Em sua visita
aos Estados Unidos, Francisco discursou sobre diversos temas, e dentre eles,
falou sobre os fracassos que podem trazer desânimo aos cristãos em sua
obrigação evangelística e aparentar que a propagação do Evangelho é
ineficiente.
“Foi-nos confiada
uma grande responsabilidade e o povo de Deus, justamente, espera resultados.
Mas o verdadeiro valor do nosso apostolado é medido pelo valor que o mesmo tem
aos olhos de Deus. Ver e avaliar as coisas a partir da perspectiva de Deus
chama-nos para uma conversão constante ao primeiro tempo da nossa vocação e –
nem é preciso dizê-lo – a uma grande humildade”, disse o papa.
Nesse
contexto, Francisco afirmou que a crucificação de Jesus, embora concluísse com
perfeição o plano divino, representava o fracasso de uma vida humana, que
terminou com a injusta condenação de um homem sem máculas.
“A cruz
mostra-nos uma maneira diferente de medir o sucesso: a nós cabe-nos semear, e
Deus vê os frutos do nosso trabalho. E se, às vezes, os nossos esforços e o
nosso trabalho parecem gorar-se e não dar fruto, estamos a trilhar a mesma via
de Jesus Cristo; a sua vida, humanamente falando, acabou com um fracasso: o
fracasso da cruz”, disse, reiterando que mesmo um aparente fracasso para
aqueles que foram contemporâneos de Jesus, resultou no milagre da salvação.
O pontífice
ainda foi além e disse que os que se sentirem “fracassados” em suas missões
devem olhar para Jesus e ver que, o que humanamente pode ser interpretado como
fracasso, pode ser, na verdade, um sucesso sob a perspectiva divina.
Em meio à
polêmica gerada pela exposição do papa nessa questão, muitos evangélicos
fizeram uma interpretação mais literal e primária do termo usado pelo líder
católico, e se apressaram em críticas.
No entanto, o
reverendo Hermes C. Fernandes seguiu a contramão das críticas e publicou um
comentário sobre o episódio, apresentando outros vieses do “fracasso” humano de
Jesus na cruz.
“Sim, Jesus fracassou na cruz. Para a
turma dos ‘hosanas’, que esperava que Ele desse um golpe de Estado e assumisse
o poder na marra, a cruz foi um grande fiasco. Para os discípulos que apostaram
as últimas fichas de que Ele restauraria o trono de Davi naqueles dias, a cruz
foi um vexame. E até hoje, para quem faz do evangelho um meio de
enriquecimento, a cruz é, no mínimo, um constrangimento. Mas como Deus jamais
perde a mania de subverter as coisas, assim como a Sua loucura é mais sábia que
a sabedoria humana, e a Sua fraqueza mais forte que o poder de que nos gabamos,
assim também, o aparente fracasso da cruz nada mais é do que a Sua retumbante
vitória. Foi o fracasso da agenda humana, mas a vitória da agenda de Deus”,
comentou.
Concluindo
seu raciocínio a respeito do que a cruz representa em seu sentido mais
relevante para quem crê em Jesus Cristo, o reverendo destacou a graça redentora
que fluiu daquele sacrifício: “Foi lá que Ele destituiu os principados e
potestades, ridicularizando sua presunção. Foi lá que Ele revelou as nossas
misérias e ao mesmo tempo a Sua misericórdia. Foi lá que Ele arcou com nossa impagável
dívida e expressou de maneira mais eloquente o Seu imenso amor pela criação.
Sua vitória não se deu na ressurreição, como alguns imaginam, mas em Sua morte.
A ressurreição foi o pódio de onde Sua vitória foi anunciada”, finalizou.
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