Estamos disponibilizando
pra você todo início de semana, mais um comentário sobre cada lição da EBD.
Assim fazemos, para que os irmãos possam melhor preparar sua aula. Cada item,
tem um comentário, para que o amado leitor entenda melhor os tópicos da lição.
Estudaremos esta semana a lição de nº 5 desse segundo trimestre, que tem como
título: JESUS ESCOLHE SEUS DISCÍPULOS. Para cada tópico,
deixamos o nosso comentário. Fizemos cuidadosa pesquisa a respeito dessa tão
importante lição. Buscamos auxílio e Ainda recorremos a vários mestres no
assunto, para que pudéssemos aplicá-lo para o seu melhor entendimento. Em
caso de dúvidas com relação ao assunto, deixe seu comentário, a sua dúvida, no
final desta postagem, que responderemos com todo prazer a sua pergunta. Espero
que satisfaça a todos e uma boa aula.
Introdução
Ao longo dos séculos, em muitos lugares, as
mulheres foram tratadas como objetos e estiveram à margem da sociedade. As
mulheres ainda são, em algumas culturas, consideradas seres inferiores e por
isso são discriminadas. Na cultura oriental, a qual pertenceu Jesus de Nazaré,
era assim também que se enxergava as mulheres.
Um dos fatos que fica logo patente no Evangelho de
Lucas é o tratamento que Jesus dispensou às mulheres. Essas mulheres
esquecidas, discriminadas e maltratadas encontraram no Mestre a manifestação do
amor de Deus. A forma que elas encontraram para retribuir foi segui-lo e
servi-lo com seus bens. Um exemplo a todos aqueles que querem também agradar a
Deus.
Comentário
No tempo de Jesus na terra, a mulher era tão somente uma propriedade do
seu marido. Ele possuía servos, propriedades e a mulher. Ela era considerada
pecadora e mentirosa por natureza. Seu testemunho em um julgamento era
considerado de pouco valor. Ela devia ao esposo total lealdade, mas, por
princípio, era considerada como naturalmente infiel, desvirtuada e falsa. Por
esta razão, sua palavra diante de um juiz não tinha praticamente valor algum.
Embora ela fosse obrigada a ser fiel ao matrimônio, o marido não tinha os
mesmos deveres matrimoniais. Além de tudo, ele podia rejeitá-la por qualquer
motivo, mesmo que, legalmente, não pudesse negociá-la como qualquer outra
propriedade. Dificilmente a esposa poderia, por iniciativa própria, se desligar
do casamento. Uma mulher envolta em laços conjugais não podia jamais ser
contemplada por outro homem, ou por ele ser abordada, mesmo que fosse para uma
simples saudação. No interior da sociedade judaica, ela ocupava uma posição bem
inferior à do homem. Até na esfera espiritual a mulher era considerada
desigual, e para ela estava reservado um local à parte no templo, assim como
era obrigada a caminhar, na rua, distante dos homens. Legalmente ela era
proibida de tudo e estava constantemente submetida a todas as punições civis e
penais imagináveis, sujeita até mesmo à pena capital. Também nos momentos das
refeições a mulher era isolada, pois ela não podia se alimentar ao lado dos
homens. Assim, ela permanecia em pé, pronta para ajudar o marido a qualquer
instante. Normalmente as mulheres viviam reclusas em suas residências e as
janelas, quase sempre, eram construídas com grades para que elas não pudessem
ter seus rostos vislumbrados pelos passantes nas ruas. Se um homem tentasse se
dirigir a uma mulher, cometia um pecado muito sério. Por esta breve visão já é
possível perceber o quanto Jesus, em sua época, revolucionou o tratamento
oferecido pelos homens às mulheres. Um dos episódios mais chocantes do
Evangelho é justamente aquele no qual Ele se dirige à mulher samaritana. Este
povo era aguerrido adversário dos hebreus, desde a cisão entre as tribos de
Israel. Assim, ao se revelar claramente como o Messias para alguém desta
comunidade, especialmente a uma mulher, Ele deixou tanto samaritanos quanto
judeus perplexos. Além disso, Jesus mantinha, entre seus discípulos e
seguidores, diversas mulheres, entre elas, Maria Madalena, vista com
preconceito pelos judeus, que a consideravam uma traidora de seus princípios,
como uma prostituta. Não bastando isso, Ele curava indistintamente homens e
mulheres, e procurava integrar socialmente aquelas que tinham sido excluídas.
Ele até mesmo perdoou a mulher adúltera, a qual os judeus costumavam apedrejar
até a morte. E foi justamente uma mulher que testemunhou sua Ressurreição,
embora até os discípulos mais fiéis de Jesus encarassem suas palavras,
inicialmente, com desvelado ceticismo. Na época, mesmo a mulher não sendo
infiel ao esposo, se este fosse dominado pelo espírito do ciúme, como está
descrito na lei mosaica, sob o título de ‘A Oferta do Ciúme’, ele poderia
levá-la diante do sacerdote, mesmo sem nenhum testemunho ou flagrante, e
realizaria então esta oferta ritual. Desta forma, ela ficaria para sempre
marcada e amaldiçoada diante da sociedade judaica.
I - JESUS, O JUDAÍSMO E AS MULHERES
1. A presença feminina no ministério de Jesus. O
Novo Testamento dá amplo destaque à presença feminina no ministério de Jesus. O
terceiro Evangelho põe essa realidade em relevo. A lista é extensa: Maria, mãe
de Jesus; Isabel, mãe de João, o Batista; Ana, a profetisa; a viúva de Naim; a
pecadora na casa de Simão; Marta e Maria de Betânia; Maria Madalena; a sogra de
Pedro; a mulher do fluxo de sangue; a mulher encurvada; Joana, a mulher de
Cuza, e Suzana. Algumas dessas mulheres foram curadas, outras libertas de
demônios e ainda outras tornaram-se seguidoras de Jesus juntamente com os
Doze.
Comentário
É bom lembrar nesse comentário, que as mulheres não só participaram,
como protagonizaram boa parte dos momentos cruciais da vida de Cristo. Da
concepção à crucificação, enquanto homens traíam ou fingiam não conhecer o
Messias, elas não se acovardaram diante das dificuldades. Encontramos Maria a
mãe de Jesus e as outras mulheres, as discípulas que permaneceram com Jesus ao
pé da Cruz. Jesus interfere na ordem da sociedade patriarcal, desperta a
potencialidade da mulher, a chama para serem também suas discípulas e isto
aconteceu. Jesus tem outra visão sobre a mulher do seu tempo. Ele altera o
relacionamento homem - mulher. Numa sociedade que dava privilégios ao homem Ele
procura tirar estes privilégios. Um exemplo podemos citar em Mt 19,7-12, que
trata a questão do divórcio. Jesus apresenta outra atitude em relação ao Homem e
Mulher, para ele deve existir igualdade entre ambos, nem mais e nem menos. Nos
evangelhos encontramos muitas mulheres que seguiam Jesus desde a Galiléia, e
tornaram-se suas discípulas (Mc 15,41; Lc 8,1-13; Lc 8,43-49). Para Jesus não
havia distinção no revelar os seus segredos, ele falava tanto para os homens e
mulheres que o seguiam e aceitavam a sua proposta. 1.1. - Maria de Nazaré, Mãe
de Jesus. Nenhum outro ser foi mais íntimo de Jesus na terra do que sua mãe,
Maria. Todos os Evangelhos e o Livro de Atos falam sobre ela como uma mulher
preparada de modo especial para participar da vida de seu Filho na terra. Maria
não foi apenas a mulher que Deus escolheu, por sua soberana vontade, para dar à
luz o Cristo Menino, mas foi também uma humilde e devotada seguidora do
Messias.
1.2. - Isabel, mãe de João Batista é descrita por Lucas como uma mulher
íntegra e obediente (Lc 1.6). Sendo filha e esposa de sacerdote (v.5) ela vivia
uma vida justa, muito embora carregasse uma tristeza secreta por não ter
filhos. Isabel foi a primeira pessoa a reconhecer que Maria de Nazaré era a mãe
do Messias. Isabel se destaca como mentora extraordinária por sua interação com
a jovem Maria. Isabel podia ter enfrentado a velhice com sentimento de fracasso
e fé esmorecida, mas seu espírito vibrante faz com que nos lembremos que Deus
zela por todas as mulheres com cuidado e amor. Isabel confiou em Deus, e ele a
recompensou, Isabel se mostrou disponível para aconselhar Maria liberalmente e,
com certeza, instruiu seu filho nos caminhos do Senhor por meio de seu exemplo
de fé.
1.3. - Ana, a profetisa; tinha 84 anos e era viúva havia muitos anos.
Ana fazia parte do corpo de obreiros que residia no templo de Jerusalém e se
dedicava continuamente ao serviço. O texto não indica por que ela é chamada de
“profetisa”. Seu marido, cujo nome não é mencionado, pode ter sido profeta, ou
talvez ela mesma tenha se dedicado a louvar e a dar testemunho ou até mesmo a
prever acontecimentos futuros sob a inspiração divina. Ana era uma mulher por
meio de quem Deus falava. O modo como Lucas descreve Ana ajuda o leitor a
compreender o respeito e a veneração que ela inspirava. Uma vida inteira de
orações e jejuns tornou suas observações dignas de serem registradas. Ela,
reconhecida profetiza, confirmou o dom divino da redenção, e suas palavras
alcançavam a todos os que esperavam a salvação (Lc 2. 38). Ana é modelo para
nós, pois devemos viver como Ana viveu “no presente século” sensata, justa e
piedosamente, aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do
nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus” (Tt 2, 12, 13).
1.4. - A Viúva de Naim: - Essa mulher, cujo nome não é
mencionado, aparece unicamente no Evangelho de Lucas, numa das muitas
referências bíblicas às viúvas. – Nenhuma família acompanhou a mulher
solitária, que estava enterrado seu único filho. Enquanto a multidão observava,
Jesus aproximou-se do esquife, ignorando as formalidades e a cerimônia e até se
contaminando no contato com um corpo morto.
1.5. - Joana: - Nome que significa “Presente de Javé”, era mulher de
Cuza, procurador de Herodes Antipas. Sem dúvida, ele dava a Joana bela casa e
todos os luxos daquela época. A vida era difícil para as mulheres que serviam a
Jesus e seus discípulos, mas Joana juntou-se a elas, ofertando, altruisticamente,
não apenas o seu tempo e energia, mas também os recursos de que podia dispor
para apoiar a obra do Senhor. Joana foi para o túmulo de Jesus na manhã de
domingo, após a crucificação. Ela é citada como uma das mulheres que anunciaram
a ressurreição de Jesus aos doze discípulos.
1.6. - Suzana – Suzana “lírio”, e ela foi uma das muitas mulheres que
acompanharam Jesus em seu ministério, de cidade em cidade, assim como Maria
Madalena e Joana, Suzana foi curada por Jesus de uma enfermidade debilitante ou
de possessão demoníaca. Depois disso, tornou-se líder entre as mulheres que
serviam e davam apoio financeiro a Jesus e seus discípulos. Jesus amava e
respeitava esse grupo de mulheres dedicadas. Ele as valorizava e, obviamente,
apreciava sua dedicação generosa e desinteressada. As atitudes de Jesus
em relação às mulheres expressavam, frequentemente, sua satisfação pelas
habilidades que Deus lhes deu. Além disso, ele ensinava às mulheres da mesma
forma que aos homens. Lucas registra as palavras de dois homens que falaram com
as mulheres no túmulo vazio, lembrando-lhes as palavras que Jesus tinha dito a
respeito de sua crucificação e ressurreição, quando ainda estavam na
Galiléia. (Lc 24. 8). Jesus queria que as mulheres estivessem envolvidas
na obra de Deus e, durante o breve período de seu ministério, lançou o firme
fundamento sobre o qual as mulheres têm edificado fielmente nos últimos dois
milênios.
1.7. – Marta – Jesus visitava, com frequência, a casa de Marta.
Aparentemente, ela era solteira, não se sabe se por escolha própria ou não, e
morava com os irmãos Maria e Lázaro. O comentário de João mostra que
Jesus tinha profundos laços de amizade com essa família de Betânia (Jo 11. 5).
1.8. - Maria de Betânia – Maria, de Betânia, é um modelo para
todos os discípulos dedicados a Cristo. Aparentemente, ela era solteira e vivia
com sua irmã, Marta, e seu irmão, Lázaro. A casa deles era um lugar onde Jesus
descansava entre amigos, os quais, talvez, fossem da mesma faixa etária que
ele. Maria, mais do que qualquer outra personagem do Novo Testamento, é
associada com o sentar-se aos pés de Jesus, um testemunho de sua fome de ouvir
e compreender as verdades espirituais (Lc 10. 39; Jo 11. 32; 12. 3). Ela,
porém, não se limitou a apenas ouvir os ensinamentos de Jesus, mas também o
servir, ungindo-o com óleo precioso para demonstrar que seu desejo não era
apenas obter, mas também atender necessidades práticas.
1.9. – Maria Madalena. - Maria vivia em Magdala, importante
centro agrícola, pesqueiro e comercial, localizada ao sul da planície de
Genesaré, nas praias do mar da Galiléia. Sofrendo de possessão demoníaca, Maria
encontrou Jesus face a face, e isso mudou a vida dela. Jesus expeliu os sete
espíritos demoníacos que controlavam e perturbavam a vida de Maria Madalena.
(Mc 16. 9). Após a cura, Maria se tornou uma devotada seguidora de Cristo. De
fidelidade inabalável, ela foi contada entre o pequeno grupo de mulheres que
servia a Jesus e a seus discípulos com seus próprios recursos, enquanto eles
pregavam e ministravam às multidões. Maria tornou-se importante líder entre as
mulheres que ministravam. As Escrituras mencionam o seu nome 14 vezes. Ela se
mostrou uma seguidora que dedicou seu tempo, energia e recursos financeiros à
obra do Senhor, seguindo-o, fielmente, durante todo o seu ministério. Maria
permaneceu ao lado de Jesus até o momento da cruz e assistiu à sua morte
dolorosa. Maria permaneceu fiel a Jesus muito depois dos outros já terem
perdido a esperança. De madrugada, depois de terminado o sábado dos judeus, ela
saiu furtivamente, encoberta pela escuridão, antes do nascer do sol, e foi até
o sepulcro. Em seus braços, carregava as especiarias para preparar o corpo do
Senhor para o sepultamento. A fidelidade de Maria foi plenamente recompensada
pelo Senhor, pois, ao chegar ao sepulcro, a pesada pedra que selara a entrada
quadrada de um metro de lado havia sido removida. Maria descobriu, horrorizada,
que o túmulo estava vazio, mas sua dor transformou-se em alegria quando ela se
viu novamente face a face com jesus: O Senhor ressurreto. Em sua inimaginável
graça, Deus escolheu uma mulher fiel, Maria de Magdala, para proclamar aos
discípulos e ao mundo as gloriosas notícias transformadoras de que Jesus Cristo
havia ressuscitado. Maria Madalena personifica as muitas mulheres por
quem Cristo demonstrou sua profunda misericórdia e seu perdão.
1.10. – A Sogra de Pedro – Todos os Evangelhos Sinóticos incluem o
registro da história da cura da sogra de Pedro por Jesus. O significo dessa
história é duplo: primeiro, a restauração imediata da saúde; segundo, sua
natureza simbólica. Mateus usa esse acontecimento para enfatizar a soberania de
Cristo; Marcos para ilustrar seu espírito de servo; Lucas para demonstrar sua
compaixão humana. A cura também chamou a atenção para a piedade de Jesus por
sua própria raça. Ele demonstrou seu poder a uma mãe judia, símbolo de seu
profundo desejo de que sua própria nação reafirmasse sua aliança com Deus. É
mais um toque do indescritível amor de Deus. A mulher retribuiu com seu serviço
a Jesus, um exemplo clássico para toda mulher que se sente tocada por ele.
O Evangelista Lucas diz: “e muitas outras, as quais lhe prestavam
assistência com os seus bens”. Lc 8. 3b).
2. Jesus valorizou as mulheres. Causa admiração quando fazemos um contraste entre
o tratamento dado às mulheres no Novo Testamento e aquele que era praticado no
judaísmo do tempo de Jesus. No judaísmo do primeiro século, a mulher não
participava da vida pública. Nem mesmo lhe era permitido aparecer em público
descoberta, sendo dessa forma impossível ver a sua fisionomia. Não tinha voz
nem rosto. A mulher era, portanto, tida como objeto, uma coisa que poderia ser
usada e descartada. Ao contrário de tudo isso, Jesus não tratou as mulheres
como coisa ou objeto. Ele as tratou como gente! Jesus mostrou que a mulher era
um ser especial para Deus e fez com que elas se sentissem assim. Não são poucas
as passagens do Novo Testamento que dão destaque às mulheres, e o Evangelho de
Lucas não foge a essa regra (Lc 1.13,42; 7.48; 8.2,43; 13.12; 16.18; 23.27). [Comentário: É
importante observar que, enquanto Sócrates, Aristóteles, Demóstenes, os rabinos
e os homens da comunidade de Qumran tinham as mulheres em baixa estima, Jesus,
em harmonia com o ensino do Antigo Testamento, lhes designava um lugar de elevada
honra. Além disso, é especialmente no Evangelho de Lucas que se enfatiza a
ternura e a profunda consideração de Jesus pelas mulheres. A primeira a ser
mencionada aqui entre as mulheres é Maria chamada Madalena', ou seja, Maria de
Magdala (que significa A Torre), localizada na costa ocidental do Mar da
Galiléia e ao sul de Cafarnaum. Ela aparece de forma destacada nos quatro
relatos da Paixão. Ela foi uma das mulheres que mais tarde: (a) presenciaram a
crucificação (Mt 27.55, 56; Me 15.40; Jo 19.25); (b) viram onde o corpo de
Jesus foi colocado (Mt 27.61; Me 15.47; Lc 23.55); e (c) saíram no raiar do
domingo para ungir o corpo do Senhor (Mt 28.1; Me 16.1; Lc 24.10). Além disso,
ela iria ser a primeira pessoa a quem o Cristo Redivivo apareceria (Jó 20.1-18;
veja também o disputado final de Marcos, 16.9). Um comportamento físico ou
mental, estranho ou lamentável, com frequência se associa à possessão
demoníaca, podendo também ser caso de prostituição, lesbianismo,
homossexualismo ou adultério. (Lc 4.33, 34; 8.27-29; 9.37-43. Quanto a Joana,
esposa de Cuza, o mordomo da casa de Herodes, ela estava também entre as
mulheres que iriam ouvir as boas-novas: “Ele não está aqui, mas ressuscitou”
(Lc 24.6, 10). A importância da referência que Lucas faz a ela já realçada.
Lucas foi o único a fazer referência a ela (8.3; 24.10). Acerca de Susana,
mencionada somente aqui em Lucas 8.3, nada mais se sabe. Entretanto, seu nome
jamais deveria ser esquecido. Seus atos de bondade para com o Senhor e seus
discípulos eram puros e fragrantes, que por conseguinte nos lembra um belo
“lírio” (que é o significado de seu nome). Alegra-nos ler que além das três
mulheres já mencionadas havia “muitas outras”. O que temos aqui, pois, é uma
verdadeira Sociedade que as mulheres nunca adotaram uma atitude contrária a
Jesus ou a sua causa carece de cuidadosa delimitação. Não obstante, é um fato
que, salvo algumas poucas exceções, as moças e senhoras mencionadas no Novo
Testamento estavam lado a lado com o Senhor. Em linhas gerais, é verdade que,
embora Pedro negasse a Cristo, Judas o traísse, Herodes o desdenhasse e Pilatos
o condenasse, as mulheres o honraram e ministraram às necessidades dele e de
seus discípulos. Na extensão em que fizeram isso, as consoladoras palavras de
Mateus 25.34-40 podem ser-lhes aplicadas com toda propriedade. "Porque
tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era
estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e
visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver. Então os justos lhe
responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou
com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos?
ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?
E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um
destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes". Mateus 25:35-40.
II – MULHERES COM DISPOSIÇÃO PARA OBEDECER
1. Maria, a mãe do Salvador. A
doutrina católica acerca da pessoa de Maria se fundamenta na tradição e não
conta com apoio bíblico. Não é fundamentada nos Evangelhos, mas na tradição
apócrifa que começou a circular por volta do segundo século de nossa era.
Crenças como a perpétua virgindade de Maria, imaculada conceição e sua ascensão
não fazem parte do cânon neotestamentário. Esse é um lado da história. O outro
é a rejeição à pessoa de Maria que prevalece entre muitos protestantes por
conta do anticatolicismo. O que a Escritura mostra de fato é que Maria foi uma
pessoa agraciada por Deus para fazer parte diretamente do Plano da Salvação. A
sua disposição em aceitar e crer no plano de Deus está demonstrada em suas
palavras: "Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra
[...]" (Lc 1.38).
Comentário
Maria, a mãe de Jesus, era uma mulher que foi descrita por Deus como
“agraciada”. A palavra “agraciada” vem do grego, e significa, essencialmente,
“muita graça”. Maria recebeu a Graça de Deus. Graça é “favor imerecido”, que
significa que é algo que recebemos apesar do fato de que não o merecemos. Maria
precisava de graça de Deus, assim como o resto de nós precisa. Maria
compreendeu este fato, como declara em Lucas 1:47, “E o meu espírito se alegra
em Deus meu Salvador.” Maria reconheceu que precisava ser salva, que ela
precisava de Deus como seu Salvador. A Bíblia nunca diz que Maria foi qualquer
coisa além de uma mulher comum que Deus escolheu para usar de uma forma
extraordinária. Sim, Maria era uma mulher correta e favorecida (agraciada) por
Deus (Lucas 1:27-28). Ao mesmo tempo, Maria era também um ser humano pecador
como todos os outros, que necessitava de Jesus Cristo como seu Salvador, como
todas as outras pessoas (Eclesiastes 7:20; Romanos 3:23; 6:23; I João 1:18). Maria
não teve uma “concepção imaculada” – não há qualquer razão bíblica para crer
que o nascimento de Maria tenha sido qualquer coisa que não seja um nascimento
humano normal. Maria era virgem quando deu à luz Jesus (Lucas 1:34-38), mas a
idéia de uma virgindade perpétua de Maria não é bíblica. Mateus 1:25, falando
de José, declara: “E não a conheceu ATÉ que deu à luz seu filho, o primogênito;
e pôs-lhe por nome Jesus.” A palavra “até” claramente indica que José e Maria
tiveram união sexual após o nascimento de Jesus. José e Maria tiveram vários
filhos juntos depois que Jesus nasceu. Jesus tinha quatro meio irmãos: Tiago,
José, Simão e Judas (Mateus 13:55). Jesus também tinha meia irmãs, mas não são
nomeadas e nem se conhece seu número (Mateus 13:55-56). Deus abençoou e
agraciou Maria dando a ela vários filhos, o que naquela cultura era a mais
clara indicação de que Deus estava abençoando uma mulher. Uma vez, quando Jesus
estava falando, uma mulher na multidão proclamou: “Bem-aventurado o ventre que
te trouxe e os peitos em que mamaste” (Lucas 11:27). Nunca houve melhor
oportunidade para Jesus declarar que Maria era verdadeiramente digna de louvor
e adoração. Mas qual foi a resposta de Jesus? “Antes bem aventurados os que
ouvem a palavra de Deus e a guardam” (Lucas 11:28). Para Jesus, a obediência à
Palavra de Deus era MAIS IMPORTANTE do que ser a mulher que o pôs no mundo. Em
nenhum lugar das escrituras Jesus, ou qualquer outra pessoa, dirige qualquer
louvor, glória ou adoração a Maria. Isabel, parente de Maria, a louvou em Lucas
1:42-44, mas seu louvor é baseado no fato de que Maria daria à luz Jesus. Não
foi baseado em qualquer glória inerente a Maria. Maria estava perto da cruz
quando Jesus morreu (João 19:25). Maria estava com os apóstolos no dia do Pentecostes
(Atos 1:14). Entretanto, jamais se menciona Maria depois de Atos capítulo 1. Os
Apóstolos, em nenhum lugar, dão a Maria papel proeminente. A morte de Maria não
é registrada na Bíblia. Nada é dito sobre Maria subindo aos Céus, ou tendo
qualquer forma de papel exaltado no Céu. Maria deve ser respeitada como a mãe
terrena de Jesus, mas ela não é digna de nossa adoração ou exaltação. A Bíblia,
em nenhum lugar, indica que Maria pode ouvir orações, ou que ela possa ser
mediadora entre nós e Deus. Jesus é nosso único defensor e mediador no Céu (I
Timóteo 2:5). Se fosse oferecida adoração, exaltação ou orações, Maria diria o
mesmo que os anjos: “Adora a Deus!” (Apocalipse 19:10; 22:9). A própria Maria
dá para nós exemplo, direcionando sua adoração, exaltação e louvor somente a
Deus: “Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, E o meu espírito
se alegra em Deus meu Salvador; Porque atentou na baixeza de sua serva; Pois
eis que desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada, Porque me fez
grandes coisas o Poderoso; E santo é seu nome” (Lucas 1:46-49).
2. Isabel, a
mãe do precursor. Isabel, esposa do sacerdote Zacarias, aparece na
história bíblica como uma pessoa também agraciada por Deus. Ela foi escolhida
para ser a mãe de João Batista, o último profeta da Antiga Aliança (Lc 1.8-24;
16.16). A revelação do nascimento de João foi dada a seu marido Zacarias, que
inicialmente não creu. O relato de Lucas, de que Isabel "ficou cheia do
Espírito Santo" quando foi visitada por Maria, deixa claro também a sua
disposição em crer e aceitar o plano de Deus para ela (Lc 1.41-43). Assim como
Maria, Isabel foi uma mulher obediente e sua obediência foi recompensada.
Comentário
A vida de Isabel como esposa era um modelo para as mulheres mais jovens.
Ela era submissa ao esposo e realmente era uma “ajudadora”. Cumpria suas
tarefas como “dona-de-casa”: preparando a comida nos horários, mantendo a casa
limpa e arrumada, as roupas em ordem. E ainda sobrava tempo para ler e meditar
na Palavra, orar, adorar com cânticos e se ocupar de alguma atividade social. O
nome de Isabel significava “Deus é meu juramento”. E Isabel sempre pensava que
o Deus de Israel, o seu Deus, era um Deus de aliança, de compromisso. Para uma
mulher em Israel não havia pior maldição do que ser estéril. E, ainda que
Zacarias e Isabel não tivessem filhos, sua fé e confiança em Deus não
vacilavam. Seu filho deveria ser um nazireu (Lc 1.15). Ele jamais beberia vinho
nem bebida forte e seria cheio do Espírito Santo desde o seu nascimento (Lc
1.15 comparar com Nm 6.2). As bebidas alcoólicas não tem lugar na vida de um
crente cheio do Espírito Santo. Da mesma maneira que um anjo anunciou a
Zacarias o nascimento de João, também o anjo Gabriel visitou Maria para revelar
o plano de Deus. Mesmo olhando pela perspectiva humana, o plano parecia
impossível, tanto que o anjo lembrou a Maria que para Deus tudo é possível. E,
com confiança, Maria se dispôs a ser um instrumento da vontade de Deus. Isabel
abençoou a Maria pelo fato de ela ter sido eleita por Deus para ser a mãe do
Senhor e porque ela havia crido na revelação que lhe fora dada por Deus. A fé
demonstrada por Maria na capacidade de Deus de cumprir Sua promessa é um modelo
para os cristãos atuais. As bênçãos na vida de Maria não vieram sem
dificuldades, mas ela estava segura de que o Senhor estava com ela (Lc 1.28).
Enfrentou as acusações a respeito de sua gravidez, a jornada para Belém, a fuga
para o Egito e finalmente a dolorosa morte de seu Filho no Calvário. Passou por
todas estas dificuldades, mas não perdeu o senso da presença do Deus que a
amava. Ele a susteve, sempre. A visita de Maria a Zacarias e Isabel serviu para
confirmar tudo que o anjo lhe falara. Isabel, de fato, estava esperando um
filho e suas palavras de bênçãos aumentaram a confiança de Maria em Deus. Ela
estava tão cheia de amor e desejosa de adorar a Deus que passou a cantar em
louvor (Lc1.46-55). Leia sobre as qualidades de Maria que a prepararam para ser
a mãe de Jesus (Lc 1.26-38; 1.39-45; 2.16-19). Em sua vida, Maria demonstrou
uma coerente dependência de Deus e completa confiança em Sua direção. As
palavras de Simeão (Lc 2.33-35) serviram para lembra-la de que a missão de
Jesus em favor da humanidade resultaria em sofrimentos para ela também. Então,
seu Filho não lhe traria apenas alegrias, mas também pesares ao cumprir a
tarefa para a qual fora chamado. Um estudo da vida de Maria e de Isabel pode
nos ajudar a entender que Deus não necessita de homens e mulheres ricos,
famosos ou poderosos para cumprir seus planos. O que mais Deus necessita é que
estejamos dispostos a dedicar nossa vida a Jesus Cristo.
III - MULHERES COM DISPOSIÇÃO PARA SERVIR
1. Mulheres servas. Logo após
ser curada por Jesus de uma febre muito alta, a sogra de Pedro se levantou e
passou a servi-lo (Lc 4.39). O verbo "servir" é a tradução do
vocábulo grego diakoneo. As mulheres aparecem com frequência no Evangelho de Lucas
a serviço do Mestre. Maria Madalena se destacou das demais. Ela foi a primeira
mulher mencionada em Lucas 8.1-3 e aparece de forma destacada nos Evangelhos de
Mateus, Marcos e João. Ela foi uma das mulheres que mais tarde presenciaram a
crucificação (Mt 27.55, 56; Mc 15.40; Jo 19.25); viram onde o corpo de Jesus
foi colocado (Mt 27.61; Mc 15.47; Lc 23.55); e saíram no raiar do domingo para
ungir o corpo do Senhor (Mt 28.1; Mc 16.1; Lc 24.10). Além disso, ela iria ser
a primeira pessoa a quem o Cristo ressurreto apareceria (Jo 20.1-18).
Comentário
Jesus criou um movimento novo, rompeu uma série de preconceitos
culturais e entre suas inovações está o discipulado feminino. No seu
discipulado, eram admitidas mulheres, em igualdade de condições com os homens.
Jesus convive com elas, conversa, quer em particular, quer em público, procura
escutá-las. elas participam ativamente e são beneficiadas com milagres e curas.
Quebra os preconceitos da impureza, deixa-se tocar pela hemorroíssa. Ele mesmo
toca o cadáver da filha de Jairo conforme (Mc 5,25-43). Jesus não se esquiva de
ser tachado de imoral e escandaloso, pelos fariseus, enquanto desafia os
preceitos legais e entra em casa de mulheres sozinhas, como a de Marta e Maria
(Lc 10,38-42). Jesus chama as mulheres: no caso do seu discipulado, há um
chamado por parte dele, isto é, o mestre toma a iniciativa, costume diferente
de outros filósofos e rabinos. Jesus rompe as discriminações e chama os
“impuros”, como o publicano Levi, zelotes, como Simeão e mulheres como Maria
Madalena, Maria mãe de Tiago e Salomé. As mulheres com gratuidade e prontidão
dão resposta e tem presença marcante no discipulado de Jesus. As mulheres
seguiam e serviam Jesus, conforme Mc 15,41. O mesmo Evangelista em 14,3-9 diz
que uma mulher anônima unge a cabeça de Jesus com perfume de nardo puro (óleo
perfumado, muito caro por causa de sua escassez). Essa era uma prática típica
dos profetas, quando ungiam os reis: sinal de que as discípulas perceberam, na
convivência com Jesus, o seu messianismo. Essa mulher é Maria Madalena que foi
a primeira a ser enviada para anunciar a Ressurreição, foi a primeira a ser
“ordenada” para o serviço da evangelização. Portanto houve mulheres discípulas
e apóstolas que exerceram seus ministérios. Maria Madalena se destacou entre os
homens e mulheres que seguiam Jesus rompendo preconceitos, superou barreiras
para chegar até Jesus ungindo-lhe os pés. Assim, Jesus aprova esse gesto de
amor e confirma “em verdade vos digo que, onde quer que venha a ser proclamado
o evangelho, a todo mundo, também o que ela fez será contado em sua memória”
(Mc 14,9). Ela que padeceu aos pés da Cruz, foi compensada com a Boa Nova da
Ressurreição e a anunciou aos onze e a todos os outros (Lc 24,9).
2. Mulheres abnegadas. O
Evangelho de Lucas revela que Jesus teve em seu ministério a ajuda de mulheres
abnegadas (Lc 7.36-50). O evangelista mostra Jesus sendo ungido por uma mulher
tida como pecadora na casa de Simão, um dos fariseus. Essa mulher, visivelmente
emocionada, usou o unguento que levou em um vaso de alabastro para ungir Jesus
enquanto beijava-lhe os pés. O Evangelho de João mostra um fato semelhante
ocorrido com Maria de Betânia, que não deve ser confundido com o relato de
Lucas (Jo 12.1-8). No texto de João, é destacado que Maria de Betânia também
preferiu derramar sobre os pés de Jesus o perfume do vaso do que usá-lo
em benefício próprio. Esse seu gesto sofreu duras críticas de Judas Iscariotes,
que estava de olho nos trezentos denários que esse unguento poderia render. Ela
considerou muito mais valioso o perdão que o Salvador lhe deu do que os ganhos
que esse perfume poderia lhe trazer.
Comentário
A mulher pecadora passou por cima de todo e qualquer tipo de convenção
quando entrou naquela casa cheia de fariseus e de pessoas que queriam ouvir
Jesus. Um fariseu jamais receberia uma pecadora em sua casa mas ela,
corajosamente, entrou na casa de Jairo trazendo com ela um vaso de alabastro
cheio de ungüento. O vaso de alabastro era produzido com um tipo de pedra
frágil, transparente, que pode ser facilmente polida ou esculpida. Era muito
usada para substituir o vidro. Os frascos com perfume de alabastro eram selados
e descartáveis. Eram quebrados ao abrir e jogados fora quando vazios. Chegando até
onde Jesus estava, ela "... começou a regar-lhe os pés com lágrimas, e
enxugava-lhos com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés, e ungia-lhos
com o ungüento" (Lc 7.38). O que mais perturbou o dono da casa não foi
tanto a presença dela mas, principalmente, aquilo que ela fez. Ele, realmente,
deixou transparecer revolta, e uma grande perturbação. Não sabemos se por ela
está usando em Jesus o ungüento que era tão caro ou porque não achava Jesus
digno de ser ungido assim como eram os reis. Jesus, que é Deus, onisciente, com
certeza conhecia o coração de Jairo e sabia o porquê da sua revolta.
IV - MULHERES COM DISPOSIÇÃO PARA OFERTAR
1. O trabalho rabínico. Lucas
registra que Jesus "andava de cidade em cidade e de aldeia em aldeia,
pregando e anunciando o evangelho do Reino de Deus; e os doze iam com ele"
(Lc 8.1). A dedicação de Jesus e seus doze discípulos ao ministério da Palavra
era exclusiva. Como se dava, então, a manutenção desse ministério? Jesus
orientou seus discípulos quando estivessem em missão a que "ficassem na
mesma casa, comendo e bebendo do que eles tiverem, pois digno é o obreiro
de seu salário. Não andeis de casa em casa" (Lc 10.7).
O trabalhador era digno de seu salário. Um rabino
não podia receber pagamento pelo que ensinava, mas a cultura hebraica
considerava uma obrigação e um privilégio sustentar um rabino. Há um princípio
válido aqui - o obreiro não deve ter valores materiais como a motivação do seu
ministério. Por outro lado, aqueles que se beneficiam desse ministério, devem
ajudá-lo em sua manutenção.
Comentário
“Digno é o trabalhador do seu
salário" (Lucas 10.7) é um dito de Jesus dirigido aos obreiros do
evangelho. Os doze apóstolos foram encaminhados à missão em Israel com este
ditado (Mateus 10.10)42. Os setenta receberam a mesma recomendação (Lucas
10.7). Paulo citou duas vezes este dito, uma vez fazendo referência à sua
pessoa e aos obreiros em geral (1 Coríntios 9.14) e outra vez falando
especificamente sobre os bispos da igreja (1 Timóteo 5.18)44. A forma como o
ditado aparece em Mateus 10.10 é um pouco diferente da que ocorre no outros
textos: "Digno é o trabalhador do seu alimento". O uso do termo
"salário" (em Mateus 10.10) ou "alimento" (em Lucas 10.7)
não altera o sentido básico do provérbio. O sentido deste provérbio é duplo: o
obreiro vai receber o que merece e o obreiro vai merecer o que recebe. Ele vai
receber o que merece no sentido de sua segurança pessoal: ele não vai morrer de
fome. Ele vai merecer o que recebe no sentido de que não há vergonha nenhuma em
ser sustentado: ele é um homem honrado e digno. Ele merece. Assim o Mestre fala
aos obreiros de segurança e honra, ligadas ao sustento que recebem por pregar o
evangelho. O provérbio de Jesus, "Digno é o trabalhador do seu
salário", sugere muita aplicações práticas que já foram notadas acima.
Queremos reforçar os seguintes pontos:
1. Honremos aos obreiros que vivem do evangelho. Gálatas 6.6 diz que o
aluno deve fazer o seu professor participar das coisas boas que ele tem. Isto
quer dizer que o aluno "divide" seus bens com o professor. Não é
certo deixar em dificuldades de sustento aqueles que nos instruem no evangelho.
O salário (ou melhor: honorário) do obreiro deve servir para honrar aquele que
o recebe e não ofendê-lo (1 Timóteo 5.17-18). Por isto Gálatas 6.7-10 adverte
para não zombar de Deus pela negligência ao sustento dos professores. Se
investimos (semeamos) apenas nas coisas pecaminosas, só havermos de colher
corrupção. Deve-se semear para o que é ligado ao Espírito Santo, e então
teremos os resultados na vida eterna. Assim, é para fazer o bem a todos,
começando com a família da fé, e no contexto, os primeiros a serem atendidos
são os professores da Palavra de Deus.
2. Não aceite extremos. Num extremo está o obreiro que não é atendido
dignamente pela irmandade. No outro está o mercenário que muda de igreja em
igreja, conforme a melhor oferta de emprego. Nenhuma destas situações pode ser
permitida. Não há nada errado em ser bem pago pela igreja. De fato, há casos em
que isto precisa ocorrer por mandamento (1 Timóteo 5.17-18). O erro é ter isto
como método de vocacionar obreiros ou como alvo de carreira ministerial. Por
outro lado, sujeitar um obreiro e sua família a uma situação degradante,
recebendo o menor salário possível, é zombar de Deus e incorrer em grave perigo
espiritual.
3. Não se desculpe. Os obreiros não devem ceder à pressão social que
qualifica seu trabalho como desnecessário ou indigno. Quem acha que o obreiro
esforçado e trabalhador é um homem que ganha sem fazer nada, provavelmente
teria feito o mesmo juízo de Jesus, se tivesse convivido com ele. "Digno é
o trabalhador do seu salário/alimento".
4. Um apelo à fé. Pregar o evangelho é o trabalho mais importante do
mundo. A igreja tem o privilégio de mostrar sua fé no valor do evangelho
sustentando financeiramente aqueles que ela mesma reconhece como vocacionados
por Deus para realizar esta tarefa. O obreiro também deve mostrar sua fé,
confiando que Deus vai assegurar-lhe o necessário, de um modo ou de outro, para
que ele continue a pregar a Palavra de Deus.
2. Apoio feminino. Na
cultura judaica do tempo de Jesus, a participação das mulheres na vida pública
era bem limitada. As mulheres, por exemplo, não podiam estudar e não podiam
ensinar. Mas nem por isso deixaram de participar do ministério do Mestre. Lucas
diz que elas serviam o Senhor com suas fazendas, isto é, com seus bens
(Lc 8.3). Enquanto Jesus e seus doze apóstolos se dedicavam ao ministério da
Palavra, essas mulheres lhes davam suporte financeiro e material. Por trás de
grandes ministérios, sempre há alguém dando suporte, seja financeiro, seja,
espiritual. Não podemos negar que atualmente as mulheres têm desempenhado um
papel importante na obra do Senhor. Muitas têm se dedicado à oração, ao serviço
social, à contribuição, à obra missionária, etc. Grande parte da obra
missionária é feita por mulheres. São milhares de servas que dedicam suas vidas
à seara do Senhor. O serviço de Deus é para todos que amam ao Senhor,
independentemente de gênero
Comentário
A mulher judaica trabalhava duramente em casa e no campo. Plantava,
colhia, moía o trigo, a cevada e outros cereais. Preparava o pão, cozinhava,
buscava água nas fontes e poços. Fiava e tecia o linho e a lã para fazer as
roupas. Cuidava da família e educava os filhos. Lucas fez algo que os outros
não tiveram cuidado em fazer: ouviu as mulheres. O que elas disseram e
perceberam foi igualmente importante para o registro fiel da história de Jesus.
Ele registra o nome das mantenedoras do ministério itinerante de Jesus (8.1-3).
Lucas enfatiza o lugar das mulheres piedosas no ministério de Jesus, chamado
especial atenção ao apoio financeiro. Maria Madalena se tornou uma mulher
profundamente agradecida ao Senhor! Sua vida foi restaurada e ela, agora,
desejava servi-Lo para sempre. Lucas registra que as mulheres que serviam a
Jesus com seus bens tinham uma característica em comum: elas haviam sido
curadas de enfermidades de libertas de espíritos malignos. Quando lemos esse
registro, não há como não perceber que contribuição dessas mulheres partia de
um coração grato pela libertação que haviam recebido. E Jesus de forma alguma
limitaria essa expressão de gratidão. Curiosamente, no capítulo anterior (Lucas
7:36-50), é relatada a história de uma mulher que ungiu com perfume os pés de
Jesus. Ao olhos de alguns, essa oferta poderia parecer desnecessária, uma
excentricidade. Porém, o Mestre não apenas a recebe como também destacou que a
motivação da daquela mulher era o seu amor e sua gratidão por saber que havia
sido muito perdoada (Lc. 7:36-50). Jesus não poderia impedir aquela mulher de
demonstrar seu coração grato.
CONCLUSÃO
No judaísmo do tempo de Jesus, conversar com uma
mulher era considerado um ato vergonhoso (Jo 4.27). Mas Jesus conversou,
ensinou, curou, libertou e valorizou as mulheres como homem algum jamais o fez.
Lucas nos mostra que as mulheres tiveram uma participação expressiva na implantação
do Reino de Deus. Graças a Deus pelo trabalho das mulheres na Seara do Senhor
Comentário
As mulheres tinham uma importância maior na vida e ministério de Jesus
do que normalmente se reconhece. A maioria das pessoas concentra as atenções em
Maria, sua mãe, entretanto os relatos bíblicos mostram algo bem mais amplo.
Revelam um relacionamento com um grupo específico de mulheres que estavam entre
seus seguidores mais íntimos. Mostram sua preocupação em comunicar-se com todas
as mulheres, usando linguagem que as incluía. Claramente rejeitava uma porção
de estereótipos da sua época, e se dirigia às mulheres fundamentalmente como
pessoas. Jesus inaugura uma experiência do Reino que recupera as pessoas,
restituindo-lhe sua integridade e sua dignidade. NaquEle que me garante:
"Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de
Deus" (Ef 2.8)”.
Deus abençoe a todos!
Missionário Vicente Dudman
Profº. Teol.
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