O
colunista de O Estado de S. Paulo José Roberto de Toledo escreveu um texto
nesta quarta-feira (17) em que avaliou que o apoio do pastor da igreja
Assembleia de Deus Vitória em Cristo Silas Malafaia prejudicou a imagem do
candidato à prefeitura de São Paulo José Serra (PSDB).
Aliado de peso do meio evangélico ao candidato
tucano, Malafaia vem proferindo seguidos ataques a Fernando Haddad do PT por
conta do kit anti-homofobia, conhecido como kit gay. Ele acusa Haddad, enquanto
ministro da Educação, de ter criado o material que serviria para “ensinar a ser
gay nas escolas”, segundo o líder religioso.
“Por ora houve um efeito ‘Malufaia’. (…) os
disparos contra o kit anti-homofobia parecem ter saído pela culatra, como
ocorreu com o apoio de Paulo Maluf (PP) a Haddad no primeiro turno”, escreveu
Toledo.
As últimas pesquisas eleitorais do Ibope apontam
queda da intenção de voto em relação a Serra justamente entre os evangélicos,
de 37% para 28%. Os números das pesquisas com relação a Haddad pouco oscilou:
de 50% para 52%. O dado mais palpável foi o crescimento do voto nulo ou
em branco nessa parcela do eleitorado: de 7% para 13%.
Segundo o pesquisador e jornalista Johnny Bernardo,
Malafaia possui uma estratégia pré-definida ao manifestar seu apoio a Serra. A
intenção do líder religioso seria consolidar sua influência no movimento
evangélico brasileiro e se apresentar como uma alternativa aos neopentecostais
como Edir Macedo e Marco Feliciano.
“A oposição ao PT e a crescente onda homossexual
tem objetivos puramente estratégicos, dado o fato de que, assim como na Igreja
Universal em relação ao comunismo, o homossexualismo apresenta-se hoje como um
dos maiores inimigos dos evangélicos – as severas críticas dirigidas por
lideranças gays às igrejas evangélicas são uns dos indicativos”, diz Bernardo
em seu artigo Silas Malafaia: salvador ou estrategista?
Campanha negativa
Segundo Toledo, umas das possíveis explicações para
o recuo na intenção de voto em Serra é que o eleitor reage mal a campanhas
negativas, “especialmente quando elas extrapolam o limite tênue entre a crítica
legítima e a manipulação”. O eleitor estaria cansado da exploração do assunto
“kit gay” e estaria se voltando contra o próprio Serra.
O colunista acredita que a campanha negativa irá
continuar e trocar o tema “kit gay” por outros temas na pauta negativa. “Serra
não precisa convencer eleitores de que ele é o melhor candidato, mas sim que
Haddad é uma alternativa pior”.
A indecisão na intenção de voto e o aumento dos
votos brancos e nulos pode levar a definição por parte dos eleitores para os
dias próximos à data da votação do segundo turno: 28 de outubro.
Fonte: Gospel+
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