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Missionário Vicente Dudman
Formatura:
Teologia -
Assembleia de Deus no Brasil
Direito - Universidade Estácio de
Sá (Câmara Cascudo) no Rio
Grande do Norte.
Inglês - University of Texas
Estados Unidos. |
Estamos disponibilizando pra você todo início de semana, mais um comentário sobre cada lição da EBD. Assim fazemos, para que os irmãos possam melhor preparar sua aula. Cada item, contém um comentário, para que o amado leitor entenda melhor os tópicos da lição. Estudaremos esta semana a lição nº 05, desse 2º trimestre, que tem como título: A MARAVILHOSA GRAÇA. Para cada tópico, deixamos o nosso comentário. Fizemos cuidadosa pesquisa a respeito dessa tão importante lição. Buscamos auxílio e Ainda recorremos a vários mestres no assunto, para que pudéssemos aplicá-lo para o seu melhor entendimento. Em caso de dúvidas com relação ao assunto, deixe seu comentário, a sua dúvida, no final desta postagem, que responderemos com todo prazer a sua pergunta. Espero que satisfaça a todos, e tenha uma boa aula.
INTRODUÇÃO
O capítulo cinco da Epístola aos Romanos mostra o
triunfo da graça sobre o pecado. Paulo já havia falado a respeito da
justificação, mas o que significava isso na prática? Que implicações teria na
vida dos crentes? O apóstolo não procurou filosofar a respeito da origem do
pecado e suas consequências. Ele buscou mostrar, de forma clara, como Deus
resolveu essa questão. A graça de Deus nos justificou, abolindo o domínio do
pecado e fazendo-nos viver livres em Cristo.
Comentário
Temos visto até agora que há homens que, por causa da queda em Adão
permanecem sob condenação e em inimizade com Deus, e homens que, pela redenção
em Cristo, o ‘último Adão’, estão justificados e em paz com Deus. Para
demonstrar a consistência de sua tese, Paulo retroage no tempo e demonstra onde
e como se deu a condenação de todos os homens, contrastando com a redenção em
Cristo (Rm 5.12 -21). Paulo demonstrou que Adão e Cristo constituem-se 'os
cabeças' de duas famílias distintas. Este trouxe à vida (existência) os filhos
de Deus, e àquele traz à existência na condição de mortos e em inimizade com
Deus os filhos da ira, filhos da desobediência, filhos do diabo, ou filhos de
Adão (Rm 5.15-19). O Capítulo 6 é iniciado com um esclarecimento acerca do
capítulo 5.20-21, de que o aumento do pecado aumentava a graça; Alguns poderiam
alegar que, se, através do pecado, estavam proporcionando uma oportunidade a
Deus para apresentar a grandiosidade de sua graça, com isso, eles poderiam
pecar mais e mais. Paulo, então, diz que a idéia de um cristão continuar no
pecado é totalmente contrária ao evangelho. O pecado é abominável e destrutivo,
e aqueles que estão mortos para o pecado e o poder governante do pecado nunca
mais deveriam querer viver nele.
I – OS INIMIGOS DA GRAÇA
1. Antinomismo. Paulo percebeu que a sua
argumentação a respeito da graça poderia gerar um mal-entendido. Por isso,
tratou logo de esclarecer o seu pensamento a respeito do assunto. Usando o
método de diatribe, ele dialoga com um interlocutor imaginário, procurando
explicar de forma clara o seu argumento. Paulo já havia dito que onde o pecado
abundou, superabundou a graça (Rm 5.20). Tal argumento seria uma afirmação ao
estilo dos antinomistas, pois estes acreditavam que podemos viver sem regras ou
princípios morais.
Comentário
Após demonstrar que 'onde o pecado abundou, superabundou a graça', Paulo
antecipa-se àqueles que poderiam argumentar que permaneceriam no pecado visando
aumentar a graça. 'Que diremos...', ou seja, qual deve ser o entendimento do
cristão? Permanecer no pecado (em Adão), para que a graça aumente? Não! Este
não deve ser o entendimento do cristão. O argumento dos críticos seria esse: se
Deus justifica o pecador pela graça, quanto mais pecado se tiver, maior a graça
da justificação. Como o pecador é visto por Deus como justo após a
justificação, o pecado deixa de ser um problema, não podendo haver mais
castigo. Ou seja, segundo os críticos de Paulo, a justificação incentivaria o
pecado antes e depois da salvação. Paulo diz que não é porque a graça
superabundou onde o pecado abundou que o comportamento do cristão deva ser de
devassidão. O pecado reinou pela morte (pena decorrente da transgressão de
Adão), e a lei somente fomentou a ofensa ( Rm 5:20 ). Mas, a graça de Deus se
há manifestado para que, da mesma forma que o pecado reinou por meio da
natureza decaída do homem (carne) e em obediência as suas concupiscências
(conduta aquém da lei de Deus), a graça também reine pela justiça através da
nova natureza (espiritual) e em obediência à justiça (conduta segundo a lei da
liberdade).
2. Paulo não aceita e não confirma o antinomismo. No
antinomismo não há normas. Os que erroneamente aceitavam tal pensamento
acreditavam que quanto mais pecarmos mais graça receberemos. Em outras
palavras, a graça não impõe limite algum. Antevendo esse entendimento
equivocado, o apóstolo pergunta: "Que diremos, pois? Permaneceremos no
pecado, para que a graça seja mais abundante?" (Rm 6.1). A resposta é não!
A graça não deve servir de desculpa para o pecado. Infelizmente, o antinomismo
tem ganhado força em nossa sociedade, passando a ser socialmente aceito até
mesmo dentro das igrejas evangélicas. Esta é uma doutrina venenosa, que
erroneamente faz com que a graça de Deus pareça validar todo tipo de
comportamento contrário à Palavra de Deus. Em geral, tal pensamento vem
"vestido" de uma roupagem espiritual, porém o antinomista costuma ser
relativista quando se utiliza da expressão "não tem nada a ver".
Comentário
Colocando em outras palavras, se Deus nos aceita como somos, não seria
lógico pensar que isso nos daria liberdade para viver como quisermos? Essa
dúvida pode estar correndo na mente de algumas pessoas também em nossos dias.
Para os leitores da carta que argumentassem que permaneceriam no pecado para
que a graça aumentasse, Paulo demonstra que quem assim pensa desconhece o real
significado do batismo. Tanto Paulo quanto os leitores da sua carta havia sido
batizados na morte de Cristo por meio da fé "...fomos batizados em
Jesus...", ou seja, todos os que creem são batizado na morte de Cristo
Jesus "...um morreu por todos, logo todos morreram" ( 2Co 5.14 ). Se
todos morreram porque Cristo morreu, isto demonstra que 'de uma vez morreram
para o pecado' conforme Paulo demonstra no verso 10. De uma ou de outra forma,
o que está sendo esquecido é que a justificação é imediatamente seguida pela
santificação. Esta é uma operação de Deus que começa no momento da nossa
salvação e continua por toda nossa vida na terra, até o momento em que formos
morar com Deus. É um crescimento contínuo em direção do alvo que é a estatura
do varão perfeito — Cristo.
3. Legalismo. Em Romanos 6.15, o apóstolo tem
em mente o judeu legalista, quando pergunta: "Pois quê? Pecaremos porque
não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum!" A
doutrina da justificação pela fé, independentemente das obras da lei, levaria o
legalista a argumentar que Paulo estaria ensinando que, em virtude de não
estarmos mais debaixo da lei, então não há mais obrigação alguma com o viver
santo. Nesse caso, não haveria mais nenhuma barreira de contenção contra o
pecado. Na mente do legalista, somente a lei de Moisés era o instrumento
adequado para agradar a Deus. Isso justifica as dezenas, e às vezes, centenas
de preceitos que o judaísmo associou com o Decálogo. Os legalistas criaram como
desdobramento da lei 613 preceitos. A teologia de Paulo irá ensinar que mesmo
não estando mais debaixo da lei, o cristão não ficou sem parâmetros
espirituais. Pelo contrário, agora que ele tem a vida de Jesus Cristo dentro de
si, está capacitado a agradar a Deus, mesmo sem se submeter à letra da Lei de
Moisés.
Comentário
Após apresentar Adão e Cristo, o pecado e a graça no capítulo anterior
(Rm 5.12-21), neste capítulo, a primeira referência à lei encontra-se no verso
15. Através deste versículo Paulo demonstra que a ausência da lei não determina
a condição de submissão ao pecado, e sim o fato de o homem ter herdado de Adão
tal condição. Antes mesmo de ser instituída a lei, já estava o pecado no mundo
(Rm 5.13), o que demonstra que a abundante graça de Deus promove a justificação
de vida (Rm 5.18 ), em contraste à condenação herdada de Adão. Muitos entendem
que neste versículo (v. 15) Paulo está perguntado aos seus leitores se é
pertinente aos cristãos permanecerem em uma vida de devassidão simplesmente por
não terem o freio da lei, uma vez que agora estão na graça. Mas, não é esta a
colocação do apóstolo. É preciso considerar a primeira pergunta: "Pois
que?", que introduz os elementos necessário à compreensão do leitor,
quando ler a conclusão: "De modo nenhum". A argumentação apresentada
no verso 2 é complementada através deste verso e apresenta a mesma colocação de
João e uma de suas cartas: "Qualquer
que permanece nele não peca (...) Qualquer que é nascido de Deus não comente
pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido
de Deus" (1Jo 3.6-9). Sem esquecer que os argumentos deste capítulo
fundamenta-se no capítulo 5, do verso 12 ao 21, João apresenta uma figura que
ilustra a condição daquele que á nascido de Deus, ou seja, é uma planta
plantada por Deus "Ele, porém,
respondendo, disse: Toda a planta, que meu Pai celestial não plantou, será
arrancada" ( Mt 15:13 ). João apresenta o motivo pelo qual o homem
nascido de Deus não peca: porque a semente de Deus permanece nele, ou seja, o
que determina o tipo de uma planta é a semente. A bíblia apresenta dois tipos
de sementes: a corruptível e a incorruptível. Está é a palavra de Deus e aquela
refere-se a semente corruptível de Adão, por quem todos os homens pecaram e
foram destituídos da glória de Deus por causa da semente de Adão. Sabemos que
uma planta não pode produzir dois tipos de frutos, e nesta ilustração,
verifica-se que a planta plantada pelo Pai só pode produzir segundo a semente
planta. É um contra senso considerar que a planta que o Pai plantou possa
produzir dois tipos de frutos: o bem e o mau. Uma vez que os cristãos já
morreram com Cristo e a ressurreição é na semelhança da ressurreição de Cristo,
segue-se que aqueles que morrem juntamente com Cristo, de uma vez por todas
morrem para o pecado, já que tanto Cristo como os cristãos passaram a viver
para Deus por intermédio da ressurreição. Desta forma os cristãos estão
assentados nas regiões celestiais em Cristo, por causa da nova condição do
homem espiritual gerado em Cristo (v. 10).
II- A VITÓRIA DA GRAÇA
1. A graça destrói o domínio do pecado. Para
Paulo, o pecado era como um tirano impiedoso que não poupava seus súditos. Ele
reinou desde que entrou no mundo e seu domínio parecia não ser ameaçado. O
pecado dominou os que não estavam debaixo da Lei e dominou também os que
estavam sob sua égide. Não havia escapatória. Por causa do "velho
homem", uma expressão que para Paulo é sinônimo de natureza caída e
pecaminosa, que esse iníquo tirano conseguia reinar. Como se libertar, então,
desse tirano? Paulo mostra que a solução de Deus foi aquilo que lhe servia de
base de sustentação, o corpo do pecado: "Sabendo isto: que o nosso velho
homem foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, a fim
de que não sirvamos mais ao pecado" (Rm 6.6). O "corpo do
pecado" significa mais do que simplesmente o corpo físico, mas o corpo
como algo que instrumentaliza o pecado e que precisava ser destruído. A palavra
grega katargeo, traduzida em Romanos 6.6 como destruído, possui o sentido de
destronado ou tornado inoperante. Foi, portanto, através da cruz de Cristo que
esse tirano foi destronado e teve seu domínio desfeito. A graça de Deus triunfou
sobre o pecado. Glória a Deus pelo seu dom inefável (l Co 9.15).
Comentário
“Sabendo isto, que o nosso homem velho foi
com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não
sirvamos mais ao pecado” (v. 6). Se o “velho homem” abrange a vida antes
da conversão, inclui também muito mais, e deveria ser interpretado à luz de
5.12-21, dando a entender tudo quanto éramos em nossa união com Adão. Devemos
pensar que tudo isso foi encravado na cruz para morrer. Não há como um cristão
dizer que permanecerá no pecado com a ideia de que aumentará a graça de Deus,
visto que:
O
velho homem (nosso) foi crucificado com Cristo;
O
corpo do pecado (carne) é desfeito, e;
Não
serve mais ao pecado.
Como seria
possível a alguém que crê em Cristo permanecer no pecado, visto que os que
crêem são crucificados com Cristo e tiveram o corpo do pecado desfeito? Se o
corpo do pecado foi desfeito, como viver ou andar no pecado? O crente é
crucificado e sepultado com Cristo para que não mais sirva ao pecado, e segundo
este saber, as possíveis argumentações do verso 1 são inconsistentes.
2. A graça destrói o reinado da morte. O apóstolo
mostra que o reinado do pecado e seu domínio caracterizaram-se pela morte.
"Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida
eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor" (Rm 6.23). Não há lugar nesse
mundo onde não se sinta as consequências do pecado.
Comentário
A união com
Cristo em sua morte não destrói o nosso corpo como tal, mas põe fim ao papel do
corpo como o instrumento inescapável do pecado, destruindo o reino do pecado no
corpo. Os corpos dos crentes são agora dedicados a Cristo e produzem fruto
santo em seu serviço (6.13,22; 7.4; 12.1). Não somos mais “escravos do pecado”
visto que a vida no corpo, dominada pelo desejo ardente de pecar, cedeu lugar à
vida no corpo, dominada pela paixão pela justiça e pela santidade (v.18). O
tríplice contraste do salário do pecado e da morte com o dom, Deus e a vida
eterna leva o argumento de Paulo a um enfoque memorável. No entender de Paulo,
os cristãos não podem mais viver no pecado porque morreram para o pecado. Foram
identificados por Deus na morte de Cristo. Morreram “com” Cristo e
ressuscitaram “para” Deus.
3. A graça e os efeitos do pecado. Os efeitos
do pecado podem ser vistos por toda parte. Podemos vê-los nas catástrofes
naturais, nas guerras, homicídios, estupros e abortos. O pecado traz a marca da
morte. Tanto a morte física, como a morte espiritual, o afastamento de Deus,
são consequências do pecado. Nada podia destruir esse domínio tenebroso do
pecado e fazer parar seus efeitos. Todavia, Paulo mostra que a Graça de Deus
invadiu o domínio do pecado e destruiu seu principal trunfo — o poder sobre a
morte. A graça de Deus, presente na ressurreição do Senhor Jesus, destruiu o
poder sobre a morte física e essa mesma graça, quando nos reconcilia com Deus,
destrói o poder da morte espiritual.
Comentário
Após saber ou conhecer que Cristo ressurgiu dentre os mortos e que a
morte não tem domínio sobre Ele, resta que o pecado não tem domínio sobre os
cristãos, uma vez que ressurgiram com Cristo (v. 9) "Portanto, se fostes
ressuscitados com Cristo..." (Cl 3.1). O fato de os cristãos terem sido
batizados com Cristo na sua morte, e ressurgido dentre mos mortos para a glória
do Pai (v. 4), tirou-os da condição de sujeição a lei, para estabelecê-los
debaixo da graça de Deus. A premissa é: o pecado não tem domínio sobre o
cristão. Mas, tal premissa é introduzida por um operador e conectivo
argumentativo: porque - conjunção coordenativa explicativa. Ou seja, a premissa
(o pecado não terá domínio sobre vós) do verso 14 é introduzida como uma
explicação sobre porque o cristão deve considerar-se morto para o pecado e vivo
para Deus.
III- OS FRUTOS DA GRAÇA
1. A graça liberta. A graça é
libertadora (Rm 6.14) e produz frutos para a nossa santificação: "Mas,
agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para
santificação, e por fim a vida eterna" (Rm 6.22). Somente a graça seria
capaz de desfazer o domínio do pecado. A Bíblia afirma que quem comete pecado é
escravo do pecado (Jo 8.34). E mais, o escravo não possuía domínio sobre o seu
arbítrio. Essa situação mudou quando a graça, revelada na pessoa de Jesus
Cristo, entrou na história e desfez o domínio do pecado. Paulo afirmou que o
"pecado não terá domínio sobre nós". Somos livres em Cristo. Essa
liberdade é uma realidade na vida do crente: "Estai, pois, firmes na
liberdade com que Cristo nos libertou e não torneis a meter-vos debaixo do jugo
da servidão" (Gl 5.1).
Comentário
“o pecado não terá domínio sobre vos”
(v. 14), temos aqui uma declaração indicativa, uma promessa, e não um
imperativo ou uma exortação. Paulo usa a analogia humana de escravidão ao
apelar para a santidade, lembrando o contraste entre a antiga vida pecaminosa e
a nova vida regenerada. A frase 'De nenhum modo' pede uma explicação da parte
do apóstolo sobre a impossibilidade de o homem pecar quando alcançado pela
graça. Tal explicação advém de elementos pertinente à figura do escavo, que é
introduzida através da argumentação seguinte "Não sabeis vós...?".
Não sabeis vós que é impossível servir a dois senhores? Não sabeis vós que a
árvore só produz fruto segundo a sua espécie? Ou não sabeis que um fonte não
pode jorrar água doce e salgada? (Tg 3.12). Todas estas figuras complementam-se
e apontam para os elementos apresentados por Cristo acerca das duas portas e
dos dois caminhos. Como o homem apresenta-se como servo para obedecer ao seu
senhor (...a quem vos apresentardes por servos...)? Ou seja, como o homem passa
a condição de servo daquele a quem ele obedece (pecado ou obediência)? A bíblia
é clara sobre este aspecto. Todos os homens quando vem ao mundo através do
nascimento natural, segundo Adão, apresentam-se ao pecado para o servir e
obedecer. Ou seja, o nascimento natural é a porta larga que dá acesso a um
caminho espaçoso que conduz a perdição "Entrai pela porta estreita; porque
larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os
que entram por ela" (Mt 7.13). O nascimento segundo a semente corruptível
de Adão (natural) é a maneira como o homem se apresenta como servo ao pecado. É
o nascimento segundo a vontade da carne, segundo a vontade do varão e do sangue
que coloca o homem em sujeição e em obediência ao pecado (Jo 1.13). Como o
homem se apresenta a Deus como servo? Através da obediência a palavra da
verdade (evangelho) "...obedecestes de coração a forma de doutrina a que
fostes entregues" (v. 17).
2. Exigências da graça. A graça
liberta, mas ao mesmo tempo tem suas exigências. Isso fica claro pelo uso dos
termos considerar (6.11), que no original (logizomai) significa reconhecer,
tomar consciência: "Assim também vós considerai-vos como mortos para o
pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Rm 6.11). Em
Romanos 6.13 a palavra "apresentar" (gr. paristemi), significa
colocar-se à disposição de alguém: "Nem tampouco apresenteis os vossos
membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como
vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de
justiça" (Rm 6.13).
Comentário
Paulo
procura conscientizar os seus leitores a considerarem (Retórica perfeita) que
estavam mortos para o pecado e vivos para Deus. "Assim também..."
remete as considerações apresentadas anteriormente. Ou seja, da mesma maneira
que 'conheciam' que Cristo morreu uma única vez por causa do pecado e foi
sepultado, os cristãos deveriam considerar estarem mortos para o pecado e vivos
para Deus em Cristo Jesus. Esta relação entre a morte de Cristo e a morte dos
cristãos, e a vida de Cristo e a nova vida dos cristãos Paulo Já havia
estabelecido no verso 8, porém, discorre de forma a não deixar dúvidas quando a
morte dos cristãos para o pecado, e ressurreição deles para vida, por meio de
Cristo Jesus. Considerar é ter em conta, ou seja, é andar conforme a nova vida
alcançada "...assim andemos nós também em novidade de vida" (v. 4).
Paulo não recomenda um faz de conta ao pedir que os cristãos considerassem
estarem mortos para o pecado e vivos para Deus. Eles deviam contar com a nova
vida e descansar por estarem de posse dela (regeneração), porém, andarem de
modo digno da nova condição alcançada graciosamente (comportamento).
3. A graça santifica. Paulo
revela que um dos efeitos imediatos da graça é a justificação e o outro é a
santificação: "Mas, agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus,
tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna" (Rm
6.22). A palavra "santificação", que traduz o grego hagiasmos mantém
o sentido de "separação". A graça nos libertou e nos separou para
Deus. A santificação aparece aqui nesse texto como um fruto da graça. No ensino
de Paulo a santificação ocorre em dois estágios. Primeiramente somos santificados
em Cristo quando o confessamos como Salvador de nossas vidas. Na teologia
bíblica isso é conhecido como santificação posicional. Por outro lado, não
podemos nos acomodar, mas procurar a cada dia nos santificar, isto é, nos
separar para Deus. Essa é a graça progressiva, aquilo que existe como um
processo na vida do crente.
Comentário
Santificação
é o processo no qual os crentes crescem e chegam à maturidade em Cristo (Ser
Semelhantes a Cristo) e deve ser entendida como: 1. Separação do mal (2Co 6.14-18;
1Pe 3.11); 2. Separação para Deus (2Co 5.15); É necessário saber que diferente
da Salvação, a Santificação é um “processo” que tem início no novo nascimento e
só termina com a volta gloriosa de Cristo. A Bíblia chama Noé, Jó, Ló, Davi e
outras pessoas de "justo", "'integro", "temente a
Deus", "perfeito", ou "sem culpa", mas isto não
significa que chegaram a ser "absolutamente sem pecado e incapazes de
pecar", pois Noé se embriagou vergonhosamente (Gn 9.20-27); Jó confessou
pecado (Jó 42.6); Ló andou pela vista, quis viver em terra idólatra,
embriagou-se e caiu em incesto com as filhas; Davi adulterou, depois
providenciou a morte do marido; etc. Então, note que santificação não é
erradicação da natureza pecaminosa; perfeição impecável; impecabilidade.
Santificação (gr. hagiasmos) significa “tornar santo”, “consagrar”, “separar do
mundo” e “apartar-se do pecado”, a fim de termos ampla comunhão com Deus e
servi-Lo com alegria. Esses termos não subentendem uma perfeição absoluta, mas
a retidão moral de um caráter imaculado, demonstrada na pureza do crente diante
de Deus, na obediência à sua lei e na inculpabilidade desse crente diante do
mundo (Fp 2.14,15; Cl 1.22; 1Ts 2.10; cf. Lc 1.6). O cristão, pela graça que
Deus lhe deu, morreu com Cristo e foi liberto do poder e domínio do pecado (Rm
6.18); por isso, não precisa nem deve pecar, e sim obter a necessária vitória
no seu Salvador, Jesus Cristo. Mediante o Espírito Santo, temos a capacidade
para não pecar (1Jo 3.6), embora nunca cheguemos à condição de estarmos livres
da tentação e da possibilidade do pecado.
CONCLUSÃO
Vimos nesta lição quem são os inimigos da graça,
conhecemos a vitória da graça e os seus frutos. Tudo que temos e tudo que somos
só foram possíveis pela graça de Deus. Essa graça é que trouxe salvação.
"Porque a graça salvadora de Deus se há manifestado a todos os
homens". Que venhamos viver segundo a recomendação de Tito renunciando à
impiedade e vivendo neste presente século de forma sóbria, justa e piamente (Tt
2.11,12).
Comentário
Graça
significa “favor divino não merecido.” O termo grego no original é charis, que
deriva do verbo charizomai. Esta palavra significa “mostrar favor para” e
assume a bondade do doador e a indignidade do receptor. Quando charis é usada
para indicar a atividade de Deus, significa “favor não merecido.” “Para louvor da glória de sua graça, que ele
nos concedeu gratuitamente no Amado” (Ef 1.6). Por conseguinte, qualquer
ensino que ofereça fórmulas ou técnicas para obter a aceitação de Deus, que não
seja pela graça somente, é falso. O perdão de pecados, a redenção por meio do
sangue de Cristo, a sabedoria e o entendimento e todas as bênçãos espirituais
são concedidos somente pela graça (Veja Ef 1.1-5). Pregar o evangelho significa
pregar a graça - “...e o ministério
que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus.”
(At 20.24). O ministério do evangelho não tem outra mensagem senão a graça de
Deus em Cristo. Se isto não é o que se prega, então não estamos pregando o
evangelho.] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos,
por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Missionário
Vicente Dudman
Natal/RN
Abril de
2016
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