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Missionário Vicente Dudman
Formatura:
Teologia - Escola Teológica das
Assembleia de Deus no Brasil
Direito - Universidade Estácio de
Sá (Câmara Cascudo) no Rio
Grande do Norte.
Inglês - University of Texas
Estados Unidos.
|
Estamos
disponibilizando pra você todo início de semana, mais um comentário sobre cada
lição da EBD. Assim fazemos, para que os irmãos possam melhor preparar sua
aula. Cada item, tem um comentário, para que o amado leitor entenda melhor os
tópicos da lição. Estudaremos esta semana a lição de nº 1 desse segundo trimestre, que tem como título: O EVANGELHO SEGUNDO LUCAS. Para
cada tópico, deixamos o nosso comentário. Fizemos cuidadosa pesquisa a respeito
dessa tão importante lição. Buscamos auxílio e Ainda recorremos a vários
mestres no assunto, para que pudéssemos aplicá-lo para o seu melhor
entendimento. Em caso de dúvidas com relação ao assunto, deixe seu
comentário, a sua dúvida, no final desta postagem, que responderemos com todo
prazer a sua pergunta. Espero que satisfaça a todos e uma boa aula.
INTRODUÇÃO
O Evangelho de Lucas é um dos livros mais belos e
fascinantes do mundo. De fato, o terceiro Evangelho se distingue pelo seu
estilo literário, pelo seu vocabulário e uso que faz do grego, considerado
pelos eruditos como o mais refinado do Novo Testamento. Mas a sua maior beleza
está em narrar a história da salvação (Lc 19-10). O autor procura mostrar,
sempre de forma bem documentada, que o plano de Deus em salvar a humanidade,
revelado através da história, cumpriu-se cabalmente em Cristo quando Ele se deu
como sacrifício expiador pelos pecadores (Jo 10.11). Deus continua sendo Senhor
da história e o advento do Messias para estabelecer o seu Reino é a prova
disso. Lucas mostra que é através do Espírito Santo, primeiramente operando no
ministério de Jesus e, posteriormente na Igreja, que esse propósito se efetiva.
Comentário
Lucas, o
médico amado, não foi um apóstolo nem tampouco foi uma testemunha ocular da
vida de Jesus, todavia deixou uma das mais belas obras literárias já escritas
sobre os feitos do Salvador e os primeiros anos da comunidade cristã. Homem
crente, cheio do Espírito do Senhor, com ampla visão da necessidade da obra,
Lucas empregou seus dons ligados à palavra escrita para proclamar o que sabia a
respeito de Jesus Cristo. Ele fora evangelista, pastor e chamado de “médico
amado”, um tratamento afetivo que lhe dispensa Paulo em Cl 4.14. Seus pais eram
de origem grega. Provavelmente converteu-se com a pregação de Paulo. Por ter
amplo vocabulário e dom da comunicação, ao escrever o terceiro Evangelho e
Atos, Lucas oferece-nos maior quantidade de informações históricas do que
qualquer outro autor do Novo Testamento. Lucas é o autor do terceiro Evangelho
e do livro de Atos (At 1.1-5). Os dois livros mostram uma similaridade de
estilo. O escritor foi um companheiro de viagem de Paulo (At 16. 10-17).
E os dois documentos são dirigidos à mesma pessoa: Teófilo. O evangelho de
Lucas foi escrito por volta do ano 60 d.C.] Convido
você para mergulharmos mais fundo nas Escrituras!
1 - O
TERCEIRO EVANGELHO
1. Autoria e data. Lucas, "o médico amado" (Cl 4.14), a quem
é atribuída a autoria do terceiro Evangelho, é citado no Novo Testamento três
vezes. Todas as citações estão nas epístolas paulinas e são usadas no contexto
do aprisionamento do apóstolo Paulo (Cl 4.14; Fm 24; 2 Tm
4.11). Embora o autor do terceiro Evangelho não se
identifique pelo nome, isso não depõe contra a autoria lucana. Desde os seus
primórdios, a Igreja Cristã atribui a Lucas a autoria do terceiro Evangelho. A
crítica contra a autoria de Lucas não tem conseguido apresentar argumentos
sólidos para demover a Igreja de sua posição. A erudição conservadora assegura
que Lucas escreveu a sua obra (aproximadamente) no início dos anos sessenta do
primeiro século da era cristã.
Comentário
O Evangelho Segundo Lucas (em grego: Τὸ κατὰ Λουκᾶν εὐαγγέλιον; transl.:
To kata Loukan euangelion) é o terceiro dos quatro evangelhos canônicos. Ele
relata a vida e o ministério de Jesus de Nazaré, detalhando a história dos
acontecimentos de Seu nascimento até Sua Ascensão. O autor é tradicionalmente
identificado como Lucas, o evangelista. Certas histórias populares, como o
Filho Pródigo e o Bom samaritano, são encontrados somente neste evangelho. A
obra tem uma ênfase especial sobre a oração, a atividade do Espírito Santo, a
alegria e o cuidado de Deus para com os pobres, as crianças e as mulheres.
Lucas apresenta Jesus como o Filho de Deus, mas volta sua atenção especialmente
para a humanidade dEle, com Sua compaixão para com os fracos, os aflitos e os
marginalizados. Com base em Lucas 1.1-4 e Atos 1.1-3, é evidente que o mesmo
autor escreveu ambos Lucas e Atos, dirigindo os dois ao "excelentíssimo
Teófilo", possivelmente um dignitário romano. A tradição desde os
primeiros dias da igreja foi que Lucas, um médico e companheiro próximo ao
Apóstolo Paulo, escreveu tanto Lucas e Atos (Colossenses 4.14; 2 Timóteo 4.11).
Isto faria de Lucas o único gentio a escrever um dos livros da Escritura. De
acordo com o prefácio do livro, o propósito de Lucas é relatar o início do
Cristianismo, enquanto procura o significado teológico da história. A erudição
cristã tradicional tem datado a composição do evangelho para o início dos anos
60 d.C., enquanto a alta crítica data para décadas mais tarde do século.
Irineu, um dos pais da Igreja, já citava o Evangelho Segundo Lucas em seus
escritos, por volta do ano 180 d.C. Alguns intérpretes argumentam a favor de
uma data entre 75 e 85 d.C., afirmando que algumas passagens de Lucas
pressupõem a destruição de Jerusalém, fato ocorrido em 70 d.C. (ex. 19.43;
21.20, 24). Mas essas passagens falam daquilo que era costumeiro quando um
exército sitiava uma cidade da época, e não se podem acrescentar novas
conclusões além daquilo que foi profetizado por Jesus. Jesus profetizou que as
políticas em vigência levariam à ruína da nação no devido tempo. Alguns poucos
críticos argumentam a favor de uma data no século II, mas parece não haver boas
razões para isso. Com as informações que dispomos a data mais razoável é no
início dos anos 60.]
2. A obra. Lucas era
historiador e médico. Ele escreveu sua obra em dois volumes (Lc 1.1-4; At
1.1,2). 0 terceiro Evangelho é a primeira parte desse trabalho e é uma
narrativa da vida e obra de Jesus, enquanto os Atos dos Apóstolos compõem a
segunda parte e narram o caminhar espiritual dos primeiros cristãos da Igreja
Primitiva.
Comentário
Muitos acreditam que o Evangelho de Lucas e os Atos dos Apóstolos
originalmente constituíam uma obra de dois volumes, compostos em grego koiné, que os estudiosos
chamam de Lucas-Atos. O Evangelho de Lucas é único por ser uma narração meticulosa -- uma
"exposição em ordem" (Lucas 1.3) compatível com a mente médica de
Lucas -- muitas vezes dando detalhes que as outras narrativas omitem. A
história de Lucas da vida do Grande Médico enfatiza o seu ministério - e
compaixão – aos gentios, samaritanos, mulheres, crianças, cobradores de impostos,
pecadores e outros considerados marginalizados em Israel. O estilo de Lucas é o mais
literário de todos eles. Graham Stanton avalia a abertura do Evangelho de Lucas
como "a frase mais refinada de todo o período pós-clássico da literatura
grega". Linguisticamente, o Evangelho de Lucas divide-se em três seções. O prefácio (1:1-4),
escrito num bom estilo clássico. O restante do capítulo 1 e o capítulo 2 têm um
sabor nitidamente hebraico. É tão marcante que certo número de estudiosos chegou à conclusão
de que aqui temos uma tradução de um original em hebraico. A partir de 3:1,
Lucas escreve num tipo de grego helenístico que relembra fortemente a
Septuaginta, versão grega do Antigo Testamento. O vocabulário é extensivo e Lucas utiliza 266
palavras (além dos nomes próprios) que não são achados noutras partes do Novo
Testamento. O estilo do Evangelho constantemente lembra a septuaginta. As
citações do Antigo Testamento de Lucas são comumente tiradas daquela versão, e
normalmente o autor emprega as formas de nomes próprios achadas ali. Às vezes a
linguagem de Lucas contém hebraísmos e, às vezes, aramaísmos. Além disso, sua
linguagem é mais semítica nalguns trechos do que noutros. Esses fatos parecem
melhor explicados como sendo a reflexão das fontes de Lucas.
3. Os destinatários originais. O doutor Lucas endereçou seu Evangelho a Teófilo,
certamente uma pessoa importante que devia ocupar uma alta posição social,
sendo citado como "excelentíssimo". Pode se dizer que além deste
ilustre destinatário, Lucas também escreveu aos gentios. O terceiro Evangelho
pode ser classificado como sendo de natureza soteriológica e carismática.
Soteriológica, porque narra o plano da salvação, e carismática porque dá amplo
destaque ao papel do Espírito Santo como capacitador do ministério de Jesus
Cristo
Comentário
Tal como Marcos (mas ao contrário de Mateus), o
público alvo é a população de gentios de língua grega, assegurando aos leitores
que o cristianismo não uma seita exclusivamente judaica, mas uma religião
mundial. O Evangelho de Lucas é especificamente endereçado a Teófilo (Lucas
1:3), cujo nome significa "aquele que ama a Deus". A maneira mais
natural de entender a expressão é que Teófilo ("θεόφιλος"
(Theóphilos), neles citado, significa "amigo de Deus", "amado
por Deus" ou "amando a Deus" em grego clássico.) é uma
pessoa de verdade e o mecenas de Lucas, provavelmente pagando os custos da
publicação do livro, sendo por isso a ele dirigido. O adjetivo
"excelentíssimo" significa que Teófilo era uma pessoa de posição.
Teófilo, no entanto, era mais que um publicador. A mensagem desse evangelho
visava à instrução não só daqueles entre os quais o livro circularia, mas
também dele próprio (Lucas 1:4). O fato do evangelho ser dirigido a Teófilo não
reduz nem limita seu propósito. O livro foi escrito para fortalecer a fé de
todos os crentes e para reagir aos ataques dos incrédulos. Foi apresentado para
substituir relatórios desconexos e infundados a respeito de Jesus. Lucas queria
demonstrar que o lugar ocupado pelo gentio convertido no reino de Deus
baseia-se nos ensinos de Jesus. Queria recomendar a pregação do evangelho ao
mundo inteiro. Texto adaptado, com alguns acréscimos, de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Evangelho_segundo_Lucas.
Não se conhece a verdadeira identidade de Teófilo e há variadas conjecturas e
tradições sobre quem poderia sê-lo: O Easton's Bible Dictionary, considerando
que Lucas se refere a Teófilo com o mesmo honorífico que Paulo se dirige a
Félix, supõe que Teófilo era uma pessoa importante, possivelmente um oficial
romano. Segundo John Wesley, o honorífico era usado para os governadores
romanos. Teófilo seria um personagem importante de Alexandria. Teófilo seria o
patrono de Lucas, a quem ele dedica o livro, segundo Matthew Henry. Albert
Barnes comenta sobre a hipótese de que Teófilo não seria o nome de uma pessoa,
mas teria o significado literal de "amigo de Deus", ou um homem
piedoso, porém rejeita esta hipótese por causa do tratamento honorífico.
Teófilo provavelmente seria um grego ou romano convertido, um amigo de Lucas,
que havia pedido um relato sobre os eventos, e havia recebido uma carta
privada, que ele mesmo publicou. http://pt.wikipedia.org/wiki/Te%C3%B3filo_(B%C3%ADblia)
II-OS
FUNDAMENTOS E HISTORICIDADE DA FÉ CRISTÃ
1. O cristianismo no seu contexto histórico. Lucas mostra com riqueza de
detalhes sob que circunstâncias históricas se deram os fatos por ele narrados.
Vejamos: "E, no ano quinze do império de Tibério César, sendo Pôncio
Pilatos governador da Judeia, e Herodes, tetrarca da Galileia, e seu irmão
Filipe, tetrarca da Itureia e da província de Traconites, e Lisânias, tetrarca
de Abilene, sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio no deserto a palavra de
Deus a João, filho de Zacarias" (Lc 3.1,2). Esses dados têm um propósito
claro: mostrar que o plano da salvação no cristianismo pode ser localizado com
precisão dentro da história. A fé cristã, portanto, não se trata de uma lenda
ou fábula engenhosamente inventada. São fatos históricos que poderiam ser
testados e provados e, dessa forma, podem ser aceitos por todos aqueles que
procuram a verdade.
Comentário
Todo cristão deve buscar na História da Igreja as origens para a defesa
de sua fé, já que o Cristianismo é uma religião histórica e apela para os fatos
da história como argumento comprobatório de sua veracidade. O ambiente
histórico em que Cristo surgiu cooperou de modo colossal para a disseminação do
evangelho. Dentro desse período três povos merecem destaque pela sua rica
contribuição: os Judeus, os Romanos e os Gregos. A longa referência cronológica
de Lucas começa com o ministério de João Batista, provavelmente cerca de 27 a
29 d.C. Diz-se que um tetrarca era um rei sem importância. Lucas cita Herodes
Agripa como tetrarca da Galiléia. É dito, ainda, de dois sumos sacerdotes, Anás
e Caifás. Os judeus tinham um só sumo sacerdote por vez. Anás tinha sido deposto
pelos romanos, que, para o seu lugar, escolheram Caifás, seu genro. Os romanos
cuidavam para que Caifás exercesse as funções oficiais, porém muitos judeus
ainda consideravam Anás o verdadeiro sumo sacerdote e sua influência era grande
por traz do genro.
2. Discipulado através dos fatos. A palavra grega katecheo, traduzida como
"informado" ou “instruído" no versículo 4, deu origem à palavra
portuguesa catequese. Esse vocábulo significa também: doutrinar, ensinar e
convencer. Nesse contexto possui o sentido de "discipular". Lucas
escreveu o seu Evangelho para formar discípulos. O discipulado, para ser
autêntico, deve fundamentar-se na veracidade dos fatos da fé cristã. Nos
primeiros versículos do seu Evangelho, Lucas revela, portanto, quais seriam as
razões da sua obra (Lucas 1.1-4). O terceiro Evangelho foi escrito para mostrar
os fundamentos das verdades nas quais os cristãos são instruídos.
Comentário
A fé cristã
está bem fundamentada. Mas, quais são exatamente os fundamentos? Isso é um
pouco mais difícil. Há uma série de maneiras de se responder a esta pergunta.
Poderíamos olhar para a história da igreja e o que o povo de Deus sempre
acreditou. Poderíamos olhar para os antigos credos e confissões da igreja.
Poderíamos olhar para os maiores temas da Bíblia (por exemplo, a aliança, o
amor, a glória, a expiação) e as passagens mais importantes (por exemplo,
Gênesis 1, Êxodo 20, Mateus 5-7, João 3, Romanos 8).
CONHEÇA MAIS
*Como o
Evangelho de Lucas
Retrata a
Cristo
“No Evangelho de Lucas, Cristo é
retratado como o Homem Perfeito e de grande empatia. A genealogia é rastreada
desde Davi e Abraão até Adão, nosso antepassado comum, apresentando-o, deste modo,
como alguém da nossa raça”. Para conhecer mais leia Introdução ao Novo
Testamento. CPAD, pág 77
III-A
UNIVERSALIDADE DA SALVAÇÃO
1. A história da salvação. A teologia cristã destaca que Lucas divide a
história da salvação em três estágios: o tempo do Antigo Testamento; o tempo de
Jesus e o tempo da Igreja. O terceiro Evangelho registra as duas primeiras
etapas e o Livro de Atos, a terceira (Lc 16.16). No contexto de Lucas a
expressão a "Lei e os Profetas" é uma referência ao Antigo
Testamento, onde é narrado o plano de Deus para o povo de Israel. A frase
"anunciado o Reino de Deus" se refere ao tempo de Jesus que, através
do Espírito Santo, realiza manifesta o Reino de Deus. O tempo da Igreja ocorre
quando o Espirito Santo, que estava sobre Jesus, é derramado sobre todos os
crentes.
Comentário
O Evangelho
de Lucas testemunha uma proposta de libertação e salvação universal, se estende
a todos e a tudo, não porque o povo judeu a recusou, mas porque está no plano
libertador e salvífico do Deus da vida favorecer toda a humanidade e toda a
biodiversidade. O plano libertador-salvífico, segundo o evangelista Lucas,
começa com o movimento de Jesus Cristo, no evangelho, e continua no livro de
Atos dos Apóstolos sob a ação do Espírito Santo prolongando-se na(s) Igreja(s)
– comunidades de fé, amor e esperança - pelo mundo afora. No plano teológico da
obra de Lucas, o tempo da promessa é o Primeiro Testamento, o tempo de Jesus é
o evangelho e o tempo da(s) Igreja(s) está em Atos dos Apóstolos. Assim Lucas
apresenta uma visão unitária de um único projeto de libertação-salvação,
querido pelo Deus da Bíblia, para o ser humano de todos os tempos e
testemunhado em sua plenitude em Jesus de Nazaré por meio do dom e da presença
do Espírito Santo nas comunidades cristãs. A cristologia de Lucas revela Jesus
como eminentemente compassivo-misericordioso (Lc 7,13; 10,33; 15,20), Salvador
de todos (Lc 2,32), curador de todas as doenças (Lc 19,5; 15,2); acolhedor dos
samaritanos (Lc 10,29-37; 17,11-19); acolhedor amoroso das mulheres (Lc 8,2-3;
23,49) e praticamente da “comunhão de mesa” com pecadores ao sentar-se à mesa e
comer junto com eles (Lc 5,29-30; 15,2; 19,7). O templo e a cidade de Jerusalém
como lugares exclusivos de salvação ou revelação são superados. O povo de
Israel, segundo Lucas, não é mais o “povo eleito” por excelência. Basta
perceber a prioridade que Lucas dá aos samaritanos e aos gentios. Lucas nos
alerta que o lugar por excelência da revelação de Deus é a pessoa de Jesus. O
Menino Jesus é reconhecido como “bendito” (Lc 1,42); na sua humanidade “visita”
o seu povo e toda a humanidade (Lc 1,68.78; 3,6). Deus, em Jesus, visita
amorosamente o povo e dá início, assim, a um tempo de salvação, paz,
reconciliação e perdão.
2. A salvação em seu aspecto universal. O aspecto universal da salvação, revelado no
terceiro Evangelho pode ser facilmente observado pelo seu amplo destaque dado
aos gentios. O próprio Lucas endereça a sua obra a um gentio, Teófilo (Lc
1.1,2). A descendência de Cristo, o Messias prometido, vai até Adão, o pai de
todos, e não apenas até Abraão, o pai dos judeus (Lc 3.23-38). Fica, portanto,
revelado que os gentios, e não somente os judeus, estão incluídos no plano
salvífico de Deus (Lc 2.32; 24.47). Destaque especial é dado para os
samaritanos (Lc 9.51-56; 10.25-37; 17.11-19). Há ainda outras particularidades
do Evangelho de Lucas que mostram o interesse de Deus por toda a humanidade,
especialmente os pobres e excluídos (Lc 19-1-10; 7.36-50, 23.39-43; 18.9-14).
Comentário
A genealogia
de Lucas difere da que está em Mt 1.2-17, começando com Adão, ao invés de
Abraão. Vemos a largura desse grande amor de DEUS na universalidade da salvação
acerca da qual Lucas escreve. A própria palavra “salvação” está ausente de Mateus
e Marcos e ocorre uma só vez em João. Lucas, no entanto, empregou soteria
quatro vezes e soterion duas vezes. Além disto, emprega o termo “Salvador” duas
vezes (e duas vezes mais em Atos), e empregou o verbo “salvar” mais
frequentemente do que qualquer outro Evangelista. Lucas nos conta que a
mensagem do anjo dizia respeito aos homens em geral, e não a Israel
especialmente (2:14). Faz a genealogia de Jesus remontar até Adão (3:38), o
progenitor da raça humana, não parando em Abraão, o pai da nação judaica
(conforme faz Mateus). Conta-nos acerca dos samaritanos, como, por exemplo,
quando os discípulos queriam invocar fogo contra eles (9:51-54), ou na bem
conhecida parábola do Bom Samaritano (10:30-37), ou na informação de que o
leproso agradecido era desta raça (17:16). Refere-se aos gentios no cântico de
Simeão (2:32) e nos conta que Jesus falou com aprovação acerca de não
israelitas tais como a viúva de Sarepta e Naamã, o sírio (4:25-27). Conta-nos
acerca da cura do escravo de um centurião (7:2-10). Registra palavras acerca de
pessoas que vem de todas as direções da bússola para assentarem-se no reino de
Deus (13:39) e da grande comissão para pregar o evangelho em todas as nações
(24:47). Sustenta-se geralmente que sua história da missão dos setenta (10:1-20)
tem relevância para os gentios. Fica claro que Lucas tinha profundo interesse
pela solicitude de Deus para com todas as pessoas. Não devemos, no entanto,
entender tudo isto como se ele quisesse dizer que todos seriam salvos. Vê a
igreja existente num mundo hostil. Distingue entre “os filhos do mundo” e “os
filhos da luz” (16.8; cf. 12.29-30, 51 ss.). O evangelho é oferecido
gratuitamente a todos os homens, mas eles têm uma responsabilidade no sentido
de se arrependerem, e serão julgados no devido tempo (Atos 17:30-31). O
julgamento não é um tema infrequente neste Evangelho (cf. 12.13ss.; 17.26ss.).
Nem devemos entender isto no sentido de depreciar a importância de Israel no
propósito de Deus. Uma das coisas fascinantes no escrito de Lucas é a maneira em
que este gentio ressalta a importância do Templo e de Jerusalém. Começa e
termina seu Evangelho com pessoas no templo em Jerusalém, em contraste com o
Evangelho “judaico” de Mateus, cuja cena de abertura ressalta o lugar dos magos
gentios e que termina com uma comissão na Galiléia no sentido de os seguidores
de Jesus irem para todo o mundo. Lucas menciona que Jesus foi apresentado no
Templo como nenê, e que o visitou como menino. Ocorre de novo como o clímax da
narrativa da tentação de Jesus, e como o lugar para o clímax da obra de Jesus
em prol dos homens. Entre estas referências, uma seção considerável do
Evangelho é ocupada com uma viagem para Jerusalém (9.51-19.45; note a ênfase em
Jerusalém como o destino, 9.51, 53; 13.22; 17.11; 18.31; 19.28; cf. 13.33-34).
Ao todo, refere-se a Jerusalém 31 vezes em contraste com 13 vezes em Mateus, 10
vezes em Marcos e 12 vezes em João. O universalismo de Lucas é real, mas não
devemos deixar que ocultasse de nós uma “qualidade judaica” muito real.
IV- A
IDENTIDADE DE JESUS. O MESSIAS ESPERADO
1. Jesus, o homem perfeito. No Evangelho de Lucas, Jesus aparece como o
"Filho de Deus" (Lc 1.35) e Filho do Homem" (Lc 5.24). São
expressões messiânicas que revelam a deidade de Jesus. A primeira expressão
mostra Jesus como verdadeiro Deus enquanto a segunda, que ocorre 25 vezes no terceiro
Evangelho, mostra-o como verdadeiro homem. Ele é o Filho do Homem, o Homem
Perfeito. Ao usar o título "Filho do Homem" para si mesmo, Jesus
evita ser confundido com o Messias político esperado pelos judeus. Como Homem
Perfeito, Jesus era obediente a seus pais. Todavia, estava consciente de sua
natureza divina (Lc 2.4-52). É como o Homem Perfeito que Jesus enfrenta, e
derrota, Satanás na tentação do deserto (Lc 4.1-13).
Comentário
O Novo
Testamento se refere a Jesus como o “Filho do Homem” 88 vezes. O que isso
significa? A Bíblia não diz que Jesus era o Filho de Deus? Então como Jesus
também poderia ser o Filho do Homem? O primeiro significado para o termo
"Filho do Homem" é usado em referência à profecia de Daniel 7:13-14:
"Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as
nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o
fizeram chegar até ele. Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os
povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio
eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído." O termo
"Filho do Homem" era um título Messiânico. Jesus é o único a quem foi
dado domínio, glória e o reino. Quando Jesus usou esse termo em referência a Si
mesmo, Ele estava atribuindo a profecia do “Filho do Homem” a Si mesmo. Os
judeus daquela época com certeza estariam bem familiarizados com o termo e a
quem se referia. Ele estava proclamando ser o Messias. O segundo significado
para o termo "Filho do Homem" é que Jesus realmente era um ser
humano. Deus chamou o profeta Ezequiel de "filho do homem" 93 vezes.
Deus estava simplesmente chamando Ezequiel de um ser humano. Um filho do homem
é um homem. Jesus era 100% Deus (João 1:1), mas Ele também era um ser humano
(João 1:14). 1 João 4:2 nos diz: "Nisto reconheceis o Espírito de Deus:
todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus." Sim,
Jesus era o Filho de Deus – Ele era Deus em Sua essência. Sim, Jesus também era
o Filho do Homem – Ele era um ser humano em Sua essência. Em resumo, a frase
"Filho do Homem" indica que Jesus é o Messias e que Ele realmente é
um ser humano.
2. O Messias
e o Espírito Santo. Lucas
revela que Jesus, o Messias, como Homem Perfeito, dependia do Espírito Santo no
desempenho do seu ministério (Lc 4.18). Isaías, o profeta messiânico, mostra a
estreita relação que o Messias manteria com o Espírito do Senhor (Is 11.1,2;
42.1). 0 Messias seria aquele sobre quem repousaria o Espírito do Senhor, tal
como profetizara Isaías e Jesus aplicara a si, na sinagoga em Nazaré (Lc
4.16-19; Is 61.1).
Comentário
Os escritores dos evangelhos, especialmente Lucas, concebiam em todo o
ministério de Jesus como estando sob o poder do Espírito Santo. Depois de
declarar que Jesus estava “cheio do Espírito Santo” e que foi levado pelo
Espírito no deserto por quarenta dias, em Lc 4.1, ele declara, em Lc 4.14, que
Jesus “retornou no poder do Espírito para a Galiléia.” Isto é seguido no
versículo seguinte, um resumo geral de suas atividades: “E ensinava nas
sinagogas, sendo glorificado por todos.” Então, como que para completar o
ensino como a relação entre o Espírito de Jesus, ele narra a visita à Nazaré e
a citação por Jesus na sinagoga das palavras de Isaías: “O Espírito do Senhor
está sobre mim”, com a descrição detalhada da sua atividade messiânica, ou
seja, a pregação aos pobres, o anúncio da liberação aos cativos, a recuperação
da vista aos cegos, e para proclamar o ano aceitável do Senhor (Is 61.1). Jesus
proclama o cumprimento desta profecia em si mesmo (Lc 4.21). Em Mt 12.18 uma
citação de Is 42.1-3 é feita em conexão com o trabalho de cura milagrosa de
Jesus. É uma passagem de rara beleza e descreve o Messias como um tranquilo e
discreto ministro das necessidades humanas, dotado de poder irresistível e
paciência infinita. Assim, os ideais do Antigo Testamento sobre as operações do
Espírito de Deus se realizam, especialmente no ministério público de Jesus. Os
termos globais da descrição tornam incontestavelmente claros em que os
escritores do Novo Testamento encaravam toda a vida pública de Jesus como sendo
dirigida pelo Espírito de Deus.
CONCLUSÃO
O terceiro Evangelho é considerado a coroa dos
Evangelhos sinóticos. Enquanto o Evangelho de Mateus enfoca a realeza do
Messias e Marcos o poder, Lucas enfatiza o amor de Deus. Lucas é o Evangelho do
Homem Perfeito; da alegria (Lc 1.28; 2.11; 19-37; 24.53); da misericórdia
(Lc1.78,79); do perdão (7.36-50; 19.1-10); da oração (Lc 6.12; 11.1; 22.39-45);
dos pobres e necessitados (Lc A.18) e do poder e da força do Espírito Santo (Lc
1.15,35; 3-22; 4.1; 4.14; 4.17-20; 10.21; 11.13; 24.49). Lucas é, portanto, o
Evangelho do crente que quer conhecer melhor o seu Senhor e ser cheio do
Espírito Santo.
Comentário
“Visto que muitos houve
que empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram,
conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram deles testemunhas
oculares e ministros da palavra, igualmente a mim me pareceu bem depois de
acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito,
excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem” (Lc 1.1-4). O Evangelho
de Lucas apresenta Jesus não somente como o Messias prometido por Deus ao povo
de Israel, mas como Salvador da Humanidade. Ele nos conta sobre os pais de
Jesus, conta também sobre o nascimento de seu primo João Batista (Lc 3.16), a
trajetória de José e Maria até Belém, lugar em que Jesus nasceu, e ficou numa
manjedoura (Lc 2. 4-7). O Evangelho de Lucas apresenta muitos fatos importantes
e lições significantes sobre Jesus Cristo. Primeiro, o Evangelho claramente
estabelece que Jesus Cristo é o Messias profetizado no Velho Testamento.
Segundo, o Evangelho prova que Jesus é o Filho de Deus, assim como Ele clama.
Terceiro, esse evangelho confirma que Jesus tem autoridade completa sobre
qualquer coisa nesse mundo, incluindo o mal (Lucas 4.12, 35, 9.38, 11.14), a
natureza (Lucas 8.22-25, 9.12-17, 5.4-11), a morte (Lucas 8.41-42, 7.11-15),
doenças (Lucas 5.12-13, 7.1-10, 4.38-35, 5.18-25, 6.6-10, 18.35-43), perdão de
pecados (Lucas 5.24, 7.48), bênçãos (Lucas 6.20-22) e a autoridade de dar vida
eterna no céu (Lucas 23.43). Jesus demonstrou o milagre de superar Sua própria
morte através da Sua ressurreição depois de ter sido crucificado na cruz romana.
O Evangelho de Lucas providencia uma narrativa de primeira mão dos eventos da
vida de Cristo, baseado nos próprios Apóstolos ou outras testemunhas. “NaquEle que me garante: "Pela graça sois
salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.