica há mais de 66 mil dessas letras. «r;V»é uma
pequena marca que distingue certas letras hebraicas de outras. Nos escritos dos
rabinos nota-se que às vezes advertiram aos escribas para que tivessem o
cuidado de não escrever uma letra parecida com outra, o que poderia modificar o
sentido das Escrituras. É mister que notemos aqui a importância dada por Jesus
às Escrituras do V. T., o que contrasta violentamente com alguns modernos, que
rejeitam essas Escrituras ou lhes dão pouco valor. E verdade que o modernismo
começa nesse ponto (rejeitam ao V. T.), como na cultura grega ou romana.
3. O menor mandamento (Mt 5.19). Há muita discussão sobre esta questão. Uns acham que
Jesus se referia ao jota e ao til; outros, aos preceitos cerimoniais. Havia
longos debates entre os rabinos da época sobre os mandamentos mais leves e mais
pesados. Eles consideravam mandamento leve não tomar a mãe com os filhotes num
ninho (Dt 22.6). Parece existir, sim, na lei, mandamento de maior ou de menor
significância (Mt 23.23). Porém, não é disso que Jesus está falando aqui, pois
o enfoque é sobre o anular a autoridade da lei e ensinar que ela pode ser
ignorada. O verbo grego é lyo, cuja ideia básica é "desatar, desamarrar,
soltar", empregado mais adiante para "anular" (Jo 10.35)
Comentário
Aquele, pois,
que violar um... É natural que ao perdurar por muito tempo um sistema religioso
ou outro, comece o seu declínio; aparecem indivíduos, talvez até mestres e
líderes religiosos, que alteram o caráter original da religião e da doutrina.
Nos tempos modernos notamos que é raro que um sistema conserve os seus
propósitos e ensinos originais por mais de cem anos. Geralmente, antes desse
tempo, já é bem avançado o processo de deterioração. Alguns pensam que Jesus se
referiu a alguém como João Batista, que não observava dias e festividades
especiais e que dava pouca importância aos cultos e reuniões no templo. Tal
pessoa seria o mínimo no reino dos céus ou no reino que Cristo estabeleceria no
mundo. Poderia ser pessoa sincera, religiosa, etc., mas simplesmente teria
perdido algo muito necessário a adoração a Deus. Dificilmente, porém, pode-se
aceitar tal ideia. Em primeiro lugar, o texto mostra que Jesus não falava da
lei cerimonial e do formalismo que emprestaram ao judaísmo seu caráter
singular. O próprio Jesus guardava essas leis. Aludia a algo mais sério e
fundamental do que o formalismo. Falava da lei moral, porque essa não sofre
modificações. Não podemos imaginar que Jesus desse tal importância à lei
cerimonial que chegasse a dizer que nem um «i» e nem um «til» jamais seriam
modificados. É difícil crer que ele não tenha antecipado até mesmo a eliminação
da lei cerimonial. Assim sendo, quando ele falou em «violar um destes
mandamentos», referia-se morais. O resto do capítulo e do sermão (caps. 7 e 8)
demonstram o fato. Referia-se às leis morais, ao juramento, à vingança, ao
amor, à justiça etc. Estavam em foco os fariseus e outros líderes oficiais dos
judeus, particularmente os mestres, rabinos e escribas do povo, que tinham por
responsabilidade ensinar a lei ao povo. Mais tarde Jesus mostrou que esses
mestres do povo não interpretavam corretamente a lei. Por exemplo, no vs. 38,
sobre «olho por olho» (que era ensino dos rabinos), disse Jesus: «Eu, porém,
vos digo, não resistais ao perverso». Ou no vs. 43, «Amarás o teu próximo, e
odiarás o teu inimigo» (que era ensino dos rabinos e escribas), mereceu de
Jesus uma reprimenda que começa com" «Eu, porém, vos digo», etc. «Mínimo
no reino». Os mestres que interpretam erroneamente e assim ensinam, levam
outros a errar por seus ensinos; esses homens serão—os menores—no reino. É
provável que Jesus fizesse alusão especial ao reino do Messias, por ele
oferecido. Nesse reino, tais mestres teriam pouca importância, em contraste com
a posição antes ocupada. Talvez a interpretação seja mais ampla do que essa,
segundo fazem alguns comentaristas, que aplicam as palavras até mesmo ao «céu»
ou ao «inferno». O apóstolo Paulo parece ensinar algo semelhante em I Cor.
3:13-15: «...manifesta se tornará a obra de cada um ... se permanecer a obra
de. alguém.... receberá galardão...se queimar,.sofrerá dano... será salvo,
todavia, como que através do fogo». Mas a interpretação principal é aquela dada
acima. «Grande». Não o «maior». Só Deus poderia fazer tal declaração. O serviço
bem feito, segundo as regras de Deus, merece o galardão dado por Deus.
Provavelmente Jesus pensou nos santos do V. T., nos profetas e em Moisés. Foram
exemplos de «grandes» indivíduos. Pregaram, mas também obedeceram aos
mandamentos de Deus.
IV. A LEI E O EVANGELHO
1. O papel da lei. Ninguém é justificado pelas obras da lei (Gl 2.16). A
função dela não é salvar, mas nos conduzir a Cristo (Gl 3.11,24). Ela veio para
revelar e condenar o pecado (Rm 3.20; 7.7). Deve o cristão anular a lei? A
resposta paulina é: "De maneira nenhuma! Antes, estabelecemos a lei"
(Rm 3.31). 0 que isso significa? Que a fé cristã não é antinomianista, do grego
anti "contra"; nomos, "lei". Isso diz respeito aos que
erroneamente pregavam que a graça dispensa a obediência. 0 apóstolo refutou tal
ideia a vida inteira (Gl 5.13).
Comentário
Paulo descreve
esta verdadeira função da lei usando uma figura ilustrativa que era amplamente
compreendida na sociedade dos seus dias: De maneira que a lei nos serviu de
aio, para nos conduzir a Cristo. O termo grego paidagogos (aio) significa
“guarda” (cf. “guardiã”, BAB), “tutor” (CH, NVI) ou “guia” e referia-se ao
“homem, na maioria das vezes escravo, cujo dever era levar e trazer da escola
um menino ou moço e superintender sua conduta em geral; ele não era um
‘professor’ (apesar do significado atual do derivado ‘pedagogo’)”. Paulo está
descrevendo como a lei põe o homem sob uma escravidão como a de uma criança
menor sob a supervisão de um criado-escravo. Nos próximos versículos, veremos
que tal supervisão não é mais necessária ao homem de fé. A observação
importante neste ponto é que a lei, trancando o homem debaixo do pecado e para
a fé, exerceu a função temporária de protegê-lo e prepará-lo para a vinda de
Cristo. Ao contrário do argumento dos oponentes de Paulo, a lei não tinha
função permanente, mas serviu apenas para que, pela fé, fôssemos justificados.
2. Jesus e Moisés estão do mesmo lado. 0 termo "lei" na língua hebraica é torá, e isso
já foi estudado na lição 1. Ali aprendemos também que esta palavra vem de um
verbo que significa "instruir, ensinar". Por essa razão, a palavra
”lei", às vezes, refere-se às Escrituras Sagradas (1 Co 14.21). Esse
parece ser o sentido aqui, pois o apóstolo Paulo estava falando do Antigo
Testamento (Rm 3.19). Porém, a possibilidade de uma aplicação ao Pentateuco não
é descartada, nesse caso, pois a frase "antes, estabelecemos a lei"
(Rm 3.31b) não significa servidão ao sistema mosaico, mas que a fé confirma a
lei, visto que o Evangelho justifica aqueles a quem a lei condena (Rm 8.4;
13.10).
Comentário
I Cor 14.21 As
línguas, como os coríntios as usavam, eram mais um sinal do julgamento de Deus
do que da misericórdia para quaisquer pessoas (v. 21): “Está escrito na lei
(isto é, no Antigo Testamento): Por gente doutras línguas e por outros lábios,
falarei a este povo; e ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor” (Is 28.11;
comparar Deuteronômio 28.46,49). Entende-se que o apóstolo se refira a essas
passagens. Ambas são entregues na forma de ameaça, e uma supõe-se que
interpreta a outra. O significado neste ponto de vista é de que é uma evidência
de que o povo está abandonado por Deus quando Ele lhes dá esse tipo de
instrução, para a disciplina através daqueles que falam outra língua. E
certamente o discurso do apóstolo sugere: “Vós não deveis estar afeiçoados aos
sinais do aborrecimento divino. Deus pode não ter recompensas graciosas para
aqueles que são deixados meramente a esse tipo de instrução, e que são
ensinados em língua que não compreendem. Eles podem nunca ser beneficiados por
ensinamentos como esse; e, quando eles forem deixados a ele, será um triste
sinal de que Deus os considera irrecuperáveis”. E os cristãos devem desejar
estar em tal estado, ou conduzir as igrejas a ele? Contudo, é o que faziam de
fato os pregadores coríntios, que sempre apresentavam suas inspirações em uma língua
desconhecida.
3. A justiça dos fariseus. Jesus não está desafiando os seus discípulos a seguirem
os escrúpulos legalistas dos escribas e fariseus quando afirma: "se a
vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis
no Reino dos céus" (Mt 5.20). Antes, ensina que a vida no Espírito requer
comunhão com Deus de maneira abundante e profunda, e assim sendo, nenhum dos
rabis a experimentou (Rm 8.8-11).
Comentário
O versículo 20 é
geralmente considerado o versículo-chave do Sermão do Monte. A justiça dos
discípulos de Cristo deve exceder a dos escribas e fariseus. Jesus estava se
referindo a uma justiça interior, moral e espiritual, em vez da justiça
exterior, cerimonial e legalista dos fariseus. “O problema com os fariseus”,
diz Martin Lloyd-Jones, “era que eles estavam interessados nos detalhes em vez
de nos princípios, que eles estavam interessados nas ações em vez de nos
motivos, e que eles estavam interessados em fazer em vez de ser”. É correto
para o cristão agradecer a Deus por não estar debaixo da Lei, mas debaixo da
graça. Mas se ele pensa que as exigências sobre ele são menores por causa
disso, não leu o Sermão do Monte de forma a compreendê-lo. Jesus declarou
enfaticamente que Ele exige uma justiça mais elevada do que a dos escribas e
fariseus. No restante do capítulo, o Senhor fornece seis exemplos concretos
daquilo que Ele quer dizer, exatamente, com isso. Ele basicamente se refere a
uma justiça de atitude interior em vez de meramente uma ação exterior. Mas isto
levanta a exigência. Deve-se não só guardar as suas ações, mas também as suas
atitudes; não só as suas palavras, mas também os seus pensamentos. A lei de
Cristo traz, para aqueles que a guardam, mais exigências do que a lei
CONCLUSÃO
Encerramos o trimestre conscientes de que Jesus não
revogou a lei, mas a cumpriu. Aprendemos também que não há discrepância entre
Jesus e Moisés e que a lei permanece até a consumação dos séculos, pois a fé
cristã não é antinomianista [O antinomianismo, termo cunhado por Martinho
Lutero, do grego ἀντί, "contra" + νόμος, "lei", é definido
como uma declaração que, sob a dispensação do evangelho da graça, a lei moral é
de nenhum uso ou obrigação, porque somente a fé é necessária para a salvação] e muitos preceitos do sistema mosaico
rea- parecem no Novo Testamento, mas adaptados à graça, pois fomos libertos da
lei (Rm 3.28; Gl 5.1).
Comentário
Porque
em verdade vos digo: até que o
céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra.” Mateus 5:18. A unidade da
Escritura assume a continuidade da Lei de Deus. A Palavra de Deus nos revela
uma ética contínua e justa: “A Escritura
não pode ser anulada” (João 10:35b). “A unidade da Escritura assume a
continuidade da Lei de Deus. A Palavra de Deus nos revela uma ética contínua e
justa: “A Escritura não pode ser
anulada” (João 10:35b). “Toda a
Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir,
para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja
perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2Tm.
3:16-17). O manual do viver santo para o cristão é “toda a Escritura”.
Toda a Escritura, não apenas o Novo Testamento, foi dada para que o cristão
pudesse ser “perfeito” e “perfeitamente instruído para toda a boa obra”.
Interessantemente, 2 Timóteo é o último livro escrito por Paulo e provavelmente
o último livro escrito no Novo Testamento (Contrário
à opinião popular, Apocalipse não foi o último livro escrito. Veja Kenneth L.
Gentry, Jr., Before Jerusalem Fell: Dating the Book of Revelation (Tyler, Tex.:
Institute for Christian Economics, 1989)). A Lei convence do pecado (1 João 3:4;
Mt.19:16-24; João 7:19; Atos 7:53; Tiago 2:9). Sem a convicção do pecado, não
haverá nenhum voltar-se para o Salvador em arrependimento para salvação. Sem o
chamado ao arrependimento não há pregação do evangelho de Jesus Cristo. Além
disso, o julgamento dos pecadores por Deus será baseado na Lei. “E então lhes
direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a
iniquidade” (Mt. 7:23; cf. 13:41; Rm. 2:12-15; Tiago 2:10-12). Os homens serão
julgados sobre a base de um padrão objetivo: a Lei de Deus. Tal julgamento
determinará o grau de castigo que a pessoa receberá no inferno (cp. Lucas
12:47; Ap. 20:12).]. “NaquEle
que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de
vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
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