Um menino cristão que foi capturado pelo Boko Haram
e conseguiu escapar de um alojamento relatou os bastidores do grupo terrorista
que pretende exterminar o cristianismo na Nigéria.
Tratado pelo codinome Henry a fim de preservar sua
identidade, o menino concedeu uma entrevista ao jornalista Emmanuel Ogebe, do
portal Breitbart, e deu detalhes do que viu e ouviu nas fileiras do Boko Haram.
“O Boko Haram raramente é misericordioso com
meninos cristãos”, escreveu Ogebe, reproduzindo o que ouviu de Henry. De acordo
com o jornalista, o menino foi capturado com uma séria e irreparável lesão na
perna.
Os extremistas podem tê-lo confundido com um menino
muçulmano ferido na guerra e criaram alguma simpatia por ele. Por isso,
preservaram sua vida e o levaram a um de seus acampamentos, onde recebeu
curativos e alimento.
Lesão na
perna do menino Henry
Ogebe escreveu em sua reportagem que “ser soldado
significa decapitação imediata”. O Boko Haram não poupa a vida dos “inimigos”:
“Aos cristãos em geral é dada a chance de se converter ao islamismo antes de
serem mortos. Isso não acontece com soldados [nigerianos] – cristãos ou
muçulmanos”.
O jornalista afirmou ainda que Henry compartilhou
algumas coisas que ouviu dos extremistas sobre o sequestro das 276 meninas estudantes. O menino
afirmou que o comentário mais comum entre eles era “Nós perturbamos o mundo
sequestrando essas meninas”.
Henry afirmou que o episódio foi visto como um
aprendizado por parte dos terroristas: “Se soubéssemos, teríamos feito isso
antes. Quando matamos um bando de colegiais em Buni Yadi e deixamos as demais
meninas irem embora, elas alertaram as outras garotas para abandonarem a
escola. Deveríamos tê-las levado. É o que vamos fazer a partir de agora”, diziam
os militantes.
Como era tratado como um sobrevivente, Henry
recebeu a oferta de se casar com qualquer uma das meninas capturadas, mas
recusou. Ele também informou que o Boko Haram mantém os homens e as mulheres
capturadas em espaços separados. Os militantes casados ficam em espaços
afastados e privativos, chamados de Married Officers Quarters (MOQ), que pode
ser traduzido como Alojamento dos Oficiais Casados.
“Uma vez que uma mulher é mandada para lá, é um
caminho sem volta”, revelou Henry, que conseguiu fugir de um alojamento
aproximadamente nove meses depois de ter descoberto que o Boko Haram tinha
destruído sua cidade natal, que era habitada “completamente” por cristãos.
Emmanuel Ogebe frisa em seu texto que “Henry não
pode deixar os terroristas saberem que aquela era sua cidade natal porque com
certeza ele será morto também”.
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