Estamos disponibilizando pra você todo início de semana, mais um comentário sobre cada lição da EBD. Assim fazemos, para que os irmãos possam melhor preparar sua aula. Cada item, contém um comentário, para que o amado leitor entenda melhor os tópicos da lição. Estudaremos esta semana a lição de nº 13 desse terceiro trimestre, que tem como título: A Manifestação da Graça da Salvação. Para cada tópico, deixamos o nosso comentário. Fizemos cuidadosa pesquisa a respeito dessa tão importante lição. Buscamos auxílio e Ainda recorremos a vários mestres no assunto, para que pudéssemos aplicá-lo para o seu melhor entendimento. Em caso de dúvidas com relação ao assunto, deixe seu comentário, a sua dúvida, no final desta postagem, que responderemos com todo prazer a sua pergunta. Espero que satisfaça a todos, e tenha uma boa aula.
INTRODUÇÃO
Nesta última
lição do trimestre estudaremos a respeito da graça divina. A graça de Deus é a
mais extraordinária manifestação do seu amor para com a humanidade. Mas esta só
pode usufruir os benefícios desse recurso divino, se reconhecer o seu estado
miserável, em termos espirituais, e converter-se mediante a aceitação de Cristo
como Salvador.
Comentário
A Bíblia nos
afirma, que todos nós pecamos (Ec 7.20, Rm 3.23, 1Jo 1.8). Como resultado do
pecado, todos nós merecemos a morte (Rm 6.23) e julgamento eterno do lago de
fogo (Ap 20.12-15). Com isso em mente, todo dia que vivemos é um ato de
misericórdia de Deus. Posto que a graça traz salvação, é crucial compreender o
que a graça significa. A graça de Deus é seu favor ativo em outorgar o maior
dom aos que merecem o maior castigo. Essa graça penetrou em nossas trevas
morais e espirituais. Difere de misericórdia, embora algumas vezes as
Escrituras usem a graça como um sinônimo de misericórdia. Graça é favor
imerecido. O termo no original grego é charis, que deriva de charizomai. Esta palavra significa “mostrar favor para” e assume
a bondade do doador e a indignidade do receptor. Quando charis é usada para indicar a
atividade de Deus, significa “favor não merecido”; assim, dizemos que nós
recebemos a graça de Deus. Estamos dizendo, ao mesmo tempo, que somos indignos
dela e que não podemos trabalhar por ela. Desta maneira, definimos graça como
ela é usada no Novo Testamento, ou seja, "O eterno e absolutamente livre
favor de Deus concedido a pessoas indignas e culpadas na doação de bênçãos
espirituais e eternas".
I. A MANIFESTAÇÃO DA GRAÇA DE DEUS
1. A graça
comum. Graça
vem da palavra hebraica hessed, e do termo grego charis, cujo sentido mais
comum é o de "favor imerecido que Deus concede ao homem, por seu amor,
bondade e misericórdia". A partir dessa conceituação, podemos ver a
"graça comum", pela qual Deus dá aos homens as estações do ano, o
dia, a noite, a própria vida, ou seja, todas as coisas" (At 17.25 b).
Comentário
A Palavra Graça
Comum é um conceito teológico do protestantismo, primariamente em círculos
calvinistas ou reformados, que se refere à graça de Deus que é comum a toda a
humanidade. Ela é comum porque seus benefícios se estendem a todos os seres
humanos sem distinção. Ela é graça porque é concedida por Deus em Sua
soberania. Neste sentido, a graça comum distingue-se da concepção calvinista de
graça especial ou graça salvadora, que se estende somente aos escolhidos por
Deus para a redenção. Wayne Grudem assim explica a Graça Comum: “Podemos definir graça comum da seguinte
maneira: Graça comum é a graça de Deus pela qual Ele dá às pessoas bênçãos
inumeráveis que não são parte da salvação. A palavra comum aqui significa algo
que é dado a todos os homens e não é restrito aos crentes ou aos eleitos
somente”. Nos círculos Arminianos, o termo correto seria Graça
Preveniente, vista como sendo uma graça universal, ou graça comum. Porém, o
termo graça comum tem conotações bem diferentes, especialmente quando estudado
à luz da fé reformada (Calvinista), que expressa a idéia de que esta graça se
estende a todos os homens, em contraste com a graça particular, que
limita a uma parte da humanidade, a saber, os eleitos. A graça
preveniente é uma doutrina arminiana crucial, na qual os calvinistas também
acreditam, mas os arminianos a interpretam diferentemente. A graça preveniente
é simplesmente aquela graça de Deus que convence, chama, ilumina e capacita, e
que precede a conversão e torna o arrependimento e a fé possíveis. Os
calvinistas a interpretam como irresistível e eficaz; a pessoa em quem ela
opera irá crer e arrepender-se para salvação. Os arminianos a interpretam como
resistível; as pessoas são sempre capazes de resistir à graça de Deus, como a
Escritura chama a atenção (At 7.51). Mas sem a graça preveniente, elas
inevitavelmente e inexoravelmente resistirão à vontade de Deus por causa de sua
escravidão ao pecado.
2. A graça
salvadora. "Porque
a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens"
(2.11). Está à disposição de "todos os homens", mas só é alcançada
por aqueles que creem em Deus, e aceitam a Cristo Jesus como seu único e
suficiente Salvador. Por intermédio dela, Deus salva, justifica e adota o
pecador como filho (Jo 1.12).
Comentário
A graça
salvadora é aquela que vem sobre o homem, “morto em seus delitos e pecados” (Ef
2.1), incapaz de ter qualquer reação em relação a tudo que diz respeito a Deus
para “vivificá-lo juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)” (Ef 2.5). É a
graça que confere salvação (At 15.11; Rm 3.24; 5.15; 11.6; Tt 2.11). A graça
salvadora confere ao homem habilidades em todos os campos e esferas da vida,
capacita-o a fazer boas obras e o leva a um compromisso mais sério com Deus e o
sagrado. Muito embora, alguns, hoje em dia, têm tentado baratear a graça
salvadora de Deus, oferecendo salvação como se fosse mercadoria estendida em um
balcão, o que se percebe de bíblico e teológico nesse conceito é que a graça salvadora
de Deus é oferecida para a justificação e vem atrelada a uma mudança de
iniciativa e postura. O apóstolo Paulo escreveu que “é pela graça que sois
salvos” (Ef 2.8). Isso quer dizer que o homem nada fez e nada faz nesse
processo de salvação. Ele é paciente, o agente é Deus em sua graça. Pode-se
concluir que salvação é graça de Deus derramada na vida dos eleitos em Cristo
(Ef 1.4). Nitidamente, não se trata de uma graça dispensada a todos os homens,
mas a um grupo especial, e especial em Cristo. Paulo, em vários textos,
refere-se à igreja como eleita. Perceba que a igreja não elege, mas é eleita,
ou seja, mais uma vez depara-se com o favor imerecido de Deus – com a graça.
Mas, uma graça que não se iguala à comum, pois não é outorgada a todos os homens.
A essa graça, os teólogos chamam graça salvadora.
3. Graça
justificadora e regeneradora. A Graça de Deus é a fonte da justificação do homem (Rm 3.21-26).
Uma vez nascida de novo, a pessoa passa a ser "nova criatura" (2 Co
5.17), tomando parte na família de Deus: "Assim que já não sois
estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos e da família de
Deus" (Ef 2.19).
Comentário
Justificação
é o ato de Deus pelo qual Ele declara justo aquele que crê em Jesus Cristo. O
homem, que era culpado e condenado perante Deus, agora é absolvido e declarado
justo pelo próprio Deus (justificado), por meio de Jesus Cristo (Rm 5.1). Nos
que estão em Cristo, a justiça de Deus é manifestada (2Co 5.21) e por Ele
obtemos o perdão dos pecados (Ef 1.7). Regeneração e Adoção – regenerar
significa gerar de novo. O homem, morto em transgressões e ofensas, precisa de
uma nova vida em Cristo, sendo esta concedida pelo ato divino do novo
nascimento (Jo 1.12,13; 3.3-5). Sugere uma cena familiar. O crente é um com
Cristo, em virtude de sua morte expiatória e do Seu Espírito vivificante. Nele
somos feitos novas criaturas, com uma nova vida (2Co 5.17). O novo homem, em
Cristo, torna-se herdeiro de Deus e membro de Sua família (Rm 8.14-17).
4. Graça
santificadora. A
graça de Deus só pode ser eficaz, na vida do convertido, se ele se dispuser a
negar-se a si mesmo para ter uma vida de santidade. A falta de santificação
anula os efeitos da regeneração e da justificação. Diz a Bíblia: "Segui a
paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" (Hb
12.14).
Comentário
A salvação é
um processo que se inicia na conversão e termina na ressurreição de nossos
corpos, no dia da vinda do Senhor Jesus Cristo. Assim, a “santificação”, como
parte da salvação, está relacionada à separação da propriedade exclusiva de
Deus (que somos nós) para uma vida que O glorifique (Rm 12.1-2). Tendo paz com
Deus, e tendo recebido uma nova vida, o novo homem, dessa hora em diante,
dedica-se ao serviço de Deus. Comprado por elevado preço (1Pe 1.14-19), já não
é dono de si mesmo; não mais vive na prática do pecado, mas serve a Deus de dia
e de noite (Lc 2.37). Tal pessoa é santificada por Deus e, por sua própria
vontade, entrega-se a Ele para viver em santificação e em novidade de vida.
Somos santificados (1Co 1.2), e Ele é feito para nós santificação (1Co 1.30).
Ele é o autor da salvação eterna (Hb 12.2). O homem salvo, portanto, é aquele
cuja vida foi harmonizada com Deus, foi adotada na família divina, e agora
dedica-se a servi-Lo. Em outras palavras, sua experiência da salvação, ou seu
estado de graça, consiste em “justificação, regeneração, adoção e santificação.
Sendo justificado, ele pertence aos justos; sendo regenerado, ele é filho de
Deus; sendo santificado, ele é santo, literalmente uma pessoa santa”. A
santificação está consubstanciada na salvação formando um conjunto
integralizado, conforme vemos em Hb 12.14, assim: "Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o
Senhor".
II. A CONDUTA DO SALVO EM JESUS
1. Sujeição
às autoridades (v. 1). O cristão sincero deve obedecer aos governantes e autoridades
constituídas, desde que estes não desrespeitem a Lei de Deus. Jesus mandou dar
"a César o que é de César" e "a Deus o que é de Deus" (Mt
22.21).
Comentário
Nossa
obediência às autoridades não é servil. Deve ser positiva e crítica. Calvino
afirma que a igreja deve ser a consciência do Estado, alertando-o sempre de seu
papel. O poder das autoridades possui balizas e limites. O Estado não pode ser
absolutista, divinizado, encabrestando as consciências e violentando e
determinando o foro íntimo das pessoas. A atitude a assumir em face das
autoridades é sujeição. O termo “hypotalassesthai”
não implica de modo algum um servilismo. Trata-se de uma sujeição como convém
no Senhor. Essa sujeição visa evitar a desordem e promover a paz. Conforme o v.
5, a obediência à autoridade não tem o caráter de resignada submissão inspirada
pelo temor ou medo, seja de multa, seja de prisão. Sua obediência não é só por
medo de conseqüências. Você obedece por questão de consciência, pois aceita que
a autoridade vem de Deus e quando obedece a autoridade, obedece a Deus - Deus é
a fonte de toda autoridade e os que exercem autoridade na terra o fazem por
delegação divina. A autoridade precisa reconhecer que sua autoridade é
delegada. Quem exerce autoridade, a exerce debaixo da autoridade de Deus. Está
subalterno à autoridade de Deus. Foi constituído por Deus para governar de
conformidade com a justiça. Deus é o protótipo e o arquétipo da autoridade. É a
autoridade de Deus que se exerce, quando exercem as autoridades civis sua
autoridade a serviço do bem.
2. O
relacionamento do cristão (v. 2). Aqui, vemos quatro comportamentos éticos, exigidos dos cristãos.
Vejamos:
a) Não
infamar a ninguém. É
pecado muito grave caluniar alguém, seja na igreja, seja fora dela. É passível
de sanção judicial ou condenação na justiça humana. Muito mais, na Lei de Deus.
Normalmente, a infâmia é ditada com intenção de prejudicar o outro. O cristão
deve cultivar o fruto do Espírito da "benignidade", que é a qualidade
de quem só faz o bem (Gl 5.22).
Comentário
Segundo o
dicionário Michaelis da Língua Portuguesa, "difamar" vem do latim
"diffamare", e significa "falar mal de". Enredo, intriga,
bisbilhotice, chocarrice, desordem, balbúrdia. Difamação quer dizer também
mentira, embuste. Porque; ora fala-se de um erro na vida de uma pessoa, ora
inventa-se ou aumenta-se. Mexerico é também uma maneira covarde de se falar da
vida alheia porque ocorre na ausência daquele de quem se fala. O mexerico não
leva assinatura, não implica em responsabilidades. O difamador teme as
implicações das suas palavras porque no fundo não sabe se é verdade aquilo que
diz. Ao espalhar contendas, fomentar divisões e discórdias no meio do povo de
Deus o difamador age como instrumento do diabo, praticando abominação contra o
Senhor. Deus condena esta prática: "Quem,
Senhor, habitará no Teu tabernáculo? Quem há de morar no Teu santo monte?
...Aquele que não difama com sua língua, não faz mal ao próximo, nem lança
injúria contra o seu próximo" (Sl 15.1-3); "O que encobre o ódio tem lábios falsos, e o
que difama é um insensato" (Pv 10.18); "O homem perverso levanta a contenda , e o
difamador separa os maiores amigos" (Pv 16.28).
b) Não ser
contencioso. Contendas
nas igrejas geralmente têm resultados muito prejudiciais. Infelizmente em
algumas reuniões, até mesmo de ministros cristãos, vemos pessoas contendendo
umas com as outros, por causa de interesses políticos ou pessoais. Isso não
agrada a Deus (2 Tm 2.24).
Comentário
“Mas, se
alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem as igrejas de
Deus” (1Co 11.16). É muito comum na
vida cotidiana de uma Igreja Local a ocorrência de conflitos. Por vezes surgem
divergências entre os irmãos, ou mesmo entre a própria liderança. Em Tiago
4.1-10 lemos acerca de “Guerras e contendas”, duas palavras que denotam que
estava havendo divisões, rixas e competições dentro da Igreja de Cristo (Será
que esse era um problema só do tempo de Tiago?). Donde vem então as guerras e
contendas? - pergunta Tiago. Ele mesmo responde: “Dos vossos deleites”, ou
seja, o espírito de contenda entre os irmãos é produto da carnalidade humana,
da carne trabalhada pelo intenso desejo de prazer, de satisfação. Então Tiago
enumera uma série de atitudes erradas daqueles irmãos: - Cobiça: Desejar
melhores condições de vida não é errado. É uma legítima aspiração humana. Mas
“cobiçar” aqui não é uma aspiração legítima.É um desejo não inspirado por Deus
. - Inveja: Significa aqui “arder em ciúmes “pelas posses alheias. - Pedidos
mal feitos: Lembremo-nos das palavras de Jesus em Mt 7.7,8. Muitas vezes
pedimos e não recebemos porque pedimos mal. São os deleites, os prazeres que
nos levam a pedir mal, de forma desfocada da vontade divina. - Amor ao mundo:
Importa lembrar aqui que “mundo” não são as pessoas. “Deus amou o
mundo...”Temos um sentido moral no termo: não é possível amar a Deus e ao
conjunto de valores pervertidos que se opõe a Ele. “Infiéis” traz literalmente
o sentido de “adultério”. O cristão deu seu coração a Jesus Cristo.
Apaixonou-se por Ele. Amar o mundo é adulterar contra Cristo, é dividir o amor
que lhe foi prometido.
c) Ser
modesto. A
modéstia deve ser evidente na vida de homens e mulheres cristãos. Revela a
simplicidade exortada por Jesus, em seu evangelho: "Eis que vos envio como
ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e
símplices como as pombas" (Mt 10.16).
Comentário
Como
cristãos, nosso comportamento define o tom de como os outros nos vêem e dão
valor a nossa fé. Modéstia é o mesmo que simplicidade e temperença em todas as
coisas. Paulo convoca todo cristão a que seja “hospitaleiro, amigo do bem,
sensato, justo, consagrado, tenha domínio próprio” (Tt 1.8). E é assim que
devemos ser. Nossa vida deve ser marcada pela abstinência voluntária em meio ao
luxo extravagante. Recusamo-nos a permitir que o luxo e a ostentação penetrem
em nosso estilo de vida. Nosso uso dos recursos é sempre moderado pela
necessidade humana.
d) Mostrar
"mansidão para com todos os homens". Deve ser característica marcante, do servo de
Deus, ser "manso e humilde de coração", como Jesus ensinou (Mt
11.29). Além de não ser interessante a contenda, no meio cristão, o crente
precisa ser "manso para com todos, apto para ensinar, sofredor" (2 Tm
2.24b).
Comentário
Mt 5.5):
Esta bem-aventurança está na contra-mão dos valores do mundo – O mundo rejeita
os valores do Reino de Deus. A humanidade pensa em termos de força, de poderio
militar, bélico, econômico, político. Quanto mais agressivo, mais forte. Esse é
o pensamento do mundo. Jesus, porém, diz que não são os fortes e os arrogantes
que são felizes; nem são eles que vão herdar a terra, mas os mansos. Ser
cristão é ser totalmente diferente. Somos uma nova criatura. Temos um novo
nome, uma nova vida, uma nova mente, um novo Reino. Ser manso não é um atributo
natural. A mansidão não é apenas uma boa índole, uma pessoa educada
socialmente. Não apenas algo externo, convencional, mas uma atitude interna,
uma obra da graça no coração, fruto do Espírito. Spurgeon dizia que “ser manso
não é virtude, é graça”. Ninguém é naturalmente manso. Só aqueles que
reconhecem que nada merecem diante de Deus e choram pelos seus próprios
pecados, podem ser mansos diante de Deus e dos homens.
3. A lavagem
da renovação do Espírito Santo (v. 3). Vivíamos entregues ao pecado e longe de Deus, mas Cristo nos
salvou e nos purificou. Como novas criaturas não temos mais prazer no
pecado. Observe, a seguir, algumas características, segundo Paulo
que caracterizam o homem que vive segundo a carne:
Comentário
Segundo a
bíblia, carnal é a pessoa dirigida, governada pela carne, isto é, a natureza
pecadora herdada de Adão, a disposição interior que é inclinada para o pecado,
para o que é mal. É chamada de Velha Natureza, Velho Homem, Natureza Adâmica e
Natureza Terrena ou Natureza carnal. Todo ser humano já nasce com ela,
independente da sua escolha. No decorrer da vida, esta natureza carnal precisa
ser regenerada e a única coisa que a regenera é o novo nascimento Porque “o que é nascido da carne (o que é
humano) é carne...”. (Jo 3.6); “... aquele que não nascer de novo não pode ver
o Reino de Deus”. (Jo 3.3).
a) Insensatez. Refere-se à velha vida,
plena de loucura, imprudência, leviandade e incoerência, que leva muitos à
perdição eterna. Na parábola das dez virgens, Jesus chama a atenção para as
cinco "loucas" ou insensatas, que não se preveniram com o azeite para
esperar o noivo (Mt 25.1-13). Jesus também falou sobre o homem
"insensato", que edifica sua casa sobre a areia (Mt 7.26). O desastre
espiritual torna-se inevitável.
Comentário
Há um grupo
de homens e mulheres que está se perdendo e Jesus lhes disse: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor!
entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos
céus.” (Mt 7.21). Uma indagação desde já se coloca: O que é fazer a
vontade do Pai? É ter a comunhão, a dependência e o relacionamento com a fonte
do poder que é Cristo. E logo vem a segunda indagação: Por que você está na
Igreja à qual pertence? Por que o pastor pregou um sermão bonito? Por que sua
mãe pediu? Por que a doutrina lhe convenceu? Você está na Igreja porque os
irmãos são muito amorosos? Por que gosta do templo? Por que não gostou de outra
Igreja? Pois bem, a meu sentir, tudo isso é edificar na areia, sua casa vai
ruir. Mas se você é cristão porque se apaixonou por Cristo, porque Jesus é tudo
na sua vida e ela passou a ser uma permanente dependência de Jesus, então você
construiu sua casa na Rocha.
b) Desobediência. A desobediência foi o
primeiro pecado cometido pelo homem (Rm 5.19). E desde então é a
"mãe" de todos os pecados, cometidos, em todos os tempos (Rm 11.30),
por aqueles que são "filhos da desobediência" (Ef 2.2; 5.6; Cl 3.6).
Comentário
Todo aquele
que está sem Cristo é controlado pelo “príncipe das potestades do ar”, isto é,
Satanás. Sua mente é obscurecida por Satanás, para que não veja a verdade de
Deus (cf. 1 Co 4.3,4). Tais pessoas estão escravizadas pelo pecado e
concupiscências da carne (v. 3; Lc 4.18). A pessoa irregenerada, por causa de
sua condição espiritual não poderá compreender, nem aceitar a verdade à parte
da graça de Deus (vv.5, 8; 1 Co 1.18; Tt 2.11-14).
c) Extravio. Sem Deus, sem a salvação em
Cristo, o homem é um perdido, como ovelha sem pastor (Mt 9.36). É uma situação
difícil e por vezes desesperadora. Mas é feliz quem faz como o "filho
pródigo", que tomou a decisão sábia de retornar humilhado à casa do pai,
onde foi recebido com amor e misericórdia (Lc 15.18-24).
Comentário
A pessoa sem
Cristo é responsável pelo seu pecado, pois Deus dá a cada ser humano uma medida
de luz e graça, com a qual possa buscar a Deus e escapar da escravidão do
pecado, mediante a fé em Cristo (Jo 1.9; Rm 1.18-32; 2.1-6).
d) Servindo a "várias concupiscências e
deleites". Outra tradução fala de "paixões e
prazeres", que dominam a vida do homem sem Deus. Os deleites da carne
impedem que o homem se converta a Deus de verdade, sufocado pelos
"espinhos" da vida (Lc 8.14). As concupiscências da vida, ou os desejos
exacerbados da carne são impedimento para uma vida de santidade e fidelidade a
Jesus (1 Pe 4.3; Jd 16).
Comentário
Concupiscência
é grande desejo de bens ou gozos materiais, apetite sensual. A concupiscência é
um vício próprio da carne e se opõe à obra do Espírito Santo na vida do
cristão. O apóstolo Paulo nos exorta dizendo: “Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne, porque a
carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se
um ao outro para que não façais o que quereis” (Gl 5.16-17). É a fonte
da corrupção deste mundo - 2Pd 1.4; é coisa vil, e não poderia ser colocada no
homem por Deus - Cl 3.5; escarnece do próprio Deus 2Pd 3.3-4. Os apóstolos
predisseram que no último tempo haveria escarnecedores que andariam segundo as
suas ímpias concupiscências. “Estes
são os que causam divisões, sensuais, que não têm o Espírito” (Jd
17-19).
e) "Vivendo em malícia e inveja". Malícia é
sinônimo de maldade, perversidade, malignidade, o que não deve fazer parte da vida
cristã (Ef 4.31; Cl 3.8); a inveja é outro sentimento indigno para um cristão
sincero. A inveja é "a podridão dos ossos" (Pv 14.30).
Comentário
Malícia é a
tendência para julgar, dizer, agir com maldade; dolo, má-fé. O malicioso é
aquele que vê maldade em tudo o que acontece ou em tudo que ouve. Como ele é
uma pessoa maldosa, ele tem a tendência de achar que todos em sua volta também
o são, e por isso, faz prejulgamento das pessoas, baseado na sua própria
experiência. O problema da malícia é que ela faz com que a pessoa que a pratica
iguale a todos por baixo. A malícia é uma lente que faz a pessoa ver
sujeira/impureza em todos e em tudo. E, 1 Co 14.20 diz "Irmãos, não sejais meninos no entendimento,
mas sede meninos na malícia, e adultos no entendimento". Por que
meninos na malícia? - Porque as crianças confiam nas pessoas, não as vê como
inimigas ou como perigosas. A criança é naturalmente ingênua, pura, sincera. é
assim que todo aquele que é nascido de novo, pela Palavra deve ser e de se
comportar. Inveja é o sentimento que faz a pessoa desejar o que a outra tem
(pode ser tanto bens materiais ou mesmo qualidades inerentes ao ser). Mas, o
problema é que o invejoso não deseja ter uma coisa semelhante à que a outra
pessoa tem, mas ter exatamente a mesma coisa, ou, não sendo lhe sendo possível
ter a mesma coisa, o invejoso deseja que o bem da outra pessoa lhe seja tirado.
O invejoso não suporta saber que tem alguém no grupo que ele frequenta melhor
ou maior que ele. Numa outra perspectiva, a inveja também pode ser definida
como uma vontade frustrada de possuir os atributos ou qualidades de um outro
ser, pois aquele que deseja tais virtudes é incapaz de alcançá-la, seja pela
incompetência e limitação física, seja pela intelectual.
f) Odiosos, odiando "uns aos
outros". A "lavagem da regeneração do Espírito
Santo" nos faz "justificados pela sua graça" e herdeiros da vida
eterna (3.4-7). João adverte-nos ao dizer que "qualquer que aborrece a seu
irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem permanente nele a vida eterna"
(1 Jo 3.15). No Antigo Testamento, só era homicida quem matasse alguém com
algum tipo de objeto perigoso. No evangelho da graça de Deus, é homicida quem,
no coração, odeia o seu irmão.
Comentário
Este texto
responde ao que foi escrito no texto anterior em que o autor descreve sobre a
necessidade de servos mansos no tratamento para com os outros. Se hoje nós
somos pessoas que se esforçam para vivermos uma vida mais justa, não podemos
nos esquecer de que antes de nos convertermos ao evangelho de Cristo, vivíamos
como os incrédulos vivem no mundo. De forma que eu não posso condenar os
outros, por aquilo que eu fazia quando ainda estava na mesma situação do meu
próximo. Deve haver compreensão nisto. Essas são características próprias
daqueles que ainda não se converteram pelo poder do evangelho de Cristo. O
homem natural é dominado pela malícia, se deixa levar pela inveja para com o
seu semelhante e o seu coração tem facilidade de ser infectado pelo ódio e pela
raiva. Antes de sermos transformados em uma nova criatura pela influencia do
evangelho das boas novas, o que prevalecia em nossos corações era o ódio por
aqueles que de alguma maneira nos faziam oposição ou nos contrariasse. Quem não
tem Deus em sua vida, só pensa em prejudicar o seu próximo.
III. AS BOAS OBRAS E O TRATO COM OS HEREGES
1. A prática das boas obras (v. 8). Praticar
boas obras faz parte do dia a dia do servo ou da serva de Deus. "Porque
somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus
preparou para que andássemos nelas" (Ef 2.10). Quem está em Cristo tem
prazer em praticar aquilo que é bom e agradável ao seu próximo e a Deus.
Comentário
Praticar
boas obras faz parte da nossa criação em Cristo, fomos criados para viver
com Deus e manifestar sua presença na face da terra. Não são elas que nos
justificam ou dão acesso à salvação. Pelo contrário, são conseqüência da vida
de Cristo em nós. São fruto de alguém que já recebeu uma nova natureza e produz
um novo fruto. Nosso Senhor testificou que as boas obras do mundo são más.
"O mundo não vos pode aborrecer,
mas ele aborrece a mim, porquanto dele testifico que as suas obras são más",
(Jo 7.7). Ele também testificou em relação aos fariseus, que em todas as obras
que faziam eram só para serem louvados pelos homens. "E fazem todas as obras a fim de serem vistos
pelos homens; pois trazem largas filacterios, e alargam as franjas dos seus
vestidos" (Mt 23.5). Lemos ainda sobre as obras mortas, as obras da
carne e as obras de Satanás. Por isto precisamos fazer uma distinção ao
tratarmos sobre o assunto de boas obras. As Escrituras tornam bem claro que
ninguém, a não ser os salvos, podem fazer isto. "Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras"
(Ef 2.10). "Portanto os que estão
na carne não podem agradar a Deus" (Rm 8.8). As boas obras são o
fruto do Espírito, e ninguém, a não ser os salvos, tem o Espírito. As boas
obras são o resultado e não a causa da salvação. A ordem divina é salvação,
depois o serviço. Somos salvos para servir a Deus e aos outros. Em cada campo,
exceto na mecânica, é preciso que haja vida antes da atividade. Cada homem, por
natureza, está morto em pecados e alienado de Deus. A crença que o pecador pode
trabalhar para ganhar a salvação é uma das piores heresias. "Não pelas obras de justiça que houvéssemos
feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e
da renovação do Espírito Santo" (Tt 3.5).
2. Como tratar com os hereges (v. 10). Paulo
ensina que devemos evitar os falsos mestres, não nos envolvendo em suas
discussões tolas. Muitas vezes acabamos discutindo e dando uma atenção
demasiada aos ensinos que são contrários a Palavra de Deus.
Comentário
Temos de
lidar com escarnecedores com sabedoria (Pv 26:4-5). Não devemos imitar os modos
de um tolo por nos envolver em discussões intermináveis; mas devemos responder
brevemente [com profundidade mas brevemente, e uma única vez] aos argumentos do
tolo, para que ele não saia por ai pensando que não há respostas e, assim,
considerar-se um sábio, em sua própria presunção. É difícil lidar com as
pessoas que estão no laço do diabo. Elas, muitas vezes, zombam da verdade e são
arrogantes e orgulhosas em relação àqueles que a pregam, e somos tentados a
responder na mesma moeda. Mas, se você os tratar de forma semelhante a como
eles nos tratam, nós só vamos incitar mais ódio neles (Pv 15.1). Veja como
Policarpo, discípulo dos apóstolos tratava um herege: “O próprio Policarpo,
quando Marcião, um dia, se lhe avizinhou e lhe dizia: “Prazer em conhecê-lo”,
respondeu: “Eu te conheço como o primogênito de Satã”; tanta era a prudência
dos apóstolos e dos seus discípulos, que recusavam comunicar, ainda que só com
a palavra, com alguém que deturpasse a verdade, em conformidade com o que Paulo
diz: “Foge do homem herege depois da primeira e da segunda correção, sabendo
que está pervertido e é condenado pelo seu próprio juízo” (Tt.3.10-11).
CONCLUSÃO
A graça de Deus é a fonte da salvação do homem. É
favor jamais merecido por qualquer pessoa, e manifesta o seu amor e sua
benignidade para com o pecador. Essa graça é manifestada "a todos os
homens", mas só é eficaz, na vida de quem aceita a Cristo como Salvador
pessoal.
Comentário
A Graça de
Deus é um favor da parte Dele, já que não somos
merecedores de nada e é a fonte da provisão de Deus para as nossas vidas.
Através dela Ele se revela em amor, tendo sempre um comportamento justo e pelo
meio da nossa fé se comunica conosco. A graça é a única base de nossa
aceitação. “Para louvor da glória de
sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado”. (Ef 1.6).
Por conseguinte, qualquer ensino que ofereça fórmulas ou técnicas para obter a
aceitação de Deus, que não seja pela graça somente, é falso. O perdão de
pecados, a redenção por meio do sangue de Cristo, a sabedoria e o entendimento
e todas as bênçãos espirituais são concedidos somente pela graça (Ef 1.1-5).
“NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto
não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.
Missionário
Vicente Dudman
Natal-RN
Setembro de
2015
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