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quinta-feira, 12 de março de 2015

EBD Lição 11 - Não dirás falso testemunho

1º Trimestre_2015


Texto Base: Êxodo 20:16; Deuteronômio 19:15-20


“Não admitirás falso rumor e não porás a tua mão com o ímpio, para seres testemunha falsa” (Êx 23:1).



INTRODUÇÃO

Dando sequência ao estudo do Decálogo trataremos nesta Aula a respeito do Nono Mandamento:“Não dirás falso testemunho contra o teu próximo”. O testemunho falso, desnecessário, sem valor ou sem fundamento constitui uma das formas mais seguras de arruinar a reputação de uma pessoa e impedi­-la de receber tratamento justo por parte dos outros. Por causa de uma palavra mal falada, lares foram estilhaçados, reputação foi abalada, vidas literalmente destruídas, e até mesmo famílias inteiras arruinadas. A língua tem o fantástico poder de abençoar ou amaldiçoar, de curar ou ferir, de amar ou odiar. A falsa testemunha não ficará impune ao mentir sobre o seu semelhante, causando-lhe sofrimento - “... A falsa testemunha não ficará impune; e o que profere mentiras perecerá..." (Pv 19:9).

I. O NONO MANDAMENTO

O Nono Mandamento é mais uma maneira de expressarmos amor ao nosso próximo; neste caso, preservando a sua honra por meio de nossas palavras. Deus espera que, como seus filhos, a verdade flua de nossa boca e não o engano. A observância do Nono Mandamento contribuirá para a harmonia no convívio social. O Senhor Jesus Cristo citou este mandamento para o moço rico, juntamente com outros do Decálogo (Mt 19:18; Mc 10.19; Lc 18.20). Da mesma maneira, fez o apóstolo Paulo (Rm 13.9).

1. Abrangência. Dizer falso testemunho contra o próximo aplica-se não apenas ao perjúrio nos tribunais para prejudicar alguém, mas também à divulgação de boatos falsos e mexericos. Levantar acusações contra pessoas sem ter provas legítimas contra elas seria um ato pecaminoso e monstruoso. Não por acaso Tiago afirma que a língua é um membro capaz de incendiar uma floresta (Tg 3:7). Com a má língua pode-se rapidamente destruir reputações que levaram anos para serem construídas.

Li uma história de um jovem discípulo que contrariado com seu mestre levantou diversos falsos testemunhos contra ele causando-lhe grandes problemas. Anos depois ao saber que o velho mestre encontrava-se muito doente quase à morte, este jovem arrependido foi até ele para lhe suplicar o perdão dizendo que faria qualquer coisa para consertar o seu erro. O velho mestre gentilmente disse que aceitaria seu pedido de desculpas, mas pediu uma última tarefa ao jovem discípulo, dizendo-lhe que ele deveria pegar um saco cheio de penas e soltá-las do topo do edifício mais alto da cidade. Quando isso foi feito, o jovem voltou ao mestre que olhou para ele e disse: ‘Agora vá e recolha cada uma dessas penas e traga até mim’. O jovem exclamou: ‘Isso é impossível!’. E o velho mestre, como uma última lição lhe disse: ‘Da mesma forma que é impossível recolher as penas, é impossível que uma palavra proferida seja recolhida novamente’.

As palavras de um falso testemunho podem e devem ser perdoadas, mas nunca serão esquecidas por aqueles que foram tocadas por seu veneno.

Tiago recomenda que o homem seja "pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar" (Tg 1:19). Ouvir bem, ser cauteloso ao falar e não se irar facilmente são três métodos práticos para se cumprir construtivamente o Nono Mandamento. Mais adiante, Tiago mostra a dificuldade que o homem tem de dominar sua língua (Tg 3:8). Mas não existe justificativa para o cristão não cumprir de modo positivo o Nono Mandamento. Tiago ensina que a figueira não produz azeitonas, a videira não produz figos e a fonte de água doce não jorra água salgada (Tg 3:12). Portanto, o cristão deve refrear a língua, mesmo que seja praticamente impossível (Tg 3:8), pois isso corresponde a vontade e diretriz de Deus para ele.

2. Objetivo. Segundo o pr. Esequias Soares, o propósito divino neste mandamento é erradicar a mentira, a calúnia e a falsidade do meio do povo (Dt 19:20; Dt 17:3).

Segundo Hans Ulrich, “o problema da mentira é tão antigo como a história da humanidade. Já no jardim do Éden, Satanás usa uma pergunta falsa para arruinar o homem: ‘será que Deus disse...?’(Gn 3:1). As palavras mais frequentes que a Bíblia hebraica aplica à mentira são sheger(‘falsidade’, ‘engano’) e kazabh (‘mentira’, ‘engano’). Portanto, a mentira é uma declaração falsa que tem a intenção de enganar o próximo. Um exemplo clássico está em Juízes 16:10,13, quando Sansão mente três vezes para Dalila”.

Também, o propósito deste mandamento, segundo o pr. Esequias Soares, é “promover o bem-estar social e a fraternidade entre os seres humanos. No tocante à doutrina, o mandamento torna-se uma muralha de proteção contra os falsos ensinos teológicos” (2Co 13:8).

3. Contexto. A honra talvez seja a parte mais sensível do ser humano. O Nono Mandamento não somente defende a honra, mas também a vida. Com suas normas na legislação mosaica, este mandamento mostra a administração da justiça em Israel. Todo o sistema judicial hebreu era baseado no testemunho. Todas as provas eram colhidas a partir das falas das testemunhas (cf. Dt 19:15-21). Uma palavra podia salvar ou condenar, inclusive à pena capital. Moisés instrui os juízes de Israel tanto na esfera criminal (Nm 35:9-34) como também na esfera religiosa (Dt 17:2-7) e civil (Dt 19:14-21).

Um falso testemunho pode resultar num julgamento injusto e comprometer a idoneidade da corte. Não é possível a vida numa sociedade corrompida em que o cidadão de bem não se sente seguro diante de uma corte que não oferece confiança e de um modus operandi em conluio com os corruptos, como havia à época de Habacuque – “Por esta causa, a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta, porque o perverso cerca o justo, a justiça é torcida.” (Hc 1:4).

O sistema mosaico colocava a testemunha falsa sujeita à mesma pena que ela esperava ser aplicada ao acusado (Dt 19:16-21). Mesmo assim, nunca faltou quem se apresentasse como falsa testemunha.

II. O PROCESSO

1. Responder em juízo. “O Mandamento ‘não dirás falso testemunho contra o teu próximo’ (Êx 20:16; Dt 5:20) reflete o aspecto legal e isso é conhecido pelos termos usado e por sua regulamentação na lei”, afirma o pr. Esequias Soares. A palavra de um israelita contra a de outro não poderia ser válida para se estabelecer um julgamento. O processo religioso estabelece: "Por boca de duas ou três testemunhas, será morto o que houver de morrer; por boca de uma só testemunha, não morrerá" (Dt 17:6). Nem mesmo um processo civil que não envolvia pena capital deveria aceitar uma só testemunha: "Uma só testemunha contra ninguém se levantará por qualquer iniquidade ou por qualquer pecado, seja qual for o pecado que pecasse; pela boca de duas ou três testemunhas, se estabelecerá o negócio" (Dt 19:15). Dessa maneira, esperava-se um julgamento justo e transparente, mas nem sempre essas testemunhas eram idôneas e honradas. Mas, se a testemunha procedesse de forma mentirosa em qualquer processo ela “estaria cometendo o crime em nada inferior ao crime objeto do julgamento”; ela seria processada e “a sentença deveria ser a mesma que se destinava ao acusado” (cf. Dt 19:19). “Se a acusação exigia a pena de morte, ela deveria ser transferida do réu para a falsa testemunha” (cf. Dt 19:21). “Mesmo conhecendo o rigor da lei, a história registra um número considerável de personagens que não levaram em consideração o nono mandamento”, afirma o pr. Esequias Soares.

2. Falso testemunho. Trata-se de alguém que fala em vão, sem fundamento, que faz acusação sem validade e sem consciência, portanto falso. Ninguém podia ser acusado por uma só testemunha, pois a lei exige duas ou três testemunhas (Dt 19:15-20). Era a garantia de um julgamento justo. Mas nem sempre isso era possível”.

- Nabote foi acusado, julgado e condenado conforme a lei, mas era inocente, pois as testemunhas eram falsas (1Rs 21:13).

- O Senhor Jesus Cristo foi a principal vitima de falso testemunho. O sistema legal de Jerusalém foi arranjado por representantes da lei cujo propósito era fazer o linchamento parecer um julgamento justo conforme determina o sistema mosaico. Seus acusadores eram as autoridades políticas e religiosas: "Os príncipes dos sacerdotes, e os anciãos, e todo o conselho buscavam falso testemunho contra Jesus, para poderem dar-lhe a morte, e não o achavam, apesar de se apresentarem muitas testemunhas falsas" (Mt 26:59, 60). A passagem paralela de Marcos 14:55,56 afirma que as acusações dessas falsas testemunhas da elite do Sinédrio "não eram coerentes".

Estêvão foi também vítima de falsas testemunhas. Essas pessoas foram subornadas para falarem mentiras contra um homem justo; a acusação era de blasfêmia contra Deus, contra Moisés, contra o templo e contra a lei (At 6:11-14). Assim como o Senhor Jesus, Estêvão foi condenado à morte (At 7:58-60).

- O apóstolo Paulo foi acusado, além das demais acusações falsas de introduzir gentios no templo de Jerusalém (At 21:27-33). Os romanos o prenderam para livrá-lo de um linchamento por parte dos judeus radicais, mas este episódio foi o início do fim da carreira apostólica de Paulo.

3. O próximo. Segundo o pr. Esequias Soares “é no Nono Mandamento do Decálogo que o termo ‘próximo’ aparece pela primeira vez. A expressão ‘teu próximo’ era conhecida por qualquer judeu familiarizado com as Escrituras no período do ministério terreno do Senhor Jesus, mas parece que havia incerteza quanto a seu exato significado: ‘E quem é o meu próximo? ’(Lc 10:29), perguntou um doutor da lei a Jesus. O contexto dos evangelhos deixa claro que os judeus daquela época consideravam como seus ‘próximos’ apenas os amigos da mesma etnia, tribo e classe com quem mantinham uma relação mútua de afinidade e intimidade. Mas não é esse o pensamento do Antigo Testamento, que inclui também os estrangeiros além dos israelitas (Êx 3:22; Lv 19:34). O segundo e grande mandamento, ‘amarás o teu próximo como a ti mesmo’, é a palavra final sobre o assunto”. Portanto, “o próximo é qualquer pessoa, independentemente de sua etnia, status, confissão religiosa ou convicção política e filosófica”.

Múltiplas são as facetas do pecado contra a honra do próximo: desrespeito, resposta evasiva (Gn 4:9), engano proposital ou falsidade deliberada (Gn 27:19), ambiguidade, mordacidade, maledicência, injúria, ofensa, insulto, ódio, calúnia, detração, crítica desastrosa, murmuração, falsidade, malícia, logro (At 5:1-10), mexerico, zombaria, raiva. Toda manifestação de mentira provém do coração enganoso (Jr 17:9), que evidencia o desrespeito e o desprezo em nossos pensamentos e desejos íntimos.

III. A VERDADE

1. O que é a verdade?  Segundo Esequias Soares, “verdade é aquilo que corresponde aos fatos, em contraste com qualquer coisa enganosa, a mentira” (Dt 13:14; 17:4; Is 43:9).

Segundo Hans Ulrich, ao ser interrogado por Pilatos, Jesus respondeu que Sua missão é dar testemunho da verdade, e que todo aquele que ouve Sua voz é da verdade (João 18:37). Este jogo de palavras revela o segredo messiânico: Jesus é a verdade vinda do Pai; Ele é de fato o rei.

No testemunho joanino, a verdade de Cristo é uma força transformadora, capaz de nos libertar da escravidão do pecado; está escrito: "E conhecereis a verdade, e a verdade te libertará" (João 8:32).

A verdade de Jesus não nos deixa aprisionados, mas livres para sempre. O apóstolo João ainda afirma que é possível conhecer essa verdade. Conhecer alguém implica em ter interesse e abertura em relação a tal pessoa. Na medida em que se abre para a verdade e busca conhecer a Cristo, o homem desenvolve aquela fé que resulta na transformação real. O Nono Mandamento cumpre-se verdadeiramente na pessoa de Cristo. Ele colocará fim a toda mentira do homem e do diabo, de maneira que todo homem há de confessar que Ele é o Senhor (Fp 2:11).

O crente deve sempre escolher andar na verdade em quaisquer lugares: na família, na escola, no trabalho, nas amizades, em todo ambiente onde os seres humanos se relacionam entre iguais. Quem é de Jesus não tem outro compromisso que não seja a verdade. Não empreste a sua língua para levantar falso testemunho contra alguém. Como já disse, o nosso Senhor foi condenado pelos homens através do falso testemunho de outrem. A vida de Jesus nos ensina o lado que devemos escolher: o melhor é sempre o da verdade.

2. Antigo Testamento. Segundo Hans Ulrich, no Antigo Testamento, a palavra básica para "verdade" é “emet”, que deriva do conhecido vocábulo “amem” e significa fazer certo, concordar, suportar, sustentar. Também existe uma ideia de solidificação, estabilidade e firmeza. O oposto de “emet” é falsidade, mentira.

No testemunho do Antigo Testamento, Javé é a verdade (Is 65:36). Deus é o Deus da verdade (Sl 146:6; Jr 10:10). Ele não mente como o homem (Nm 23:19; Hb 6:18). Ele guarda Sua fidelidade ou, literalmente, Ele guarda Sua verdade para sempre (Sl 146:6) e é fiel e verdadeiro Seus conselhos (Is 25:1). Graça e verdade O precedem (Sl 89:14). Ele é grande em misericórdia e verdade (Êx 34:6). Suas palavras são verdadeiras (2Sm 7:28) e Sua palavra é reconhecida como a verdade (Sl 119:160).

O homem é criado à imagem de Deus e, portanto, é convidado por Deus a ser homem de verdade, integridade e fidelidade (Êx 18:21; Dt 1:13; Nm 7:2) e a andar na verdade (Sl 25:5; 43:3; 86:11).

Nos salmos, Deus nos exorta a praticar a integridade e a justiça, dizer a verdade de coração (Sl 15:2,3), refrear a língua, apartando-se do mal (Sl 34:13,14) e controlar a língua (Sl 39:2).

De acordo com a visão messiânica de Zacarias, a cidade de Sião será chamada cidade de verdade (Zc 8:3). O Senhor será "Deus em verdade e em justiça" (Zc 8:8), ou seja, Ele executará essas virtudes. A verdade não será um ato unilateral de Deus, pois o homem estará incluído nessa prática e participará da verdade. Isso significa que ele será capaz de falar a verdade com seu próximo (Zc 8:16) e realmente amar a verdade (Zc 8:19).

3. Novo Testamento. No Novo Testamento, Cristo é a perfeita expressão da verdade. Segundo Hans Ulrich, Cristo não apenas possui ou representa a verdade, Ele é a verdade em essência. A verdade se encarnou (João 1:14) e assumiu forma concreta em Jesus. Note que Ele não é uma verdade entre muitas outras verdades. Ele reivindica ser a verdade absoluta: "eu sou a verdade"(João 14:6).

Paulo recomendou aos colossenses que sua palavra fosse sempre agradável e temperada com sal, para saberem como responder a cada um (Cl 4:6). No capítulo 3 aos Colossenses, Paulo ensinou que o cristão não mente porque se despiu do velho homem, o que indica que, ao se tomar nova criatura em Cristo e participar da nova vida em Jesus, o homem passa a ser capaz de cumprir o Nono Mandamento. Para Paulo, existe uma nítida relação entre ser crente em Jesus e viver na verdade.

IV. O CUIDADO COM A MENTIRA

1. A origem da mentira. A mentira surgiu bem cedo na história da humanidade. Satanás, pai da mentira (Jo 8:44), no Éden, disse a primeira mentira registrada na Bíblia. Primeiro com uma indução (Gn 3:1) - “É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?” - e depois com a mentira propriamente dita (Gn 3:4) - “É certo que não morrereis”. Os nossos primeiros pais caíram em pecado justamente por não acreditarem nas palavras de Deus e sim nas mentiras proferidas pelo diabo.

A mentira não deve fazer parte da vida dos filhos de Deus. Ele ordenou: “…nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo” (Lv 19:11). “Os lábios mentirosos são abomináveis ao SENHOR” (Pv 12:22). Temos de abominar e detestar a mentira (Sl 119:163), rogando ao Senhor que a afaste de nós (Pv 30:8).

O nosso compromisso é com a verdade, por isso, “não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos” (Cl 3:9; cf. Ef 4:25).

2. O pecado da mentira. Segundo disse o pr. Esequias Soares, o Nono Mandamento proíbe toda forma de mentira, tanto aquela que se diz deliberadamente na vida diária como também sob juramento num tribunal. Tudo aquilo que se fala com o propósito de prejudicar o bom nome de alguém é pecado e violação deste mandamento. Na graça este mandamento aparece na esfera espiritual e não jurídica (Ef 4.25; Cl 3.9).

"Pelo que deixai a mentira e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros" (Ef 4:25).

O apóstolo Paulo mostra que engendrar pensamento falso, falar mentira, propalar falsos rumores faz parte do estilo de vida do mundo pagão. Portanto, nós que somos convertidos à fé cristã temos pela frente o desafio de mudar o nosso padrão de vida; precisamos agora viver como discípulos de Cristo.

3. O problema da mentira branca (*). Segundo Hans Ulrich, tudo o que se diz deve ser verdade, mas nem tudo o que é verdade deve ser dito. Em outras palavras, do ponto de vista da ética cristã, é bom e aconselhável diferenciar entre mentira proposital, engano ou erro de cálculo, retenção da verdade e mentira branca. Sabemos que, na prática, nem sempre é possível sair deste problema moral. Tal conflito leva muitas pessoas às mentiras brancas, conhecidas também por mentiras de emergência, úteis ou serviçais.

A mentira de emergência surge quando o homem se encontra no dilema de não querer admitir toda a verdade nem querer mentir propositadamente. Qual a solução para este problema? Pode-se mentir numa emergência? Jesus ensinou a dizer "sim" ou "não". O problema é que o ideal não ajuda a chegar a conclusões concretas nos casos em que o "não" constitui uma mentira e o "sim" prejudica meu próximo. É lícito guardar propositadamente um segredo e evitar dizer a verdade plena? Ou a proibição à mentira é um absoluto moral?

O Antigo Testamento relata as mentiras dos patriarcas, sem que tal atitude fosse rejeitada imediatamente no contexto: de Abraão (Gn 12:11-13; 20:1-12); de Isaque (Gn 26:7-11); deJacó (Gn 27:8-27). As parteiras que salvaram muitos filhos dos hebreus são consideradas mulheres tementes a Deus (Êx 1:21). Também na história de Davi e seu amigo Jônatas consta a mentira emergencial (1Sm 20:1-30).

Todavia, no Novo Testamento não há lugar para qualquer forma de mentira. Jesus ensinou a dizer a verdade (Mt 5:37). Seria trágico se daí se concluísse que a verdade deve ser dita da mesma forma, em qualquer lugar, a qualquer hora e para qualquer pessoa.

Hans Ulrich, citando Bonhoeffer disse: a verdade não pode ser dita em qualquer lugar, a qualquer hora e para qualquer pessoa de igual maneira. Ao dizer a verdade plena, o médico pode provocar a morte imediata de um paciente sensível. Em um regime totalitário, a verdade plena também pode pôr fim a vidas preciosas. Não somos obrigados a responder toda a verdade a um regime de mentira que faz morrer milhares de pessoas inocentes. Por outro lado, é preciso levar a sério o ensino de Jesus: é melhor dizer "sim" ou "não" do que jurar (Mt 5:37).

CONCLUSÃO

Uma maneira de evidenciar nossa obediência a Deus quanto ao Nono Mandamento é amar sempre a verdade. A carta aos Coríntios nos lembra de que o amor “não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade” (1Co 13:6). Quem ama de fato a Deus e ao próximo como a si mesmo deve ter sua real satisfação em falar a verdade e nunca dizer falso testemunho. Quando minamos a reputação de outra pessoa pelas palavras que falamos, somos culpados de causar danos indescritíveis na vida desta pessoa, e de destruir a respeitabilidade e credibilidade dela diante da sociedade em que ela vive, quer seja no trabalho, comunidade, congregação ou mundo secular. Pense nisso!


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