Quinta caminhada em defesa da liberdade religiosa, ocorreu na praia de Copacabana, Rio de Janeiro.
A
Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Brasil (CCIR) condenou
publicamente o
filme A Inocência dos Muçulmanos, classificando seu conteúdo de
“desrespeitoso”. A organização está realizando uma série de atividades para
reforçar a diversidade de culto no país e “repudia qualquer manifestação que
deprecie crenças e falte com o respeito ao sagrado das religiões”, segundo
comunicado oficial.
A CCIR é formada por diversas entidades, incluindo
Federação Israelita do Rio de Janeiro, Congregação Espírita Umbandista e outras
vinculadas protestantes, católicos, muçulmanos, budistas, adeptos do candomblé,
e de grupos religiosos ciganos e indígenas.
“A CCIR também destaca que não apoia atitudes
violentas e que, pela convivência com os seguidores do Islã, afirma a seriedade
e o respeito que os muçulmanos têm pela pregação do amor, da religiosidade e
dos valores que ajudam a construção de um mundo melhor”, diz a nota.
O filme em questão está gerando uma série de
manifestações pacíficas e violentas em várias partes do mundo. “É um filme
altamente ofensivo, e de maneira gratuita ofende Maomé, mostra os muçulmanos
como bárbaros e incentiva o ódio”, disse Sami Isbelle, integrante da Sociedade
de Beneficência Muçulmana do Rio de Janeiro. A Sociedade condenou também as
reações violentas geradas pelo filme, que seriam “contrárias à postura islâmica”.
A CCIR surgiu em 2008, com o objetivo de defender
grupos religiosos de matriz africana dos ataques de setores ligados a igrejas
neopentecostais. Esta semana foi realizada a 5ª Caminhada em Defesa da
Liberdade Religiosa, na Praia de Copacabana, Rio de Janeiro.
Cerca de 200 mil pessoas convocadas pela CCIR, e
pertencentes a cerca de 25 grupos religiosos, clamaram pelo “fim dos
preconceitos e atos de violência contra praticantes de diversos credos” e
aproveitaram para pedir dos candidatos à prefeitura um compromisso com a
diversidade religiosa da cidade.
“Não pode haver falta de respeito contra nenhuma
religião”, disse Maria Isabel Carvalho, adepta do candomblé. “Qualquer
manifestação ofensiva contra uma religião deve ser combatida”, destacou o
sacerdote católico Leonardo Holtz, que fez uma comparação ao que considera um
episódio “similar” aqui no Brasil.
Holtz falava de “O
Segundo Filho de Deus”, filme anunciado pelo humorista Renato Aragão,
mas que foi abandonado depois da reação negativa de grupos católicos e
evangélicos.
Ricardo Rubim, porta-voz da CCIR, disse que a
perseguição religiosa no Brasil é uma realidade. Ele afirma que a entidade
recebeu 118 denúncias de intolerância religiosa, incluído ataques a centros
espíritas, de umbanda e candomblé.
Segundo Henrique Pessoa, Delegado da Polícia Civil
do Rio de Janeiro, há motivos para que o Brasil se preocupe com a questão da
liberdade religiosa. “Vejo que o país está caminhando para um lado perigoso,
gradativamente vem perdendo a característica de um Estado Laico”, analisa. “O
número de casos de degradação de monumentos, sedes e residências de religiosos,
a proibição de manifestações, entre outros atos de discriminação aumentaram
400% desde 2008”, aponta o delegado, que é um dos grandes apoiadores da CCIR.
O representante da Comunidade Bahá’í do Brasil,
Iradj Roberto, afirmou: “É fundamental que nós vejamos a terra como um só país;
é fundamental considerar todas as religiões como uma só”.
Para a diretora da área de relações externas do
Conselho Espírita do Estado do Rio de Janeiro (CEERJ), Cristina Brito, é
preciso diferenciar a ‘religião’ e os ‘religiosos’: “Se os homens seguissem os
ensinamentos religiosos, estariam contribuindo para a abolição de toda forma de
intolerância presente no mundo”, afirmou ela durante a coletiva de imprensa que
antecedeu o evento. “O problema é que os homens interpretam os versículos
sagrados e buscam utilizá-los para benefício próprio, para atender as vaidades
do ego e não a Deus”, analisou.
Fonte: Gospel Prime
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