Na entrevista concedida ao jornal O Globo, a atriz de 68 anos critica o
fato de que até hoje o aborto não tenha sido aprovado no Brasil, e se refere à
prática como um direito da mulher.
“Há espaços da mulher que foram conquistados e são sólidos. Mas há outros
em que a gente não consegue ir adiante, como o aborto, que é um direito. E por
quê? Por causa desse conservadorismo religioso com representação política. Não
tenho nada contra religião. Sou a favor de todas, mas não exerço nenhuma. Só
não quero uma religião legislando a minha vida”, afirmou Marieta Severo.
As declarações da atriz, embora legítimas, expõem algo que se faz
presente na sociedade brasileira, em todos os setores: intolerância. A noção de
conservadorismo ou progressismo é relativa, e o pensamento e a prática política
são garantidos a todos os brasileiros pela Constituição. A defesa da vida e a
reprovação da legalização do aborto são discursos tão legítimos quanto os que
ela defende.
Sobre a redução da maioridade penal, a atriz se posicionou contra,
voltando a destacar as liberdades individuais como prioridade sobre o coletivo:
“Sou contra a redução da maioridade penal e contra muita coisa que está em
evidência e que, para a minha geração, é chocante. Há um retrocesso que nunca
imaginei. Eu sou da década de 1960, do feminismo, da liberdade sexual, das
igualdades todas”, afirmou.
Para ela, é inimaginável que as pessoas passem a enxergar a vida e escolher
como viver a partir da ótica da religião: “Quando você tem essas conquistas, a
tendência é achar que elas estão conquistadas dali para a frente. Quando volta
esse moralismo, e esse mundo religioso começa a ditar as regras, é muito
assustador”
Em breve, a atriz voltará a fazer uma novela e estará no elenco de
Verdades Secretas, da TV Globo. Nos últimos anos, ela dedicou-se à personagem
Dona Nenê, do seriado “A Grande Família”, que foi ao ar nas últimas 14
temporadas.
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