Esses cristãos
de pensamento e comportamento questionador, geralmente se apresentam como
contrários a uma máxima do meio: a submissão incondicional ao pastor.
De acordo com
reportagem do portal IG, os evangélicos progressistas enfrentam preconceitos no
meio, e também fora, por fazerem parte da comunidade e estarem todos
enquadrados no mesmo grupo aos olhos de quem vê o meio evangélico de fora.
“Infelizmente,
a sociedade vê o evangélico como conservador, limitado intelectualmente e
manipulável. Mas esta não é uma imagem totalmente verdadeira”, observa Elias
Aredes Junior, evangélico e comentarista esportivo.
O cientista
social Patrick Timmer é secretário-geral na Aliança Bíblica Universitária do
Brasil, em São Paulo, e evangélico praticante. Patrick se considera
progressista e afirma que essa definição é bastante ampla: “O termo
progressista pode significar muita coisa. Para mim, é não ter uma relação de
submissão incondicional com a figura do pastor ou do líder religioso”,
enfatiza.
Segundo
Patrick, o princípio usado pelos cristãos de Bereia, de ouvir as pregações e
“passar pelo crivo das escrituras para ganhar uma interpretação coerente” deve
ser valorizado no meio evangélico: “É preciso analisar o contexto, procurar
literaturas de apoio, conversar com outras pessoas. O diálogo e o debate sempre
ajudam na construção de uma democracia saudável”, opina. “Certas leituras podem
levar a uma interpretação equivocada de superioridade de gênero. Mas a submissão
para justificar a violência não tem base bíblica”.
Entre os
progressistas, há a preocupação que a polarização social de “evangélicos x
gays” resuma os dois lados a protagonistas de uma briga interminável. A
violência contra homossexuais não é defendida em nenhum dos segmentos
evangélicos, porém, os progressistas acreditam que a abordagem dos lideres
cristãos deve ser diferente.
“Posso não
concordar com a conduta gay, mas o Estado tem a obrigação de assegurar-lhes
todos os direitos, inclusive o de manifestação”, diz Elias Aredes Junior. A
opinião é compartilhada por Morgana Boostel, missionária da Comunidade
Anglicana Neemias: “É inadmissível qualquer tipo de violência contra
homossexuais. Isso inclui o preconceito, pois incita a violência”, afirma.
Morgana é
também secretária-executiva da Rede Fale, organização que reúne denominações
cristãs e que recentemente se posicionou contra o pastor Marco Feliciano na
polêmica envolvendo a Comissão de Direitos Humanos e Minorias.
“Estado laico
não é a ausência de elementos de fé, mas a possibilidade de expressá-la da
forma que cada um considere importante”, entende Morgana.
O cenário
social brasileiro, formado por pessoas de diversas etnias e origens, é algo
ainda incompreendido pela maioria das igrejas evangélicas, segundo Elias Aredes
Junior: “Muitas vezes, a igreja não consegue lidar com este cenário
multifacetado. E isso não é bom porque não contempla a diversidade. Quem não
estiver dentro de um modelo preestabelecido fica de fora”, detecta, antes de
frisar que há exceções: “O pastor da igreja que frequento é aberto ao diálogo e
respeita o que eu penso. Uma nobre e gratíssima exceção neste cinturão
ditatorial existente na comunidade evangélica brasileira”.
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