Cabrini
descreveu Feliciano como um “defensor orgulhoso de ideias conservadoras” e conseguiu
arrancar momentos de emoção do pastor e deputado, além de fazê-lo expor seu
pensamento sobre as circunstâncias turbulentas que marcaram sua passagem pela
presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM).
Questionado
sobre seu polêmico início de ministério e suas frases contundentes, Feliciano
negou que tenha dito que católicos são adoradores de satanás: “Atribuíram a
mim, mas eu não lembro de ter dito isso. Tudo o que foi feito comigo –
inclusive essas coisas polêmicas – tem mais de 22, 23 anos, quando o mundo era
outro. Há 20 anos atrás, o padre ia ao púlpito falar que os evangélicos
adoravam o diabo… Eu me lembro que eu falava contra o catolicismo, porque eu
fui católico e deixei o catolicismo”, disse.
O pastor
ressaltou que o contexto era outro, marcado por disputas, e que hoje, existe
uma aliança entre as duas vertentes do cristianismo: “Havia uma divergência,
havia uma briga natural. Só que o tempo passou, hoje os católicos e nós
evangélicos estamos unidos nessa luta pela conservação da família”, pontuou.
Confira as
principais declarações de Feliciano sobre os temas que Roberto Cabrini o
abordou:
Acusação
de homofobia
“É difícil.
Ver a minha mãezinha, dona Lúcia, uma mulher que mal sabe ler e escrever, andar
na rua e ver as pessoas dizerem para ela ‘nossa, seu filho é um monstro’, e
ela, que não sabe ler e escrever, falar para as pessoas que o filho dela não é
aquilo, que ela educou o filho para ser uma pessoa boa. Eu nunca promovi o
ódio, nunca xinguei ninguém, bati em ninguém, nunca falei palavrão contra
ninguém”.
Casamento
gay
“Eu não sou a
favor da união civil de duas pessoas [do mesmo sexo]. Porque a união civil vai
dar o direito de adotar crianças, e a adoção das crianças, para mim, fere as
próprias crianças. A Constituição, no artigo 226, é clara, diz que casamento é
entre homem e mulher. A Constituição não foi alterada. Não é uma discriminação.
O constituinte, da década de 1980, compreendeu assim”.
Episódio
do avião
“Queriam que
eu reagisse. Me chamaram de gay enrustido. Eu deveria ter falado… Não falei
porque é do meu temperamento. Quer dizer que eles podem chamar uma pessoa de
gay. Uma pessoa que não é, se chamar eles de gays, vai presa. São coisas que
não dá para entender”.
Clodovil
e Jean Wyllys
“Não tive
oportunidade de conviver com o Clodovil [na Câmara dos Deputados], mas eu tive
acesso aos vídeos, discursos, projetos de Clodovil. São água e vinho. Os dois
são gays. Qual a diferença? Jean Wyllys é um ativista. Clodovil era um ser
humano. Quando questionaram Clodovil sobre o casamento gay, ele disse: ‘Não
preciso de casamento gay’”.
Direitos
Humanos
“O Brasil
precisa entender que os Direitos Humanos têm que ser para todos, que existe uma
falácia sobre esse número de violência exacerbado contra os homossexuais.
Existem violência sim. Eu assisti um programa seu que você falou sobre isso. Eu
fiquei transtornado quando vi aqueles meninos dizerem que ‘gays têm que morrer’.
Não existe isso. Violência tem que ser extirpada do nosso país. [Quem prega
violência contra homossexuais] são criminosos, têm que estar atrás das grades
de verdade. Cabrini, eu vou além: nenhum animal irracional deve sofrer qualquer
tipo de violência, imagine um ser humano, que é a imagem e semelhança do
Criador”.
Família
“Família é o
porto seguro do ser humano. Eu sempre fui família, e senti ausência de boa
parte da minha, porque fui criado com a minha mãe, não tive pai. Mas criado em
um ambiente com 12 pessoas, todos parentes, moravam juntos. Eu sei a
importância de a família permanecer junta. E mesmo faltando a comida à mesa, se
você tem a família junto, você tem força para produzir, para correr atrás dos
sonhos. A família para mim, é tudo. A Bíblia começa com a formação de uma
família no Gênesis, e termina em Apocalipse com um casamento, entre Cristo e a
Igreja”.
Assista à
íntegra da entrevista do pastor Marco Feliciano (PSC-SP) ao Conexão Repórter em:
Parte
1
parte 2
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