No
bate-papo, descontraído, o pastor respondeu às perguntas sobre as polêmicas em
que tem se envolvido e também sobre outras questões políticas que envolvem as
disputas no Congresso Nacional.
Sabrina
iniciou a entrevista perguntando a Feliciano se ele havia se casado virgem: “Eu
posso não responder essa pergunta? É constrangedora… Eu sou um ser humano
normal, tenho minhas necessidades, tenho a minha vida. Nem toda vida eu fui
evangélico. Eu sou ortodoxo nesse assunto… Pra mim, sexo [é] depois do
casamento.
Sobre
o ex-deputado federal Domingos Dutra (PT-MA), que ocupou o cargo de presidente
da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) antes dele, o pastor Marco
Feliciano voltou a reforçar sua postura expressa na entrevista à revista Veja.
“No dia anterior, ele conversou comigo, e tava tudo bem. No dia seguinte, deu
aquele espetáculo. A pessoa que age assim tem duas caras”.
Questionado
sobre sua interpretação para os direitos humanos, Feliciano lembrou de sua
atuação no caso do pastor iraniano Yousef Nadarkhani: “Você não sabe, mas foi
eu que provoquei uma notícia sobre um iraniano que estava preso no corredor da
morte. Ele havia sido acusado do crime de apostasia. Havia deixado o islã, e
havia se transformado em cristão. Eu lutei por ele aqui dentro, fui até o
Itamaray, tiramos ele do corredor da morte, o Irã perdoou ele, não morreu. Isso
é direitos humanos”.
O
pastor foi perguntado sobre os dois segmentos sociais que mais estão rendendo
polêmicas em torno de seu mandato à frente da CDHM, e repetiu o discurso que
vem apresentando desde sua eleição para o cargo: “Qualquer direito que eles
tenham roubados, e procurarem a comissão, serão ouvidos da mesma forma. Qual é
o poder da Comissão de Direitos Humanos? Ouvir, e encaminhar para o Ministério
da Justiça, para os departamentos necessários”, pontuou o pastor, que foi além
na questão dos cidadãos de etnia negra: “Existem comunidades no Brasil que são
negros herdeiros da época da escravidão, e algumas terras deles estão sendo
tomadas. Temos aqui, duas audiências públicas programadas para isso”.
Sobre
sua publicação no Twitter em que abordou a maldição proferida por Noé a seu
neto, Canaã, Feliciano voltou a negar as acusações de racismo: “Eu nunca disse
que negro é amaldiçoado. 70% dos membros da igreja evangélica brasileira são
afrodescendentes. Eu sou afrodescendente”. O pastor foi ainda perguntado
hipoteticamente sobre como reagiria caso descobrisse que uma de suas filhas se
relaciona com um negro: “Se minha filha amasse uma pessoa, de qualquer cor que
fosse, eu ia respeitá-la porque é a vida dela”.
Sabrina
optou por perguntar diretamente sobre a publicação da maldição ao descendente
de Noé: “A Bíblia é um livro muito complexo. Quando eu estava dando esse ensino
pelo Twitter, uma das vertentes intelectuais que eu citei foi essa: de que há
um pensamento que o continente africano foi formado por um dos descendentes de
Noé, e esse foi amaldiçoado. Eu nunca disse que essa era minha posição. O
Twitter tem 140 caracteres só. Não se pode falar isso ou aquilo por causa de 140
caracteres. Pra pessoa ser racista, ela tem que ter um histórico racista”.
A
repórter e apresentadora do programa Pânico na Band perguntou a Feliciano sobre
sua relação com o pastor Silas Malafaia, que recentemente saiu em sua defesa,
apesar de ressaltar que possuem “diferenças públicas”. Marco Feliciano foi
sucinto: “É um amigo, grande líder”. Sabrina perguntou sobre a relação dele com
o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), outra figura polêmica da Câmara dos
Deputados, e o pastor respondeu: “Gente boa também”. A entrevistadora então
perguntou se eles formariam o trio parada dura, e Feliciano respondeu
prontamente: “Eu sou um pouquinho diferente, sou mais tranquilo, não sou tão
briguento”.
As
manifestações públicas e contrárias de artistas e outros ativistas sobre o
pastor foram abordadas pela repórter, que perguntou se não seria melhor que
Feliciano divulgasse o amor. O pastor respondeu à pergunta contextualizando a
fonte de boa parte das críticas: “Meu pessoal me apresentou uma página no
Facebook, com minha foto e mais de cem frases racistas. E na verdade, era
falso. O brasileiro tem uma cultura de ir pela cabeça dos outros, e não procura
saber a fonte”.
Sabrina
voltou à questão da homossexualidade, e perguntou ao pastor qual havia sido a
verdadeira declaração dele contra a prática que havia causado tanta
repercussão: “Como deputado, eu sou um guardião da Constituição. No artigo 226,
parágrafo 13, diz assim: ‘Só é reconhecido como casamento civil, aquele que se
tornou depois de uma união estável, a união entre um homem e uma mulher. Isso é
o que está escrito na Constituição. Qualquer luta para que isso seja ao
contrário, é preciso que seja apresentado no Congresso Nacional um projeto de
emenda constitucional”, disse, interrompido pela repórter que questionou se
Feliciano não concordava que era um direito dos homossexuais: “Direitos sim,
privilégios não. Se você quebra uma lei estabelecida aqui dentro [Constituição
Federal], você abre o presságio e quebra todas as outras”.
“Você
acredita que eles têm que continuar lutando?”, perguntou Sabrina Sato. O pastor
respondeu contra-atacando: “Sim. Mas eles têm que lutar com um pouco mais de
inteligência. Tragam o projeto, coloquemos em votação. Isso é votado pelo
colegiado, e que vença o melhor argumento. Porque esses ativistas nunca fizeram
isso? Eles tem que mudar a Constituição, para depois serem votadas as outras
coisas”.
A
respeito da PL 122, que prevê a criminalização da homofobia, e que enfrenta
resistência da bancada evangélica por não especificar o que caracterizaria o
crime e por ser, ao entender da maioria dos líderes cristãos, uma tipificação
de cidadão privilegiado, Feliciano afirmou que “do jeito que está, não [pode
ser votada]”, e explicou um pouco sobre os bastidores do Congresso: “Nós já
tentamos sentar com o pessoal da PL 122 para apresentar uma coisa que chegue ao
bem comum de todas as pessoas. O deputado Jean Wyllys, antes da votação, eu
chamei ele ali no cafezinho do Plenário e falei: ‘Jean, vamos tentar um
diálogo?’”.
Marco
Feliciano disse ainda que tenta manter um relacionamento no âmbito parlamentar
com o ativista gay e deputado federal Jean Wyllys, e posicionou-se sobre a
ameaça de processo feita por ele: “Meu relacionamento com o Jean aqui dentro,
nós sempre conversamos amigavelmente. Mesmo ele me alfinetando sempre no
Twitter. A diferença é que o povo dele vem pra briga, e o meu povo só ora. Os
evangélicos não são contra gays, eu não sou [...] O problema não são os gays,
[eles] são gente boa. Tem um menino que mora na minha cidade, é ele que faz o aniversário
das minhas filhas, mobília minha casa, enfeita minha casa, almoça comigo e com
a minha esposa e é homossexual [...] O problema são os ativistas. Eles recebem
pra isso, e vem pra tumultuar, não vem para o diálogo”, explicou Marco
Feliciano.
O
pastor revelou ainda que os ativistas que tem tumultuado as sessões da CDHM
impediram que fosse votada uma moção de repúdio ao presidente interino da
Venezuela, Nicolás Maduro, que tenta a reeleição e que já fez declarações
homofóbicas. “Pergunta se a militância deixou a gente votar? Eles não queriam
saber o que estava fazendo. Me rotularam como homofóbico porque eu luto pelos
votos que eu represento. 212 mil fiéis evangélicos que pensam como eu”.
Perguntado
sobre uma eventual renúncia ao cargo de presidente da CDHM, Feliciano frisou
que não pensa nessa opção: “Uma coisa é você dialogar como adulto. Uma coisa é
você chegar em casa e ter que explicar para uma criança de dez anos porque que
na escola falam que seu pai é racista. Isso dói, isso machuca. Então uma
renúncia minha agora, é como se eu assinasse um atestado de confissão. ‘Eu sou
mesmo, então eu estou abandonando’. Então, eu não sou, e estou aqui para provar
isso”.
Corintianos presos na Bolívia
Marco
Feliciano afirmou que irá à Bolívia conversar com a família do adolescente
Kevin Espada, torcedor do San José e que acabou morto numa partida contra o
Corinthians, pela Libertadores da América.
O
embaixador da Bolívia facilitará o encontro do deputado com os familiares do
torcedor, para que o deputado solicite à família a retirada da queixa contra os
12 torcedores corintianos que são mantidos presos sob a acusação de
assassinato.
De
acordo com a RedeTV!, o presidente da CDHM justificou a iniciativa afirmando
que a defesa de brasileiros presos no exterior sempre foi uma prerrogativa do
Congresso Nacional.
Fonte: Gospel+
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