Entre as declarações que desagradaram essa parte da
população americana está o discurso da exortação apostólica publicada na
Evangelii Gaudium onde Francisco afirma que rejeitava as teorias que afirmam
que o livre mercado faz com que a riqueza, cedo ou tarde, seja distribuída.
O radialista americano Rush Limbaugh usou seu programa
para criticar o líder católico dizendo que tal afirmação é “puro marxismo”. O
programa foi ao ar no final de 2013 e o papa precisou se defender dizendo que a
redistribuição da riqueza, as injustiças do sistema capitalista e a necessidade
de ajudar os mais pobres é inspirada no Evangelho e não tem nada a ver com
marxismo ou comunismo.
Na Fox News o papa argentino também foi criticado, dessa
vez pela declaração a respeito das mudanças climáticas e ecologia. O jornalista
Adam Shaw criticou o religioso e disse que Francisco “tinha uma pauta
ambientalista radical”.
Shaw chegou a dizer na TV que o papa será um desastre
para a Igreja Católica. “Como o presidente Obama, que foi uma decepção para os
Estados Unidos, o papa Francisco demonstrará ser um desastre para a Igreja
Católica”.
Para James Pethokoukis, jornalista e analista do
American Entreprise Institute (AEI – sigla em inglês), é possível entender
porque os conservadores estão contra o novo papa. “Muitos conservadores dos EUA
sentem que João Paulo 2º e Bento 16 estavam do lado deles, pois pareciam
apreciar que o livre mercado é algo bom para criar riquezas e oportunidades”,
disse.
Mas Francisco adotou um discurso diferente, fazendo
comentários contra o capitalismo, o que na visão de Pethokoukis é um erro, já
que o modelo econômico “continua sendo uma força incrível nos últimos 200 anos
para aumentar os níveis de vida de milhões de pessoas em todo o mundo”.
A BBC também
conversou com William Doyle, professor de economia da Universidade de Dallas, no
Texas, instituição católica, e ele se mostrou surpreso com essas declarações
feitas pelos mais conservadores.
“João Paulo 2º e Bento 16 são mais bem vistos entre
conservadores porque passaram muito mais tempo falando dos dogmas do
catolicismo, sobretudo os relacionados à moral sexual (…) O papa Francisco
desviou a conversa para o sofrimento que causa a pobreza e a indiferença diante
dela, o que acredito que gera incômodos a alguns dos que tem muito dinheiro”,
comentou.
Mas enquanto não agrada os conservadores, Francisco
também não é bem visto pelos liberais americanos por conta dos escândalos
sexuais que envolvem religiosos e pela postura em relação a questões morais.
O Papa Francisco deve passar pelos Estados Unidos em
setembro deste ano e apesar dessas crises, deve ser bem recebido pelos
católicos americanos, quer sejam republicanos ou democratas. “As pessoas se
interessam por este papa porque tem um discurso diferente em muitos assuntos e
uma personalidade muito atraente. Garanto que tanto democratas como
republicanos vão querer fazer uma foto com ele”, disse James Pethokoukis.
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