Estamos disponibilizando pra você
todo início de semana, mais um comentário sobre cada lição da EBD. Assim
fazemos, para que os irmãos possam melhor preparar sua aula. Cada item, tem um
comentário, para que o amado leitor entenda melhor os tópicos da lição.
Estudaremos esta semana a lição de nº 8 desse segundo trimestre, que tem como
título: O PODER DE JESUS SOBRE A NATUREZA E OS DEMÔNIOS. Para cada tópico, deixamos o nosso
comentário. Fizemos cuidadosa pesquisa a respeito dessa tão importante lição.
Buscamos auxílio e Ainda recorremos a vários mestres no assunto, para que
pudéssemos aplicá-lo para o seu melhor entendimento. Em caso de dúvidas
com relação ao assunto, deixe seu comentário, a sua dúvida, no final desta
postagem, que responderemos com todo prazer a sua pergunta. Espero que
satisfaça a todos e uma boa aula.
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos os relatos que mostram o
poder de Jesus sobre as forças da natureza e, também, sobre os demônios. Até
aqui os discípulos já tinham visto Jesus curando doentes e libertando pessoas
oprimidas pelo Diabo. Todavia, eles ainda não haviam visto o Mestre dominando
as forças da natureza, nem tampouco alguém que andava nu e vivia nos sepulcros
ser devolvido ao seu convívio familiar. Estes fatos ocorreram quando Jesus
acalmou uma tempestade e libertou o endemoninhado gadareno. Em ambos os
relatos, vemos as manifestações do poder e da misericórdia de nosso Senhor, que
sempre procurou o bem do homem, nem que para isso fosse necessário repreender
as leis físicas do Universo ou quebrar o poder de Satanás.
Comentário
Meus amados! Há ainda muitas dúvidas a respeito da encarnação e
Divindade de Cristo como homem. Mas é de fácil compreensão quando passamos a
entender o texto de Fp 2.5-8 que trata da conhecida Kenosis de Jesus. Este
termo vem da palavra grega para a doutrina do auto-esvaziamento de Cristo em
sua encarnação. Entendemos a kenosis como uma auto-renúncia, não um
esvaziamento de sua divindade e nem uma troca de divindade pela humanidade.
Jesus não cessou de ser Deus enquanto exerceu o Seu ministério terreno.
Entretanto, Ele deixou de lado a Sua glória celestial de uma relação face a
face com Deus. Ele também deixou de lado a Sua autoridade independente. Durante
o Seu ministério terreno, Cristo se submeteu completamente à vontade do Pai.
Ainda como parte da kenosis, Jesus às vezes operava com as limitações de
humanidade (João 4.6, 19.28). Deus não se cansa ou fica com sede. A kenosis
também lida com o que Cristo assumiu. Jesus tomou sobre si mesmo uma natureza
humana e se humilhou. Jesus deixou de ser a glória das glórias do céu para ser
um ser humano que foi condenado à morte na cruz. Em Efésios 1.20-23, Paulo
refere-se ao poder que Deus demonstrou através de Jesus Cristo –
ressuscitando-o dentre os mortos e exaltando Seu Nome muito acima de qualquer
governo, poder, autoridade ou domínio. Observamos no verso 21 a
explicação de por que o Nome de Jesus Cristo é tão poderoso. Quando temos
uma aliança com Deus através de Jesus Cristo, recebemos como consequência a autorização
para usarmos o Nome que é sobre todos (Fp 2:9-11 também expõe o poder que há
neste Nome Bendito). Jesus mesmo cuidou de ensinar Seus discípulos de que
deveriam fazer tudo em Seu Nome. Em Marcos 16:17, Ele avisa acerca dos sinais
que seriam realizados em Seu Nome. Em João 14:13 e 15:16 Ele ensina sobre o
poder dos pedidos feitos ao Pai em Nome dEle. Em Atos 3:6, Pedro e João
curam um paralítico usando o Nome de Jesus. Em Atos 4:10 os mesmos apóstolos
confirmam que tal milagre ocorreu por conta do poder e da autoridade do Nome de
Jesus. Em diversos outros textos aprendemos que todas as realizações dos
apóstolos eram em nome de Jesus. Cristo é Senhor sobre todo nome que se
possa referir. Ele subjugou os poderes malignos, colocando-os debaixo de seus
pés. Esta posição, subjugando o inimigo a ponto de pisar sobre Ele pressupõe
total vitória. É assim que o apóstolo Paulo descreve Jesus, em Efésios 1:22 – e
o mesmo texto faz questão de realçar que a Igreja é o Corpo de Cristo, sendo
Ele a Cabeça do Corpo. Ou seja, a Igreja, como Corpo de Cristo, tem o inimigo
das nossas almas debaixo de seus pés. A figura do Messias pisando seus inimigos
é profetizada por Davi no Salmo 110:1. Observe que de acordo com Lucas
10:19, nós temos autoridade através de Jesus para pisar nos demônios (aqui
chamados de serpentes e escorpiões). É tempo de pensarmos com mais maturidade
sobre a fé cristã.
I - JESUS E AS FORÇAS SOBRENATURAIS
1. Poder sobre a natureza. Até
este ponto, Lucas já havia mostrado Jesus exercendo poder sobre demônios e
enfermidades (Lc 4.31-44). Agora, ele o mostra exercendo o seu poder sobre as
forças da natureza (Lc 8.23-25). A tempestade surge, aqui, como uma força
impessoal revelando que a harmonia original da criação se perdeu. Nesse
momento, ela se levanta como uma força poderosa que precisa ser detida. Ao
receber a voz de comando do Filho de Deus, as forças descontroladas da natureza
param. Jesus põe ordem no caos. A cena foi tão dramática para os discípulos,
que arrancou deles a pergunta: "Quem é este que até aos ventos e a água
manda?"
Comentário
Jesus aqui, mostra claramente àqueles homens, que Ele era e é realmente
Divino. Este relado é encontrado nos três Sinóticos. Para uma argumentação mais
detalhada, veja Mateus 8.18, 23-27 (cf. Mc 4.35-41). Sendo o próprio Criador,
Ele demonstrou seu poder sobre a natureza ao repreender a tempestade que
aterrorizava os discípulos que, no barco, atravessavam o mar da Galiléia (Mt
8:23-26). Depois do atraso causado pela conversa com os dois homens (cf. v.
18), Jesus entrou em um barco com os seus discípulos (23). Este era
provavelmente o pequeno barco de pesca de Pedro. Quando eles estavam cruzando o
lago, se levantou (24) uma tempestade (seismos, “terremoto”). Enquanto o barco
era coberto pelas ondas, Jesus estava dormindo (tempo imperfeito). Ele estava
tão cansado que a tempestade não o despertou (veja também Mc 4.35-41; Lc
8.22-25). Muito assustados, os discípulos o despertaram com o grito: Senhor,
salva-nos, que perecemos (25). Ele primeiro os repreendeu por temerem (26; de
forma literal, “covardemente”) e então repreendeu os ventos e o mar. O
resultado foi uma grande bonança. Não é de surpreender que aqueles homens
tenham se maravilhado (27). Em seus anos de pescaria no lago eles já tinham
passado por muitas tempestades graves, mas nunca por uma que tivesse sido
subitamente acalmada pela ordem de uma pessoa. A reação deles ainda hoje é
pertinente: Que homem é este! Como um mero homem Ele seria completamente
inexplicável.
2. Poder sobre os demônios. Se a
natureza é uma força impessoal, o mesmo não pode se dizer do Diabo. A Bíblia
mostra que ele é um ser pessoal, isto é, dotado de personalidade. Jesus e seus
discípulos tiveram que enfrentá-lo muitas vezes. Ainda quando descrevia o relato
da tentação de Cristo, Lucas informa que Satanás ausentou-se de Jesus "por
algum tempo" (Lc 4.13). Jesus derrotou o Diabo na tentação do deserto, mas
depois disso teve outros embates com ele. De fato, a Escritura registra vários
casos de pessoas oprimidas e possessas de demônios que tiveram um encontro com
Jesus e seus discípulos (Lc 4.33-37,41; 6.18; 7.21; 8.27; 9.39; 10.17-19;
11.14; 13.11). Em todos os casos, tais pessoas foram libertas e Satanás
derrotado.
Comentário
Certa vez
alguém me perguntou: irmão Vicente... que motivo levou Jesus a atender o pedido
dos demônios neste caso? A minha resposta foi a mesma que segue neste
comentário. Pois os demônios, como em outras ocasiões, reconheceram Cristo como
sendo o Filho de Deus e temeram o tormento que inevitavelmente sofreriam.
Atendendo um pedido, Jesus permitiu que os demônios entrassem em uma manada de
porcos que estava nas proximidades - Marcos afirma que eram quase dois mil. O
resultado foi que toda a manada morreu nas águas do lago (30-32). Aqueles que
guardavam os porcos fugiram até à cidade para contar tudo o que havia ocorrido
(33). Toda aquela cidade saiu ao encontro de Jesus. O povo, tomado pelo medo
(Lc 8.38) rogou que Ele se retirasse do seu território (das suas “fronteiras”
ou do seu “distrito”). Eles tiveram medo do poder de Jesus. Algumas vezes, duas
questões têm sido formuladas a respeito desse acontecimento. A primeira é: Por
que Jesus permitiu que esses porcos fossem destruídos? Houve quem sugerisse que
Ele queria confirmar a fé dos dois endemoninhados curados, por esta evidência
visível de que os demônios haviam realmente deixado os seus corpos. Alguns
pensam que Jesus fez isso para mostrar à multidão o poder tremendo e as
tendências destrutivas que os demônios possuem. Trench escreve sobre o relato
onde somente é mencionado um endemoninhado: “Se esta concessão ao pedido dos
espíritos maus ajudou de alguma maneira a cura deste sofredor, fazendo com que
eles relaxassem a sua posse do corpo dele com maior facilidade, aliviando o
ataque através de sua saída, este teria sido um motivo suficiente para permitir
que aqueles animais morressem. Para a cura definitiva do homem poderia ter sido
necessário que ele tivesse esta evidência exterior e o testemunho de que os
poderes infernais que o mantinham aprisionado agora o haviam deixado”. Uma
segunda pergunta que se faz é a seguinte: Que direito tinha Jesus de destruir a
propriedade de outras pessoas? A resposta para esta pergunta é mais difícil. Se
tivéssemos certeza de que os donos eram judeus, isto ofereceria uma solução
simples. Os judeus deveriam evitar as carnes impuras, o que incluía os porcos.
Mas Decápolis era uma região de população predominantemente gentílica. De
qualquer forma, o caráter de Cristo garante que Ele não faria nada injusto. Os
atos de Deus não podem ser sempre julgados segundo os padrões dos homens. Porém
devemos sempre nos lembrar de que Deus não fica devendo nada a ninguém. Se
tivéssemos mais informações, poderíamos entender melhor esta situação.
II - JESUS E A REALIDADE DOS DEMÔNIOS
1. Uma realidade bíblica. A
Bíblia desconhece a ideia de um Diabo mitológico ou que é um produto da cultura
humana. Nas Escrituras, Satanás e seus demônios são mostrados como seres reais.
Uma das mais poderosas armas usadas pelo Diabo é tentar mostrar que ele não
existe. A Bíblia, no entanto, trata Satanás e seus demônios como seres dotados
de pessoalidade. O próprio Cristo enfrentou pessoalmente Satanás no deserto e o
derrotou (Lc 4.1-13). Jesus também revelou que o Diabo possui um reino e que
trabalha de forma organizada (Lc 11.18). Tal reino é tão "organizado"
que o apóstolo Paulo mostra que esse reino maligno está organizado de forma
hierárquica (Ef 6.10-12).
Comentário
Queridos, não pudemos fugir do conceito Bíblico em nenhuma situação.
Principalmente os cristãos, que tem a Bíblia como regra e pratica. Pois é a
Bíblia que nos esclarece com praticidade a respeito dos céus, da terra e do
inferno. Alguns ainda não entenderam o que são demônios. Quero deixar bem claro
neste comentário, que os demônios são anjos caídos, como Apocalipse 12:9
indica: "E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama
diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e,
com ele, os seus anjos." A queda de Satanás do céu é simbolicamente
descrita em Isaías 14:12-15 e Ezequiel 28:12-15. Quando caiu, Satanás levou
alguns dos anjos com ele - um terço deles, de acordo com Apocalipse 12:4. Judas
6 também menciona anjos que pecaram. Então, biblicamente, os demônios são anjos
que, juntamente com Satanás, decidiram rebelar-se contra Deus. Alguns dos
demônios já estão guardados "sob trevas, em algemas eternas" (Judas
1:6) pelo seu pecado. Outros estão livres para vaguear e são referidos como
"os dominadores deste mundo tenebroso.... as forças espirituais do mal,
nas regiões celestes" em Efésios 6:12 (cf. Colossenses 2:15). Os demônios
ainda seguem a Satanás como seu líder e batalham contra os santos anjos em uma
tentativa de frustrar o plano de Deus e atrapalhar o Seu povo (Daniel 10:13).
Os demônios, como seres espirituais, têm a capacidade de tomar posse de um
corpo físico. A possessão demoníaca ocorre quando o corpo de uma pessoa é
totalmente controlado por um demônio. Isso não pode acontecer com um filho de
Deus, uma vez que o Espírito Santo habita no coração do crente em Cristo (1
João 4:4). Jesus, durante o Seu ministério terreno, encontrou muitos demônios.
Claro que nenhum deles era mais poderoso que o próprio Cristo: "Chegada a
tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele meramente com a palavra
expeliu os espíritos..." (Mateus 8:16). A autoridade de Jesus sobre os
demônios é uma das provas de que Ele era realmente o Filho de Deus (Lucas
11:20). Os demônios que O encontraram sabiam quem Ele era, e temiam: "E
eis que gritaram: Que temos nós contigo, ó Filho de Deus! Vieste aqui
atormentar-nos antes do tempo?" (Mateus 8:29). Os demônios sabem que o seu
fim será um de tormento. Satanás e seus demônios agora têm o objetivo de
destruir a obra de Deus e enganar qualquer pessoa (1 Pedro 5:8, 2 Coríntios
11:14-15). Os demônios são descritos como espíritos do mal (Mateus 10:1),
espíritos imundos (Marcos 1:27), espíritos mentirosos (1 Reis 22:23) e os anjos
de Satanás (Apocalipse 12:9). Satanás e seus demônios enganam o mundo (2 Coríntios
4:4), promulgam a falsa doutrina (1 Timóteo 4:1), atacam os cristãos (2
Coríntios 12:7, 1 Pedro 5:8) e combatem os santos anjos (Apocalipse 12 :4-9).
Os demônios/anjos caídos são inimigos de Deus, mas são inimigos derrotados.
Cristo tem despojado "os principados e as potestades”, e “publicamente os
expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz" (Colossenses 2:15). À medida
que nos submetemos a Deus e resistimos ao diabo, não temos nada a temer.
"Filhinhos, vós sois de Deus e tendes vencido os falsos profetas, porque
maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo" (1 João
4:4).
2. Uma realidade experimental. Na
Palestina do primeiro século, a presença de pessoas oprimidas ou possuídas por
demônios era uma realidade do dia a dia. No Evangelho de Lucas, encontramos
dezenas de textos mostrando essa verdade (Lc 4.41; 6.18). Lucas diz que
Jesus curou muitos de moléstias (Lc 7.21). Além disso, registra ainda que
Jesus repreendeu espíritos imundos (Lc 9.42); e que via a queda de Satanás em
cada demônio que era expulso (Lc 10. 17,18). À luz da Bíblia, não há, pois,
como negar a realidade dos demônios.
Comentário
Devemos entender, que os demônios Iguais aos anjos, também são seres espirituais
criados com juízo moral e com alta inteligência, mas sem corpos físicos.
Podemos definir os demônios da seguinte maneira: Os demônios são anjos que
pecaram contra Deus e que agora operam continuamente o mal no mundo. Quando
Deus criou o mundo, ele “viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito
bom” (Gn 1.3 1). Isso significa que mesmo o mundo angelical que Deus havia
criado não possuía anjos maus nem demônios àquela altura. Mas, quando chegamos
a Gênesis 3 , percebemos que Satanás, na forma de uma serpente, tentou Eva para
que pecasse (Gn 3.1-5). Portanto, em um determinado tempo entre os eventos de
Gênesis 1.31 e Gênesis 3.1 , deve ter havido uma rebelião no mundo angelical,
com muitos anjos se voltando contra Deus e tornando-se maus. O Novo Testamento
fala disso em dois lugares. Pedro nos diz que “Deus não poupou a anjos que
pecaram, mas os lançou no inferno, prendendo-os em abismos tenebrosos a fim de
serem reservados para o juízo” (2Pe 2.4). Judas também diz que “quanto aos
anjos que não conservaram suas posições de autoridade mas abandonaram sua
própria morada, ele os tem guardado em trevas, presos com correntes eternas
para o juízo do grande Dia” (Jd 6). Uma vez mais a ênfase recai sobre o fato de
que eles são removidos da glória da presença de Deus e sua atividade é
restringida (metaforicamente, eles estão em “correntes eternas”), mas o texto
não sugere que a influência dos demônios tenha sido removida do mundo ou que
alguns demônios sejam guardados em um lugar de punição à parte do mundo,
enquanto outros são capazes de influenciá-lo. Ao contrário, tanto 2Pedro como
Judas nos dizem que alguns anjos se rebelaram contra Deus e se tornaram
oponentes hostis à sua palavra. O pecado deles parece ter sido o do orgulho, a
recusa em aceitar seu lugar designado, pois eles “não conservaram suas posições
de autoridade mas abandonaram sua própria morada” (Jd 6). É também possível que
haja uma referência à queda de Satanás, o príncipe dos demônios, em Isaías 14 .
Conforme Isaías descreve o juízo de Deus sobre o rei da Babilônia (um rei
humano, terreno), ele chega à seção onde começa a usar uma linguagem que parece
forte demais para referir-se meramente a um ser humano: Como você caiu dos
céus, ó estrela da manhã, filho da alvorada! Como foi atirado à terra, você,
que derrubava as nações! Você, que dizia no seu coração: ‘Subirei aos céus;
erguerei o meu trono acima das estrelas de Deus; eu me assentarei no monte da assembleia,
no ponto mais elevado do monte santo. Subirei mais alto que as mais altas nuvens;
serei como o Altíssimo'. Mas às profundezas do Sheol você será levado, irá ao
fundo do abismo! (Is 14.12-15; cf. Ez 28.11-19). Essa linguagem de subir ao céu
e assentar-se no trono acima das estrelas e dizer “serei semelhante ao
Altíssimo” sugere enfaticamente a rebelião de uma criatura angélica de grande
poder e (isso não significa que esses anjos pecaminosos não exerçam atualmente
influência no mundo, pois no versículo 9 Pedro diz que o Senhor também “sabe
livrar os piedosos da provação e manter em castigo os ímpios para o dia de
juízo”, referindo-se aos seres humanos pecaminosos que obviamente ainda tinham
influência no mundo e até causam problema para os leitores de Pedro. O
versículo 4 simplesmente significa que os anjos ímpios haviam sido removidos da
presença de Deus e permanecem guardados debaixo de alguma espécie de influência
restritiva e até o juízo final, o que, entretanto, não anula a sua atividade
contínua no mundo nesse meio-tempo.) dignidade. Não seria incomum para a
linguagem profética hebraica passar das descrições de eventos humanos para
descrições de eventos celestiais que lhes são paralelos e que os eventos da
terra ilustram de modo limitado. Se assim for, então o pecado de Satanás é
descrito como orgulho e tentativa de ser igual a Deus em posição e autoridade.
III - JESUS E A OBRA DOS DEMÔNIOS
1. Jesus e a oposição dos demônios. O caso da
libertação do endemoninhado, que ocorre logo após Jesus acalmar a tempestade, é
um dos muitos relatos que mostra como os demônios entraram em rota de colisão
com Jesus: "Que tenho eu contigo Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Peço-te
que não me atormentes" (Lc 8.28), disse o espírito maligno. Isso era
esperado que acontecesse por causa da própria natureza da missão de Jesus, que
é destruir as obras do Diabo (1 Jo 3.8). Essa missão também foi confiada aos
seus discípulos (Mt 10.1; Lc 9.1) e posteriormente posta em prática por sua
igreja (At 5.16; 8.6,7).
Comentário
A maior tática de satanás é a mentira. Assim ele induz às pessoas ao
erro, a pecarem e pecando se afastam de Deus, pois o pecado é o único meio que
separa o homem de Deus. Assim como Satanás induziu Eva a pecar contra Deus (Gn
3.1-6), ele também induziu Jesus a pecar para que falhasse na sua missão como
Messias (Mt 4.1-11). As táticas de Satanás e seus demônios são as de usar as
mentiras (Jo 8.44), o engano (Ap 12.9), o assassinato (Sl 106.37; Jo 8.44) e
qualquer outra espécie de atividade destrutiva para provocar nas pessoas o
abandono de Deus e a destruição delas próprias. Os demônios tentarão toda
tática para cegar as pessoas para o evangelho (2Co 4.4) e mantê-las em escravidão
às coisas que as impedem de vir a Deus (Gl 4.8). Eles também usarão tentação,
dúvida, culpa, temor, confusão, doença, inveja, orgulho, calúnia ou quaisquer
outros meios para impedir o testemunho e a utilidade dos cristãos. Quando Jesus
enviou os doze discípulos adiante dele para pregar o Reino de Deus, ”deu-lhes
poder e autoridade para expulsar todos os demônios” (Lc 9.1). Após os setenta
terem pregado sobre o Reino de Deus nas cidades e aldeias, eles retornaram com
alegria, dizendo: ”Senhor, até os demônios se submetem a nós, em teu nome” (Lc
10.17) , e Jesus lhes disse: ”Eu lhes dei autoridade [...] sobre todo o poder
do inimigo”(Lc 10.19). Quando Filipe, o evangelista, desceu para Samaria para
pregar o evangelho de Cristo , ”os espíritos imundos saíam de muitos, dando
gritos” (At 8.7), e Paulo usou a autoridade espiritual sobre os demônios para
dizer ao espírito de adivinhação que estava em uma jovem adivinhadora: “Em nome
de Jesus Cristo eu lhe ordeno que saia dela!” (At 16.18). Paulo estava cônscio
da autoridade espiritual que possuía, tanto nos encontros face a face como o de
Atos 16 , como também em sua vida de oração. Ele disse: “Pois, embora vivamos
como homens, não lutamos segundo os padrões humanos. As armas com as quais
lutamos não são humanas; ao contrario, são poderosas em Deus para destruir
fortalezas” (2Co 10.3,4). Além disso, ele falou em alguma medida da luta que os
cristãos têm contra “as ciladas do Diabo” em sua descrição do conflito “contra
as forças espirituais do mal nas regiões celestiais” (v. Ef 6.10-18). Tiago
fala a todos os seus leitores (em muitas igrejas): “Resistam ao Diabo, e ele
fugirá de vocês” (Tg 4.7). Semelhantemente, Pedro diz a seus leitores em muitas
igrejas na Ásia Menor: “Estejam alertas e vigiem. O Diabo, o inimigo de vocês,
anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar.
Resistam-lhe, permanecendo firmes na fé” (lPe 5.8,9). É importante que
reconheçamos que a obra de Cristo na cruz é a base definitiva para a nossa
autoridade sobre os demônios. Embora Cristo tenha ganho a vitória sobre Satanás
no deserto, as cartas do NT apontam para a cruz como o momento em que Satanás
foi definitivamente derrotado. Jesus assumiu a natureza humana (carne e sangue)
“para que, por sua morte, derrotasse aquele que tem o poder da morte, isto é, o
Diabo” (Hb 2.14). Na cruz, Deus, “tendo despojado os poderes e as autoridades,
fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz” (Cl 2.15).
Portanto, Satanás odeia a cruz de Cristo, porque lá ele foi inquestionavelmente
derrotado para sempre. Por causa da morte de Cristo na cruz, nossos pecados são
perdoados por completo, e Satanás não possui autoridade nem direito sobre nós.
[É bom acrescentar que, se há algum pecado específico que tenha dado lugar à
influência do demônio, o pecado deve ser confessado e abandonado (v.
anteriormente). Mas nem todo ataque demoníaco pode ser ligado a pecado
específico, já que o próprio Jesus foi severamente tentado por Satanás, como
aconteceu com Eva antes da queda]. Ainda mais, nossa posição como filhos na
família de Deus é a posição espiritual firme pela qual lutamos em nossa batalha
espiritual. Paulo diz a todo cristão: “Todos vocês são filhos de Deus mediante
a fé em Cristo Jesus” (Gl 3.26). Quando Satanás vem para atacar-nos, ele está
atacando um dos filhos do próprio Deus, um membro da família divina. Essa
verdade dá-nos autoridade para derrotá-lo e enfrentar a guerra contra ele com
muito sucesso. Se como crentes achamos apropriado falar uma palavra de
repreensão ao demônio, é importante que nos lembremos de que não precisamos
temer os demônios. Embora Satanás e os demônios tenham muito menos poder que o
Espírito Santo que opera dentro de nós, uma das táticas de Satanás é tentar
causar medo em nós. Em vez de ceder a tal temor, os cristãos devem lembrar as
verdades da Escritura, que nos dizem: ”Filhinhos, vocês são de Deus e os
venceram, porque aquele que está em vocês é maior do que aquele que está no
mundo” (lJo 4.4); e: “Pois Deus não nos deu um espírito de covardia, mas de poder,
de amor e de equilíbrio” (2Tm 1.7). Paulo diz aos efésios que em sua batalha
espiritual eles devem usar o “escudo da fé”, para que possam “apagar todas as
setas inflamadas do Maligno” (Ef 6.16). Isso é muito importante, visto que o
oposto do temor é a fé em Deus. Ele também lhes diz para serem intrépidos em
sua luta espiritual, de forma que, tendo tomado toda a armadura de Deus,
pudessem “resistir no dia mau e permanecer inabaláveis, depois deterem feito
tudo” (Ef 6.13). Paulo diz que os cristãos, em seu conflito contra as forças
espirituais hostis, não devem bater em retirada ou se encolher de medo, mas
permanecer intrepidamente no seu lugar, sabendo que suas armas e sua armadura
“não são humanas; ao contrário, são poderosas em Deus para destruir fortalezas”
(2Co 10.4; cf. lJo 5.18). Na realidade, essa autoridade de repreender demônios
pode resultar em uma breve ordem ao espírito maligno para ir embora quando
suspeitamos da presença de influência demoníaca em nossa vida pessoal ou na
vida dos que nos cercam. Devemos resistir ao Diabo (Tg 4.7), e ele fugirá de
nós. Há ocasiões em que uma breve ordem no nome de Jesus será suficiente.
Outras vezes será de grande utilidade citar as Escrituras no processo de
ordenar ao espírito para que abandone aquela situação. Paulo fala da “ espada
do Espírito, que é a palavra de Deus” (Ef 6.17) . E Jesus, quando foi tentado
por Satanás no deserto, repetidamente citou as Escrituras em resposta às
tentações do Diabo (Mt 4.1-11). Entre os textos apropriados da Escritura podem
ser incluídas afirmações gerais do triunfo de Jesus sobre Satanás (Mt 12.28,29;
Lc 10.17-19; 2Co 10.3,4; Cl 2.15; Hb 2.14; Tg 4.7; lPe 5.8,9; lJo 3.8; 4.4;
5.18), mas também versículos relacionados diretamente à tentação particular ou
dificuldade iminente. É importante lembrar que o poder de expulsar demônios não
vem da nossa força ou do poder de nossa própria voz, mas do Espírito Santo (Mt
12.28; Lc 11.20) . Além disso, Jesus emite uma advertência clara de que não
devemos nos regozijar demais ou nos tornar orgulhosos de nosso poder sobre os
demônios, mas que antes devemos nos regozijar em nossa grande salvação. Devemos
manter isso claro em nossa mente para que não nos tornemos orgulhosos e o Santo
Espírito não venha a retirar de nós esse poder. Quando os setenta discípulos
retornaram com alegria dizendo: “Senhor, até os demônios se submetem a nós, em
teu nome” (Lc 10.17), Jesus lhes disse: “Contudo, alegrem-se, não porque os
espíritos se submetem a vocês, mas porque seus nomes estão escritos nos céus”
(Lc 10.20). Devemos viver na expectativa de o evangelho vir com poder para
triunfar sobre as obras do Diabo. Quando Jesus veio pregando o evangelho na
Galiléia, “de muitas pessoas saíam demônios” (Lc 4.41). Quando Filipe foi a
Samaria para pregar o evangelho, “os espíritos imundos saíam de muitos, dando
gritos” (At 8.7). Jesus comissionou Paulo para pregar entre os gentios “para
abrir-lhes os olhos e convertê-los das trevas para a luz, e do poder de Satanás
para Deus, a fim de que recebam o perdão dos pecados e herança entre os que são
santificados pela fé em mim” (At 26.18). Segundo Paulo, sua mensagem e pregação
“não consistiram de palavras persuasivas de sabedoria, mas consistiram de
demonstração do poder do Espírito, para que a fé que vocês têm não se baseasse
na sabedoria humana, mas no poder de Deus” (lCo 2.4,5; cf. 2Co 10.3,4). Se
realmente cremos no testemunho da Escritura a respeito da existência e da
atividade dos demônios e se realmente cremos que “para isso o Filho de Deus se
manifestou: para destruir as obras do Diabo” (lJo 3.8), então parece apropriado
esperar que mesmo hoje, quando o evangelho é proclamado a descrentes e quando a
oração é feita por crentes que talvez não estejam conscientes desta dimensão de
conflito espiritual, poderá haver triunfo genuíno e muitas vezes imediatamente
reconhecível sobre o poder do inimigo. Devemos esperar que essa vitória
aconteça, imaginá-la como parte normal da obra de Cristo no desenvolvimento do
seu Reino e nos regozijar nela.
2. Jesus e a libertação de endemoninhados. Quando
questionado sobre ter curado no sábado uma mulher com um espírito de
enfermidade, Jesus respondeu: " E não convinha soltar desta prisão, no dia
de sábado, esta filha de Abraão, a qual há dezoito anos Satanás mantinha
presa?" (Lc 13.16). O verbo grego traduzido como "libertar" é
luo, e significa, nesse contexto, "livrar de laços",
"desamarrar", "tornar livre". Jesus veio para libertar os
cativos do Diabo. Essa libertação é, também, tida como uma cura ou livramento
do poder do mal (Lc 6.18). A palavra "curados" traduz o grego
therapeuo, de onde vem o vocábulo português terapia, e significa
"sarar", "curar", "restaurar a saúde". Ao
libertar dos demônios, Jesus trata, também, de todos os efeitos colaterais (Lc
10.19).
Comentário
Não convinha soltar desta prisão, no dia de sábado, esta filha de Abraão
(16). Para qualquer um que não esteja cego pelo preconceito, a resposta não só
é óbvia como também é mais poderosa quando está implícita e não abertamente
verbalizada. A referência de Jesus à mulher como sendo filha de Abraão sugere
que ela tem um duplo apelo à misericórdia e ajuda de todos os judeus - como um
ser humano e como uma compatriota israelita. E, dizendo ele isso, todos os seus
adversários ficaram envergonhados (17). A palavra todos indica que o chefe da
sinagoga tinha alguns ajudantes ativos no seu ataque ao Mestre. Mas a réplica
de Jesus era tão relevante e tão adequada, que até mesmo estes homens egoístas
ficaram envergonhados. Eles não expressaram qualquer refutação - não havia
nenhuma a fazer. E todo o povo se alegrava por todas as coisas gloriosas que
eram feitas por ele. O povo reconheceu e apreciou aquilo que os líderes
religiosos negligenciavam por sua cegueira: que Deus havia trabalhado entre
eles, e que havia demonstrado a sua ilimitada compaixão, assim como o seu
soberano poder. Aquilo que viram fez com que associassem este Jesus ao Deus do
Céu. Sem dúvida, a resposta de Jesus censurando o príncipe da sinagoga aumentou
o entendimento e a admiração que sentiram pelo milagre ali presenciado por
eles. Charles Simeon faz três reflexões sobre este episódio: 1) Quanta cegueira
e hipocrisia existem no coração humano! 2) Como é desejável abraçar cada
oportunidade de esperar em Deus! - esta mulher recebeu a cura porque
participava fielmente das reuniões na sinagoga; 3) Com que conforto e esperança
podemos confiar os nossos problemas a Jesus!
CONCLUSÃO
Quer as forças descontroladas sejam pessoais
ou impessoais, Jesus possui poder sobre todas elas. Em um mundo que nos parece
inóspito, onde forças sobrenaturais se mostram maiores do que nós, temos a
confiança que Deus está no controle de tudo.
Comentário
Satanás e os
demônios são opositores de todos os crentes verdadeiros e continuamente
trabalham em oposição a eles. Os Crentes, entretanto, são protegidos pelo
soberania de Deus e pela armadura que Ele deu a cada crente (2Co 11:3; Ef
6:10-18; 2Ts 3:3; Tg 4:7; 1Pe 5:7-10). Satanás e seus demônios são limitados no
que eles podem fazer (Jó 1:12; Jó 2:6; Lc 8:32). Ao final, eles serão punidos e
destruídos (serão tornados em ruína inúteis) de acordo com o julgamento
assegurado a eles pela morte e ressurreição de Cristo. Eles serão confinados
eternamente no Lago do Fogo (Is 24:21; Mt 25:41; Jo 12:31; Cl 2:15; Ap 20:10)]. NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e
isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário