Estamos disponibilizando pra você todo início de semana, mais um comentário sobre
cada lição da EBD. Assim fazemos, para que os irmãos possam melhor preparar sua
aula. Cada item, tem um comentário, para que o amado leitor entenda melhor os
tópicos da lição. Estudaremos esta semana a lição de nº 9 desse segundo
trimestre, que tem como título: AS LIMITAÇÕES DOS DISCÍPULOS. Para cada tópico,
deixamos o nosso comentário. Fizemos cuidadosa pesquisa a respeito dessa tão
importante lição. Buscamos auxílio e Ainda recorremos a vários mestres no
assunto, para que pudéssemos aplicá-lo para o seu melhor entendimento. Em caso
de dúvidas com relação ao assunto, deixe seu comentário, a sua dúvida, no final
desta postagem, que responderemos com todo prazer a sua pergunta. Espero
que satisfaça a todos e uma boa aula.
INTRODUÇÃO
Os discípulos de
Cristo demonstraram, em certos momentos da vida, exclusivismo, egoísmo, imaturidade,
bairrismo, etc. Eles erraram quando se esperava que acertassem (Lc 9.40,41).
Jesus censurou tais comportamentos e corrigiu o grupo, mas não abandonou os
discípulos.
Nesta lição, veremos
como, em diferentes circunstâncias, os discípulos agiram de forma oposta àquilo
que o Senhor lhes havia ensinado e como Jesus os conduziu à maneira certa de
agir. Esses fatos demonstram que os seguidores de Cristo não eram super-homens,
mas, sim, seres humanos que viviam suas limitações e, como tal, dependiam de Deus
para superá-las. Esses exemplos servem para nos orientar em nossa jornada de fé
a fim de que possamos cultivar as verdadeiras virtudes cristãs.
Comentário
Estamos
analisando o terceiro evangelho, no entanto, em Mateus 10.1, encontramos o
relato onde Jesus dá autoridade àqueles que ele havia chamado para ser seus
discípulos. Com base no título desta lição, que tipo de autoridade era esta e
para que servia? Neste mesmo capítulo, nos versículos 24-25, Jesus afirma que
“o discípulo não está acima do seu mestre” e que “basta ao discípulo ser como o
seu mestre”. Aos discípulos bastava serem iguais a Jesus! (1Co 11.1; Gl 4.19).
Segundo João 8.31, um discípulo é alguém que permanece na palavra do seu Mestre
Jesus, tem amor aos outros discípulos (Jo 13.35) e dá muito fruto (Jo 15.8),
até chegar à maturidade, à plenitude de Cristo (Ef 4.13). Como e em que grau a
jornada daqueles discípulos foi marcada por estas características? E a nossa?
Por que os discípulos não puderam expulsar o espírito mudo? Qual era a sua
limitação? Qual tem sido a nossa limitação?.
I
- LIDANDO COM A DÚVIDA
1. A oração e a fé. Logo
após acalmar a tempestade no mar da Galileia, Jesus perguntou aos seus
discípulos: "Onde está a vossa fé?" (Lc 8.25). Essa não foi a única
vez que o Senhor censurou os discípulos por não demonstrarem a fé necessária em
Deus. Quando viu a inoperância dos discípulos frente a um menino endemoninhado,
Ele disse: "Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei ainda
convosco e vos sofrerei?" (Lc 9.41). Há algo em comum nestas passagens
bíblicas - elas se relacionam com a vida devocional dos discípulos. A timidez
mostrada durante a travessia do mar (Lc 8.25) e a falta de autoridade para
expelir o demônio do garoto eram frutos de uma vida devocional pobre. Pouca
oração, pouco poder! Nenhuma oração, nenhum poder! As passagens paralelas de
Mateus e Marcos demonstram tal princípio (Mt 8.23-27; 17.14-20; Mc 4.35-41;
9.14-29).
Comentário
[Este mesmo
acontecimento tem paralelo em Marco 9.14-29. Nesta perícope, Jesus afirma ao
pai daquele jovem: “Se tu podes crer...” A questão pode ser compreendida como
“Foi por isso que você disse?” A exclamação de Jesus capta as palavras
duvidosas desse pai. A questão que decide o assunto não é poder de Jesus, mas a
fé do homem! A declaração de Jesus em relação à fé não nos concede a liberdade
de presumir a respeito da bondade de Deus ao pedir irresponsavelmente coisas
egoístas. Nosso desejo deve estar de acordo com a vontade de Deus (1Jo
5.14,15). A fé daquele pai havia estremecido e ele estava consciente dessa
imperfeição. Portanto, ele pede a Jesus para afastar toda a dúvida e
conceder-lhe a fé inquestionável! Oramos pedindo que a nossa fé seja aumentada?
Seja inquestionável?].
2. A Palavra de Deus e a fé. Se a falta de oração traz incredulidade, por outro
lado, a falta de conhecimento da Palavra de Deus produz efeito semelhante. É
isso o que mostra a história dos dois discípulos no caminho de Emaús (Lc
24.13-35). No mesmo dia em que ressuscitou, o Senhor apareceu a dois deles
quando se dirigiam para a aldeia de Emaús, cerca de 12 quilômetros de
Jerusalém. Depois de dialogar com eles, Jesus percebeu o quanto eram
incrédulos. O Mestre reprovou a incredulidade dos discípulos e os chamou
de néscios, isto é, desprovidos de conhecimento ou discernimento (Lc 24.25).
Atualmente, também, muitos que se dizem discípulos, estão sem
conhecimento, discernimento e fé no mover de Deus. Que o Senhor Jesus encha os
nossos corações de fé para que possamos viver e pregar a sua Palavra.
Comentário
Os fatos
narrados em Lucas 9, a partir do versículo 37, vêm logo depois de “Reunindo os doze, deu-lhes poder (dunamis) e
autoridade (exousia) sobre todos os demônios e para curarem enfermidades”
de Lc 9.1! Repare que os discípulos não foram bem sucedidos, nessa delegação de
poder e autoridade: "E roguei aos teus discípulos que o expulsassem, e não
puderam". "E Jesus, respondendo disse: Ó geração INCRÉDULA E
PERVERSA"! (...) Jesus nos mostra no verso 41, que a nossa autoridade deve
ser baseada em duas coisas de suma importância: com relação à incredulidade
temos a FÉ, com relação a
perversidade, devemos andar em SANTIDADE.
A mensagem central desse episódio que é contado pelos 3 evangelhos sinóticos:
Mateus 17,14-20; Marcos 9,14-29 e Lucas 9,37-43, é a questão da fé. Isso é
evidente em Mateus, quando os discípulos perguntam por que não puderam expulsar
aquele demônio. Jesus, nesse momento, responde: Por
causa da fraqueza da vossa fé, pois em verdade vos digo: se tiverdes fé como um
grão de mostarda, direis a esta montanha: transporta-te daqui para lá, e ela se
transportará, e nada vos será impossível" (Mateus 17,20).
II
- LIDANDO COM A PRIMAZIA E O EXCLUSIVISMO
1. Evitando a primazia. Lucas
registra que "suscitou-se entre eles uma discussão sobre qual deles seria o
maior. Mas Jesus, vendo o pensamento do coração deles, tomou uma criança, pô-la
junto a si" (Lc 9.46,47). Os discípulos precisavam de uma lição a respeito
de humildade. O exemplo de Jesus ao tomar uma criança, foi excelente e, com
certeza, eles puderam ver o quanto eram egoístas e ambiciosos. O
adjetivo comparativo meizon, traduzido como "maior", nesse texto,
mantém o sentido de "mais forte que". A ideia aqui é de primazia!
Quem é o primeiro? Quem é o mais forte? Quem é o mais apto? Pensamentos
assim não refletem a mente de Cristo, mas uma mente mundana e secularizada.
Infelizmente, muitos problemas nas igrejas são causados por leigos e clérigos
que querem exercer a primazia. Em Cristo Jesus, todos são iguais. Não somos
superiores ou inferiores a ninguém.
Comentário
Os discípulos de
Jesus tinham dificuldades em conviver com o sucesso, imaginário no caso, do
outro. A disputa deles tem a ver com a incapacidade de se respeitar o outro e
em se admirar o outro e de se entender que cada um tem um lugar no Reino de
Deus, em função de suas habilidades e em função da necessidade do Reino. Os
samaritanos odiavam os judeus porque estes cultuavam em Jerusalém; eles
detestavam o sectarismo judeu. Por esta razão, não cooperaram, como mandava a
hospitalidade, com os discípulos de Jesus que recolhiam donativos para a
viagem. A sua intolerância os cegou para ver o Messias. Os judeus odiavam os
samaritanos porque eles, no passado, tinham se envolvido em casamentos mistos
(com não judeus) e agora não podiam ser aceitos na comunidade dos filhos de
Abraão. Os discípulos se tornaram escravos deste mesmo sentimento. A sua
intolerância os levou a agir contra suas próprias convicções espirituais. Eles
eram crentes, o que prova que mesmo os mais crentes, como Pedro, Tiago e João,
os mais íntimos de Jesus, podem se tornar intolerantes, violentamente
intolerantes. O caminho para o reino dos céus se dá mediante a simples
confiança e dependência de uma criança, e o caminho para a grandeza acontece
através da humildade de uma criança expressa pelo serviço modesto.
2. Evitando o exclusivismo. Jesus também combateu o exclusivismo que se
revela através da mentalidade de um grupo fechado (Lc 9.49,50). A razão dada
pelos apóstolos para barrarem a ação daquele homem foi que ele não fazia parte
do grupo. Jesus mostra que o fato de expulsar os demônios pela autoridade do
seu nome e partilhar das mesmas convicções dos apóstolos credenciava aquele
homem a exercer o seu ministério. Embora não fizesse parte do grupo dos Doze,
partilhava da mesma fé. Não se trata, portanto, de validar crenças e práticas
sectárias ou heréticas, mas sim de não permitir que o exclusivismo religioso
nos cegue de tal forma que só venhamos a enxergar o nosso grupo.
Comentário
João, discípulo
de Cristo, em uma de suas andanças encontrou um homem que expelia demônios
usando o nome de Jesus. Este homem não era um dos seguidores de Jesus no mesmo
sentido que eram os apóstolos e outros comissionados para aquele trabalho
(Lucas 9.1-2; 10.1-12). João, talvez inspirado por um espírito de partidarismo como
o de Josué (Números 11.16-30), proibiu o homem de continuar sua obra. Talvez,
por causa do ensino sobre receber alguém em nome de Jesus, ele lembrasse do
homem que, aos seus olhos, estava usando este nome sem merecê-lo e portanto não
devia ser acolhido. Ele pede o parecer de Jesus sobre sua ação (Marcos 9.33-38;
Lucas 9.46-49). Ironicamente João estava agindo como os escribas que
anteriormente se opuseram a Jesus apesar da evidência da ação do Espírito Santo
na realização de exorcismos (Marcos 3.22). Agora ele se opunha a um homem que
tinha evidência de ter fé em Jesus e que estava fazendo o que alguns apóstolos
não tinham conseguido um pouco antes (Marcos 9.18,28). O Mestre ensinou que o
comportamento de João, que representava o dos doze, era errado (Marcos
9.39-40). "Quem não é contra nós,
é por nós" diz Jesus. Se aquele exorcista usava o nome de Jesus,
deveria ter sido considerado como amigo por João e não como inimigo ou
concorrente. Os discípulos de Cristo não precisam tomar "posições"
com respeito aos homens; os homens é que precisam tomar uma posição com
respeito a Jesus. O sentimento de rivalidade e de competição não é compatível
com o caráter de servo que Jesus ensinou aos seus seguidores. Ser seguidor de
Jesus é aprender a reconhecer que nem tudo tem de ser feito a nosso modo. Se o
exorcista estava a favor de Jesus, deveria ser incentivado e não criticado;
deveria, se necessário, ser instruído com maior exatidão sobre o caminho do
Senhor (Atos 18.24-19-7). Ele não era como os sete filhos de Ceva (Atos
19.13-16), mas parecia ser alguém com uma boa atitude espiritual. Este texto
tem sido usado para ensinar que não importa a doutrina que alguém prega, desde
que fale de Jesus: uma espécie de relativismo espiritual, onde um espírito meio
ecumênico e meio eclético é transportado ao texto bíblico. Dizem: "Não
importa se ele está pregando certo ou errado, mas se está falando de Jesus,
devemos considerá-lo como irmão". Este modo de pensar é incentivado pelas
Bíblias onde este texto recebe o título: "Jesus ensina tolerância e
caridade". O texto não ensina nada disto! Ensina que devemos saber
reconhecer apoio a Cristo e fé nele, mesmo quando a pessoa não é claramente
identificada com Jesus. É um texto que manda abrir os olhos para ver o apoio à
causa de Cristo e não um texto que manda fechá-los ao desvio da verdade. Nada
podia ser declarado sobre a salvação deste exorcista (Mateus 7.21-23), nem
ainda sobre todos os seus motivos interiores (Filipenses 1.15-18). De qualquer
forma, ele não era neutro em relação a Jesus, mas estava do lado dele, pois
"quem não está contra, está a favor" e vai evidenciar este fato com
atos de verdadeira fé (Marcos 9.41).
III
- LIDANDO COM A AVAREZA
1. Valores invertidos. No
relato de Lucas, Jesus acabara de incentivar seus discípulos a dependerem do Espírito
Santo (Lc 12.12) quando um homem que estava no meio da multidão falou:
"Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança" (Lc 12.13).
Essa solicitação estava na contramão dos ensinos de Cristo e por isso recebeu a
censura dEle: "Homem, quem me pôs a mim por juiz ou repartidor entre
vós?" (Lc 12.14). Enquanto Jesus ensinava a se evitar uma atitude
legalista e materialista, esse homem age de forma diametralmente oposta àquilo
que fora ensinado. Ele estava preocupado com a herança! Como muitos fazem hoje,
não estava preocupado em seguir os ensinos de Cristo, mas usá-lo como trampolim
para alcançar seus objetivos - a satisfação material.
Comentário
Quando o homem
pediu a Jesus que arbitrasse a disputa da herança, ele se recusou, fazendo a
pergunta: “Homem, quem me constituiu juiz ou partidor entre vós?” (Lucas
12:14). Ele estava simplesmente dizendo que não era seu propósito acertar
querelas de propriedade. É certo que o homem tinha entendido mal a meta da
missão de Jesus. O Senhor poderia ter deixado isso assim, mas não o fez. Jesus
acrescentou uma advertência: “Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer
avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele
possui” (Lucas 12:15). Que declaração forte! “Tende cuidado” ‒ mas o Senhor não
ficou numa única declaração de perigo; ele acrescentou outra ‒ “guardai-vos”. E
qual era o perigo contra o qual ele estava advertindo tão duramente? Avareza.
Ela é o assunto de muitas advertências bíblicas (Marcos 7:22; Romanos 1:29; I
Coríntios 5:10-11; 6:9-11; Efésios 5:3, 5; Colossenses 3:5; I Timóteo 6:10; II
Pedro 2:14). Um pecado sobre o qual as Escrituras advertem tão frequentemente
tem que ser muito espalhado. Será que somos cegos a este erro em nossas
próprias vidas? A avareza é um desejo desordenado por coisas. Vemos e queremos.
Coisas materiais tornam-se mais importantes para nós do que o Senhor, motivo
pelo qual a avareza é chamada idolatria (Efésios 5:5; Colossenses 3:5). Daí a
cobiça leva a outros pecados. A vida consiste de bem mais do que obter e
possuir simplesmente coisas. Ao invés disso, Deus quer que nós desfrutemos uma
vida plena, completa e equilibrada, e Ele fez provisões através de sua Palavra
para que nós nos realizássemos dessa forma. Ele prometeu suprir todas as nossas
necessidades (Fp 4.19) e prometeu satisfazer os desejos de nosso coração (Sl
37.4). Mas Ele também quer que tenhamos nossas prioridades claras: “Buscai
primeiro o Reino de Deus”. Desse modo – com todas suas promessas e prioridades
aplicadas equilibradamente em sua vida – “e todas essas coisas vos serão
acrescentadas” (mt 6.33).
2. Evitando a ansiedade.
Logo a seguir, Jesus profere um dos mais belos ensinamentos sobre como deve ser
a vida de um verdadeiro discípulo (Lc 12.22-34). Jesus ensina a respeito das
preocupações da vida. Como discípulos de Cristo não podemos viver ansiosos
pelas coisas desta vida. Precisamos aprender a confiar em Deus, nosso
provedor. As palavras de Jesus também revelam duas maneiras de se
enxergar o mundo - mostra como "os gentios do mundo" (Lc 12.30)
entendem a realidade à sua volta e como os seus discípulos deveriam agir diante
das mesmas circunstâncias. São duas cosmovisões totalmente diferentes e opostas
entre si. Enquanto uma interpreta a realidade da vida tomando por base os
valores meramente materiais, a outra a vê a partir de valores absolutos e
espirituais.
Comentário
[Compramos
coisas que não podemos pagar. Logo, devemos tanto dinheiro que não podemos
pagar nossas dívidas. Provérbios 22:7 adverte que quem pede emprestado se torna
um escravo do emprestador. O crédito fácil é um tirano. Como o peixe que
abocanha a isca do anzol, somos atraídos por coisas materiais e pela nossa
obsessão de tê-las agora mesmo. Não podemos pagá-las, mas não importa. Apenas
cinco pagamentos facilitados, ou um cartão de plástico. Mas a satisfação
instantânea tem seu preço, e é alto. A raiz do problema: a avareza ‒ queremos o
que queremos, e faremos coisas erradas para conseguir. Permitimos que nosso
emprego interfira com o serviço a Deus. Tornamo-nos tão devotados à nossa
carreira e a GANHAR MAIS e mais dinheiro que não temos tempo para ensinar,
estudar, orar ou adorar. Deus nos manda trabalhar (2 Tessalonicenses 3:10), mas
ele não quer que façamos de nosso trabalho um ídolo. Ele não quer que esposas
negligenciem sua responsabilidade principal de dirigir o lar (Tito 2:5; I
Timóteo 5:14) para se devotarem a uma carreira. A raiz do problema: avareza ‒
queremos o que queremos ‒ e faremos um deus de nosso trabalho para conseguir.
Murmuramos e nos queixamos a respeito do que não temos. “Seja a vossa vida sem
avareza. Contentai-vos com as cousas que tendes” (Hebreus 13:5). É fácil olhar
em volta e ver nossos vizinhos e colegas com mais do que temos e então
sentir-se privado. Sentimos que ficaríamos contentes se tivéssemos apenas mais
uma quinquilharia, mas quando a conseguirmos, logo desejaremos mais alguma
coisa. O problema é nossa atitude, não nossa posição financeira. “Quem ama o
dinheiro jamais dele se farta; e quem ama a abundância nunca se farta da renda”
(Eclesiastes 5:10). Se não estamos contentes com o que temos agora, não
ficaremos contentes com coisa nenhuma. A raiz do problema: avareza ‒ queremos o
que queremos ‒ e nos sentimos despojados se não conseguimos. Jesus simplesmente
disse: “... a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele
possui” (Lucas 12:15). Coisas materiais não são tudo o que a vida é. Nada
realmente valioso, desejável ou duradouro pode ser comprado. O Senhor poderia
ter parado aqui, porém não o fez.
IV
- LIDANDO COM O RESSENTIMENTO (Lc 17.3,4)
1. A necessidade do perdão. Jesus sabia quão maléficos são a falta de perdão e
o ressentimento. De fato, a Bíblia mostra que a raiz de amargura é um mal que
deve ser evitado a qualquer custo (Ef 4.31). A falta de perdão é vista como uma
raiz que produz brotos extremamente maléficos (Hb 12.15). No terceiro
Evangelho, Jesus nos ensina que a forma correta de se manter livre desse veneno
é possuir uma atitude pronta a perdoar. "Olhai por vós mesmos. E, se teu
irmão pecar contra ti, repreende-o; e, se ele se arrepender, perdoa-lhe; e, se
pecar contra ti sete vezes no dia e sete vezes no dia vier ter contigo,
dizendo: Arrependo-me, perdoa-lhe" (Lc 17.3,4).
Comentário
No sermão do (Mt
6.14, 15), Jesus durante sua ministração, deu uma grande ênfase sobre a
importância da necessidade de perdoar. Entre todos os pontos destacados por
Jesus na oração dominical, sem dúvida alguma, a necessidade de perdoar é o que
teve mais relevância, pois este tipo de preocupação se encontrava indispensável
em seu discurso. A Bíblia diz:
“Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão
tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro
reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta” (Mt 5.
23-24). “Se teu irmão pecar contra ti, vai argüi-lo entre ti e ele só” (Mt 18.
15). “Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo...
não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo” (Ef 4.25-27).
“Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo
de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai
a vós” (Cl 3. 13). Em outras palavras... Deus está dizendo: Não aceito o culto
de um coração magoado; Trate logo a ferida; Não espalhe o veneno da amargura;
Vá à pessoa que te magoou, Perdoe... Perdoe... Perdoe...O Rev Hernandes Dias
Lopes, escreve: “O perdão é o melhor remédio para a saúde emocional. O perdão é
a assepsia da alma, a faxina da mente, a alforria do coração, a cura das
emoções. Perdoar é lembrar sem sentir dor. Perdoar é zerar a conta e não cobrar
mais a dívida. O perdão é ato de misericórdia e manifestação da graça. O perdão
é absolutamente necessário. E isso, por várias razões: 1. O perdão é necessário
porque temos queixa uns dos outros. Nós não somos perfeitos, não viemos de uma
família perfeita, não temos um casamento perfeito, não temos filhos perfeitos
nem frequentamos uma igreja perfeita. Consequentemente, nós temos queixas uns
dos outros. Na verdade, nós decepcionamos as pessoas e as pessoas nos
decepcionam. Nossas fraquezas transpiram em nossas palavras e atitudes. Sem o
exercício do perdão ficamos entupidos de mágoas e a mágoa gera raiz de amargura
no coração. Não somente isso, a amargura perturba a pessoa que a alimenta e
contamina as pessoas ao redor. 2. O perdão é necessário porque fomos
perdoados por Deus. Quem é receptáculo do perdão precisa transformar-se em
canal do perdão. Aqueles que retêm o perdão ao próximo fecham-se para receber o
perdão de Deus. Não existe uma pessoa salva que não tenha sido perdoada. Na
verdade, no céu só entrarão os perdoados. Logo, é impossível ser um cristão sem
exercitar o perdão. Devemos perdoar assim como fomos perdoados. Como Deus nos
perdoou devemos nós também perdoar uns aos outros. Quando compreendemos a
enormidade do perdão recebido por Deus, não temos mais motivos para sonegar
perdão ao próximo. Nossa dívida com Deus era impagável e Deus no-la perdoou
completamente. Não fomos perdoados por mérito, mas por graça. Perdão não é
reinvindicação de direito, mas o clamor solícito da misericórdia. 3. O
perdão é necessário porque por meio dele restauramos relacionamentos feridos. A
Bíblia não oculta o perigo devastador da mágoa dentro da família e da igreja.
Exemplos como Caim e Abel, José e seus irmãos, Absalão e Amnon retratam essa
amarga realidade. Há pessoas feridas dentro do lar e também na assembleia dos
santos. Há pessoas doentes e perturbadas emocionalmente porque um dia foram
injustiçadas por palavras impiedosas e atitudes truculentas. Há pessoas
prisioneiras de traumas e abusos sofridos na infância. Há indivíduos que não
conseguem avançar vitoriosamente rumo ao futuro porque nunca se desvencilharam
das amarras do passado. O perdão destampa esse poço infecto. Espreme o pus da
ferida. Cirurgia os abcessos da alma. Promove uma assepsia da mente e proclama
a libertação das grossas correntes do ressentimento. O perdão constrói pontes
no lugar que a mágoa cavou abismos. O perdão passa o óleo terapêutico da cura,
onde o ódio abriu feridas. O perdão promove reconciliação onde a indiferença
quebrou relacionamentos. O perdão expressa o triunfo da graça, onde o ódio
mostrou a carranca do desprezo. 4. O perdão é necessário para experimentarmos
plena felicidade. Uma pessoa que nutre mágoa no coração não é feliz. O
ressentimento é autofagia, é autodestruição. Guardar mágoa é a mesma coisa que
o indivíduo beber um copo de veneno pensando que o outro é quem vai morrer. Nenhum
calmante químico pode aquietar uma alma desassossegada pela mágoa. Nenhum
prazer deste mundo pode aliviar a dor de um coração ferido pelo ódio. A mágoa
produz muitas doenças. Quem não perdoa adoece física, emocional e
espiritualmente. Mas, o perdão traz cura completa para o corpo e felicidade
plena para a alma”.
2. Perdão, uma via
de mão dupla. Jesus também mostrou
que o perdão é uma via de mão dupla (Lc 6.37). Quando ensinou sobre o perdão na
oração do Pai Nosso, Jesus foi categórico em dizer que quem não perdoa também
não será perdoado: "Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas,
também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas" (Mt 6.15). Não há
dúvidas de que há muitos cristãos com doenças psicossomáticas simplesmente
porque não conseguem perdoar. Guardam ressentimentos na alma como quem guarda
dinheiro em banco! James Dobson, famoso psicólogo cristão, disse que daria alta
a oitenta por cento de seus pacientes se eles conseguissem perdoar ou se
sentissem perdoados!
Comentário
Ainda o Rev
Hernandes Dias Lopes: “A Bíblia diz que Deus perdoa os nossos pecados e deles
não mais se lembra. Diz ainda, que devemos perdoar assim como Deus em Cristo
nos perdoou. O que significa perdoar e não mais se lembrar? Significa,
porventura, amnésia? Absolutamente não! Deus não tem amnésia. Deus sabe tudo e
jamais fato algum é apagado da sua memória. Mas, então, o que a Bíblia quer
dizer que Deus perdoa e esquece? Significa que Deus nunca mais cobra outra vez
aquilo que ele perdoou. Deus nunca mais lança em nosso rosto aquilo que
confessamos e abandonamos. Assim, também, quando a Bíblia diz que devemos
perdoar como Deus e esquecer, não significa que os fatos que nos machucaram
serão apagados da nossa memória. Isso é impossível e nem mesmo depende de nós.
As coisas vêm à nossa memória querendo nós ou não. Perdoar e esquecer significa
lembrar sem sentir dor; significa nunca mais cobrar da pessoa perdoada a mesma
dívida. O perdão é uma necessidade fundamental da vida. É impossível ter uma
vida saudável emocional, física e espiritualmente sem o exercício do perdão.
Quem não perdoa não pode orar. Quem não perdoa não pode trazer sua oferta
ao altar. Quem não perdoa não pode ser perdoado. Quem não perdoa adoece
fisicamente. Quem não perdoa é entregue aos verdugos e flageladores da
consciência. O perdão é até mesmo uma questão de bom senso. Quando
guardamos mágoa de alguém, acabamos nos tornando prisioneiros dessa
pessoa. Ela nos escraviza e nos mantém em cativeiro. Quando nutrimos mágoa de
alguém, esse alguém nos perturba continuamente. Se vamos nos assentar para
tomar uma refeição, essa pessoa tira o nosso apetite. Se vamos sair de férias,
essa pessoa pega carona conosco. Perdoar é a única maneira de quebrar essas
correntes e ficarmos livres. O perdão deve ser ilimitado. Jesus nos ensina a
perdoar até setenta vezes sete. Essa cifra não é literal. Ela aponta setenta
vezes o número sete, o número da perfeição. O perdão é ilimitado, pois é dessa
forma que Deus nos perdoa. Jesus deixou esse fato claro na sua parábola do
credor incompassivo. Aquele servo que recebeu um perdão de dez mil talentos não
perdoou seu conservo de uma pequena dívida de cem denários. Dez mil talentos é
seiscentas mil vezes mais que cem denários. Aquele que havia recebido um perdão
seiscentas mil vezes maior negou-se a perdoar alguém que lhe devia uma dívida
seiscentas mil vezes menor. O rei, então, lhe entregou aos verdugos até que ele
“pagasse” a dívida impagável. Um homem precisaria trabalhar cento e cinqüenta
mil anos para adquirir dez mil talentos recebendo o salário de um denário por
dia. A nossa dívida com Deus é impagável. Por isso, o perdão de Deus é
ilimitado. E Jesus foi enfático em afirmar que se não perdoarmos, não seremos
perdoados: “Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes
cada um a seu irmão” (Mt 18.35). O perdão é o caminho da cura das
feridas. É a ponte de reconciliação das relações quebradas. O perdão é o remédio
divino para os relacionamentos enfermos. O perdão é o bálsamo do céu para
aqueles que andam machucados e feridos pela mágoa. Hoje é tempo de perdoar.
Hoje é tempo de pedir perdão. Hoje é tempo de restaurar relacionamentos dentro
da nossa casa e da igreja, a fim de vivermos uma vida plena, maiúscula e
abundante”.
CONCLUSÃO
Ao estudarmos as limitações dos discípulos, alguns
fatos ficam em evidência. Observamos que a incapacidade para enfrentar Satanás
em Lucas 9.40 é justificada em Mateus 17.20 pela falta de fé; a incredulidade
dos discípulos no caminho de Emaús (Lc 24.13-35) é justificada pela falta de
conhecimento das Escrituras (Lc 24.25-27); o desejo por grandeza e primazia (Lc
9.46-48) é uma consequência de terem se amoldado à cultura do mundo, e a falta
de perdão existe por não se reconhecer a natureza perdoadora do Pai celestial.
Comentário
[Nos episódios
estudados, vimos uma sequência de falhas no comportamento dos discípulos.
Primeiro, no monte da transfiguração, Pedro sugeriu igualar Jesus com Moisés e
Elias, fazendo uma tenda para cada um. Enquanto isso, os discípulos que ficaram
ao pé do monte não conseguiam libertar um menino possesso, por lhes faltar a
oração e o jejum. Em seguida eles passaram a discutir qual seria o maior no
reino e queriam proibir um homem de expulsar demônios em nome de Jesus, por não
andar com eles. Agora Tiago e João querem matar os samaritanos que se recusam a
receber Jesus. A competição para ser o maior no reino não terminou nos dias dos
discípulos, continua hoje, mascarada em campanhas religiosas alardeando homens
como “O maior pregador do mundo”, “O mais versado nas Escrituras” ou “O mais
poderoso servo de Deus”. Lideranças que se intitulam “Apóstolos”, “Bispos”, que
na verdade não passam de homens arrogantes, numa guerra de vaidades sem
paralelo até mesmo entre os incrédulos. A resposta de Cristo a tudo isso é: “Vocês
não sabem de que espécie de espírito são”. NaquEle que me
garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é
dom de Deus" (Ef 2.8)”.
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