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Missionário Vicente Dudman
Formatura:
Teologia -
Assembleia de Deus no Brasil
Direito - Universidade Estácio de
Sá (Câmara Cascudo) no Rio
Grande do Norte.
Inglês - University of Texas
Estados Unidos. |
Estamos disponibilizando pra você todo início de semana, mais um comentário sobre cada lição da EBD. Assim fazemos, para que os irmãos possam melhor preparar sua aula. Cada item, contém um comentário, para que o amado leitor entenda melhor os tópicos da lição. Estudaremos esta semana a lição nº 04, desse 2º trimestre, que tem como título: OS BENEFÍCIOS DA JUSTIFICAÇÃO. Para cada tópico, deixamos o nosso comentário. Fizemos cuidadosa pesquisa a respeito dessa tão importante lição. Buscamos auxílio e Ainda recorremos a vários mestres no assunto, para que pudéssemos aplicá-lo para o seu melhor entendimento. Em caso de dúvidas com relação ao assunto, deixe seu comentário, a sua dúvida, no final desta postagem, que responderemos com todo prazer a sua pergunta. Espero que satisfaça a todos, e tenha uma boa aula.
INTRODUÇÃO
Nos quatro primeiros capítulos da Epístola aos
Romanos, Paulo já havia escrito a respeito das origens e das bases da nossa
justificação. Faltava agora falar dos resultados dessa justificação. Que
benefícios ela nos trouxe? Quais seriam as bênçãos a ela associada? Paz,
alegria, esperança são algumas dessas bênçãos associadas à justificação.
Todavia, Paulo vai além, ele mostra que tudo isso só foi possível porque Deus
nos fez participante de uma bênção maior — sermos parte da nova criação. Esse
fato será mostrado através do contraste feito entre Adão, símbolo da velha
criação e Cristo, o segundo Adão, cabeça de uma nova criação.
Comentário
A primeira
abordagem de Paulo sobre a justiça de Deus pela fé em Cristo se dá no capítulo
1, versos 16 à 17. Em seguida, o apóstolo passa a demonstrar que todos os
homens pecaram e foram destituídos da glória de Deus em Adão (Rm 1.16 à Rm 3.20
). Após demonstrar que diante de Deus todos os homens tornaram-se escusáveis
(judeus e gregos), o apóstolo volta a abordagem inicial: a justificação pela
fé. No capítulo 4, o apóstolo apresenta exemplos de justificação pela fé no
Antigo Testamento: Abraão e Davi, ou seja, Paulo evoca a autoridade da
Escritura para dar sustentação a sua argumentação (Rm 4.1-25). Chegamos ao
capítulo cinco. Este pode ser chamado um capítulo de transição da qual passamos
da doutrina da justificação para a da santificação. Mas antes destra transição
o Apóstolo ainda apresenta de forma singular as vantagens únicas da
justificação pela Fé em Cristo Jesus. Vamos então analisar os benefícios da
justificação. Após estudar o capítulo cinco da carta de Paulo aos Romanos, será
possível divisarmos como todos os homens tornaram-se pecadores, e como é
possível ser participante da graça de Deus. Verificaremos, ainda, qual é a
condição dos que estão em Cristo, e a condição daqueles que continuam inimigos
de Deus.
I. A BÊNÇÃO DA GRAÇA
JUSTIFICADORA (Rm 5.1-5)
1. A bênção da paz com Deus. No
capítulo cinco de Romanos, Paulo mostra os benefícios da justificação pela fé
logo no primeiro versículo: “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com
Deus por nosso Senhor Jesus Cristo”. O uso que Paulo faz da palavra paz aqui é
diferente daquele usado no mundo antigo. No geral, o termo significava ausência
de guerra. Porém, Paulo se refere ao vocábulo paz conforme ele aparece no
Antigo Testamento e cujo significando era a salvação dos piedosos, prosperidade
e bem-estar. Embora os manuscritos mais aceitos do original grego tragam a
palavra tenhamos em vez de temos, os teólogos concordam que o argumento de
Paulo aqui é a paz como efeito imediato dessa justificação. Assim sendo essa
paz deve ser desfrutada aqui e agora. Robertson, erudito em grego bíblico,
traduz essa expressão como gozemos de paz com Deus. Portanto, uma paráfrase das
palavras de Paulo ficaria da seguinte forma: “Já que fomos justificados por
meio da fé, desfrutemos, pois, dessa paz com Deus”. Deus tem paz para todos os
que foram justificados em Cristo Jesus e deseja que desfrutemos dela.
Comentário
Não é
correto nos pautarmos nas divisões de textos como capítulos e versículos quando
da interpretação das cartas bíblicas. Ao analisar o texto, não podemos atrelar
a análise tão somente a um capítulo ou a um, dois ou três versículos. Antes, a
análise de qualquer versículo ou frase deve ser considerada dentro do contexto
geral da carta. Precisamos estar atentos, pois as divisões em versículos e
capítulos acabam por influenciar a leitura bíblica. As divisões em capítulos e
versículos devem ser considerados somente como auxilio para localização e
referenciamos certos textos. A observação anterior é válida na análise deste
capítulo. Quando o apóstolo diz: "Tendo sido, pois, justificados pela
fé..." ( Rm 5:1 ), ele termina uma argumentação e introduz uma nova ideia.
Quando o apóstolo escreve 'Tendo sido, pois, justificados pela fé...', ele dá
por encerrada a discussão sobre a superioridade dos judeus, ou que somente os
gentios eram pecadores, ou que a justiça de Deus era proveniente da lei
mosaica. Ao ser justificado pela fé em Deus, as questões abordadas
anteriormente passam à segundo plano, uma vez que não há distinção alguma entre
gentios e judeus. "Sendo, pois, justificados pela fé..." remete à
versículos anteriores ( Rm 1:16 -17 e Rm 3:21 -22), e apresenta um novo aspecto
da justificação pela fé. Os cristãos pela fé adquiriram paz com Deus, por
intermédio de Cristo Jesus. Por meio da fé os cristãos são declarados justos e
obtiveram paz com Deus. A condição alcançada em Cristo contrasta com a condição
apresentada no verso 10. O homem por causa do pecado tornou-se inimigo de Deus,
e bem sabemos que por conta própria o homem não buscou e nem busca tal
reconciliação (Rm 3.10-12). Coube a Deus, em seu infinito amor trazer e
proporcionar ao homem tamanha reconciliação, ou seja, a “Paz” que somente
obtemos por meio da Fé salvadora em Cristo Jesus.
2. A bênção de esperar em Deus. Antes de
falar da bênção de esperar em Deus, Paulo fala como se deu esse acesso: “Pelo
qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes; e nos
gloriamos na esperança da glória de Deus” (Rm 5.2). A fé no Cordeiro de Deus
nos abriu a porta da graça. Observe o comentário que William Barclay faz a
respeito desse texto: “O próprio Jesus nos introduz na presença de Deus; nos
abre a porta de acesso à presença do Rei dos reis. E quando se abre essa porta
o que encontramos é a graça; não condenação, nem juízo, nem vergonha; senão o
intocado e imerecido amor de Deus”. A porta se abriu para a esperança. No
contexto de Romanos, esperança significa enfrentar o tempo presente, com todos
os seus desafios, porque se tem certeza quanto ao futuro. O futuro não é algo
mais desconhecido, porque a fé em Jesus nos tornou participantes do seu reino.
Comentário
Desde já, vale observar que, ao falar da salvação em Cristo, Paulo
apresenta a condição dos cristãos (paz com Deus), para depois apresentar como
alcançaram tal condição (pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça).
Ou seja, durante a análise da carta aos Romanos, demonstraremos que,
geralmente, o ponto de partida para o apóstolo apresentar o plano da salvação é
o da condição alcançada (paz com Deus), e em seguida, ele retroage até
demonstrar qual era a condição anterior (inimizade). Por intermédio de Jesus os
cristãos têm entrada a esta graça, ou seja, alcança a graça da justificação e
amizade com Deus pela fé. Este versículo demonstra que por Cristo e pela fé os
cristãos recebem a graça de Deus, e o verso anterior fixa-se em demonstrar a
graça alcançada: justificação e amizade com Deus. Paulo reitera que ele e todos
quantos estão em Cristo (...também temos...), estão firme na graça proveniente
do evangelho (...na qual estamos firmes...). Enquanto muitos se gloriam das
questões relativo à carne ( 2Co 11:18 ), os cristãos gloriam-se na esperança
proposta por meio do evangelho. Embora o apóstolo não volte a falar que não há
diferenças entre gentil e judeu explicitamente, ele acaba por falar de modo
velado destas distinções promovidas pelos homens, e não por Deus. Gloriar-se na
esperança da glória de Deus é uma das maneiras de trazer à lembrança dos
cristãos àqueles que se vangloriam da carne. Enquanto os da fé gloriam-se na
esperança proposta e nas tribulações, os segundo à carne gloriam-se em questões
meramente humanas "Pois que muitos se gloriam segundo a carne, eu também
me gloriarei" ( 2Co 11:18 ); "Se convém gloriar-me, gloriar-me-ei no
que diz respeito à minha fraqueza" ( 2Co 11:30 ). Enquanto os da carne
buscavam elementos para gloriarem-se na carne dos irmãos em Cristo "Porque
nem ainda esses mesmos que se circuncidam guardam a lei, mas querem que vos
circuncideis, para se gloriarem na vossa carne" ( Gl 6:13 ), Paulo
demonstra que o cristão deve gloriar-se tão somente na cruz de Cristo,
esperança da glória "Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz
de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu
para o mundo" ( Gl 6:14 ).
3. A bênção de sofrer por Jesus. Na
lista dos benefícios ou bênçãos vindos da cruz encontramos uma que, no contexto
atual, escandaliza muita gente. Paulo tem no sofrimento uma motivação para se
gloriar! “E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo
que a tribulação produz a paciência, e a paciência a experiência; e a
experiência, a esperança” (Rm 5.3,4). A palavra grega thlipsis, traduzida em
português como tribulação, significa pressões, dificuldades e sofrimentos. Que
tipo de fé era essa que se alegrava no sofrimento? Era a fé pura, sem os
resquícios da Teologia da Prosperidade, sem os paliativos espirituais criados
para entreter os cristãos modernos.
Comentário
“E não
somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a
tribulação produz a paciência” (v. 3); Enquanto os da fé gloriam-se na
esperança proposta e nas tribulações, os segundo à carne gloriam-se em questões
meramente humanas "Pois que muitos se gloriam segundo a carne, eu também
me gloriarei" ( 2Co 11:18 ); "Se convém gloriar-me, gloriar-me-ei no
que diz respeito à minha fraqueza" ( 2Co 11:30 ). Enquanto os da carne
buscavam elementos para gloriarem-se na carne dos irmãos em Cristo "Porque
nem ainda esses mesmos que se circuncidam guardam a lei, mas querem que vos
circuncideis, para se gloriarem na vossa carne" ( Gl 6:13 ), Paulo
demonstra que o cristão deve gloriar-se tão somente na cruz de Cristo,
esperança da glória "Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz
de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu
para o mundo" ( Gl 6:14 ). A fé é a 'entrada' à graça de Deus, que pela
esperança proposta concede forças para suportar as tribulações ( Hb 12:2 ).
Quando o apóstolo diz que 'a esperança não traz confusão', ele aponta para o
Espírito Santo, que foi concedido através do amor de Deus. Ao escrever este
verso Paulo tinha em mente a declaração feita aos cristãos de Éfeso: "Em
quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho
da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito
Santo da promessa. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da
possessão adquirida, para louvor da sua glória" ( Ef 1:13 -14). O penhor
geralmente é equivalente ao valor da dívida, e Paulo demonstra que os cristãos já
haviam recebido o que é infinitamente superior à herança: o Espírito Santo de
Deus. Esta relação entre tribulação, paciência, experiência e esperança também
foi abordado por Pedro e Tiago, porém, cada um à sua maneira (Tg 1.2 -4; 1Pe
1.6 -7).
II. AS BÊNÇÃOS DO AMOR TRINITÁRIO
(Rm 5.5-11)
1. O amor que o Pai outorga. A visão que
Paulo possui a respeito do Senhor é muito diferente da do judaísmo dos seus
dias. O Deus que Paulo está revelando em suas epístolas é amor. Por isso, muito
diferente daquele que os judeus conheciam. A expressão amor de Deus, que
aparece em Romanos 5.5, no original está no caso genitivo, indicando origem ou
posse. Deus é a origem e a fonte do amor. Embora o antigo Israel houvesse
quebrado a aliança, sendo digno de punição, Deus em seu amor infinito o procura
para uma reconciliação. Esse é o amor que perdoa. O Deus da teologia paulina
ama suas criaturas e como prova maior desse amor enviou seu Filho para morrer
por elas (Jo 3.16). A justificação pela fé nos dá uma nova percepção da pessoa
de Deus e seus atributos, e essa percepção mostra que Ele é amor.
Comentário
Amor, ágape; Strong 26: Uma palavra à qual a cristandade deu
um novo significado. Fora do Novo Testamento, ela raramente ocorre nos
manuscritos gregos existentes no período. Agape denota uma benevolência invicta
e boa vontade inconquistável que sempre procuram o bem maior da outra pessoa,
independentemente do que ela faz. É o amor autoconcedido que dá livremente sem
pedir nada em troca e sem considerar o valor de seu objeto. Agape é mais um
amor por escolha do que philos,
que é amor por acaso; e refere-se à vontade, ao invés da emoção. Agape descreve
o amor incondicional que Deus tem pelo mundo. "Deus é amor" (1Jo
4.8,16): "Assim conhecemos o amor que Deus tem por nós e confiamos nesse
amor". Paulo diz: "... Deus derramou seu amor em nossos corações, por
meio do Espírito Santo que ele nos concedeu" (Rm 5.5). O amor de Deus é um
exercício de sua bondade para com os pecadores, individualmente, por meio do
qual, tendo se identificado com o bem-estar dessas pessoas, entregou seu Filho
para ser o Salvador delas, e agora as leva a conhecê-lo e a desfrutá-lo em uma
relação de aliança, assim, a natureza desse amor derramado é visto na cruz. Ali
Deus agiu ‘no tempo certo’, tanto no sentido que a morte de Cristo teve lugar
de acordo com o tempo de Deus (Jo 17.1; At 2.23; Gl 4.4), como também porque
essa benção nos veio no momento de nossa mais profunda necessidade. Esse é o
ponto tocado por Paulo quando ele diz: ‘quando nós ainda éramos fracos’ (v 6),
‘sendo nós ainda pecadores’ (v 8) e ‘quando inimigos’ (v 10).
2. O amor que o Espírito distribui. Deus é a
fonte do amor e o Espírito Santo é quem o instrumentaliza na vida do crente.
Paulo diz que o amor de Deus está “[...] derramado em nosso coração pelo
Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5.5b). O apóstolo tem em mente a profecia
de Joel 2.28 e o evento de Pentecostes em Atos dos Apóstolos 2.4, onde há a
infusão do Espírito Santo sobre os crentes. Há alguns fatos interessantes com o
tempo verbal grego (tempo perfeito) da palavra ekchéo, traduzida aqui como
derramar. Esse verbo enfatiza uma ação passada, mas que continua com os efeitos
no presente. É como se ele dissesse, “o amor de Deus foi derramado em nossos
corações no passado quando cremos no Senhor, mas seus efeitos continuam vivos
no presente”. Temos, pois, razão para amarmos porque o Espírito Santo faz-nos
viver esse amor.
Comentário
Quando o apóstolo diz que 'a esperança não traz confusão', ele aponta
para o Espírito Santo, que foi concedido através do amor de Deus. Ao escrever
este verso Paulo tinha em mente a declaração feita aos cristãos de Éfeso:
"Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o
evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o
Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção
da possessão adquirida, para louvor da sua glória" (Ef 1.13-14). O penhor
geralmente é equivalente ao valor da dívida, e Paulo demonstra que os cristãos
já haviam recebido o que é infinitamente superior à herança: o Espírito Santo
de Deus.
3. O amor que o Filho realiza. O amor é
originário do Pai, operacionalizado pelo Espírito e realizado pelo Filho.
Cristo é a manifestação suprema do amor de Deus (Rm 5.6-8). Se quisermos
conhecer o amor de Deus, basta olharmos para Cristo, o bendito Filho de Deus.
Comentário
O amor é
medido pelo que oferece; Deus deu seu único Filho para morrer pelos pecadores,
e assim tornar-se o único mediador que nos pode levar a Deus; amor grande (ver
Ef 2.4; 3.19). Jesus é a suprema revelação de Deus ao homem. O amorável
Salvador era Deus manifestado na carne quando veio do Céu para revelar o Pai
(Hb 1.2). Cristo, Deus Filho, estava com Deus Pai no princípio e criou todas as
coisas. Cristo é divino no mais pleno e absoluto sentido da palavra. Ele é também
humano no mesmo sentido, exceto porque não conheceu o pecado. O apóstolo Paulo
chega ao seguinte ponto em Efésios 5.1-3: “Portanto, sejam imitadores de Deus,
como filhos amados, e vivam em amor, como também Cristo nos amou e se entregou
por nós como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus. Entre vocês não
deve haver nem sequer menção de imoralidade sexual como também de nenhuma
espécie de impureza e de cobiça; pois essas coisas não são próprias para os
santos.”
III. AS BÊNÇÃOS DA NOVA CRIAÇÃO
(Rm 5.12-21)
1. O homem em Adão. Os
efeitos e as bênçãos da justificação são agora ilustrados por Paulo com as
figuras de Adão e Cristo. Primeiramente Paulo fala do “homem em Adão”, em
Romanos 5.12-14. Existem várias interpretações a respeito deste texto bíblico,
mas a ideia mais aceita pelos intérpretes é que Adão, como cabeça da raça
humana, representava toda a humanidade. Nesse aspecto, todos pecaram, pois,
todos descenderam de Adão. Para Paulo, o “homem em Adão”, símbolo da velha
criação, está condenado; em desobediência; dominado pelo pecado e vencido pela
morte. O homem em Adão é, portanto, um projeto falido. Não há nenhuma esperança
para ele.
Comentário
É interessante notar que a palavra ‘portanto’ usada no começo do
versículo 12, indica que aquilo que se segue está ligado, na mente de Paulo,
com o que precedeu, pelo que a comparação e o contraste que ele traça entre
Adão e Cristo é sua elaboração teológica do que já havia sido dito. Paulo
salienta a idéia de ‘um só homem’ por toda essa passagem, e isso indica que ele
encarava tanto Adão como Cristo como indivíduos históricos. No caso de Adão,
ele enfoca a atenção sobre a sua ‘ofensa’, mediante a qual todos os homens se
‘tornaram pecadores’ (v 19). Eles mostraram-se solidários com Adão, que foi o
representante deles diante de Deus, e isso os constitui pecadores, quando Adão
pecou. Essa comparação que Paulo faz só será concluída nos versículos 18-21.
Paulo não explica como toda a humanidade se viu envolvida com Adão em seu
pecado, simplesmente assevera o fato. Pecado é descrito na Bíblia como
transgressão da lei de Deus (1Jo 3.4) e rebelião contra Deus (Dt 9.7; Js 1.18).
Quando Adão caiu (pecado original),
isso resultou em seus descendentes sendo “contaminados” pelo pecado. Davi
lamentou esse fato em um de seus Salmos: “Eis que em iniqüidade fui formado, e
em pecado me concebeu minha mãe” (Sl 51.5). Note a progressão em Romanos 5.12:
O pecado entrou no mundo através de Adão, morte segue o pecado, morte vem a
todas as pessoas, todas as pessoas pecam porque herdaram pecado de Adão. Porque
“...todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23), precisamos
de um sacrifício perfeito e sem pecado para purificar nosso pecado – isso é
algo que somos incapazes de fazer sozinhos.
2. O homem em Cristo. O
contraste entre Adão e Cristo é feito com cores vivas pelo apóstolo em Romanos
5.15-17. O “homem em Cristo”, símbolo da nova criação de Deus, é justificado,
obediente, dominado pela graça e dominado pela vida com Deus. O primeiro Adão é
alma vivente, o segundo Adão é Espírito vivificante; o primeiro Adão é da
terra, o segundo Adão é do céu; o primeiro Adão é pecador, o segundo Adão é
justo; o primeiro Adão é morte, o segundo Adão é vida. É exatamente isso que o
apóstolo ensina em outro lugar aos cristãos de Éfeso. Em Cristo, somos abençoados
com toda sorte de bênçãos espirituais; escolhidos nEle antes da fundação do
mundo para sermos santos; fomos feitos filhos de Deus; temos a redenção dos
nossos pecados pelo seu sangue e fomos selados com o Espírito Santo (Ef
1.1-13).
Comentário
A Bíblia apresenta Adão como o primeiro homem, e dá ao Senhor Jesus
Cristo, o curioso título de “o último Adão” (1Co 15.45). O que significa esse
termo e por que é que o deu? Quais são as semelhanças entre Adão e Jesus que
levam a Jesus ter este título? Quais são as diferenças? Enquanto Adão foi feito
à imagem de Deus, Cristo é “a imagem do Deus invisível” (Cl 1.15). A Bíblia nos
diz que o último Adão, Jesus Cristo, foi o único meio por quem Deus criou todas
as coisas (Jo 1.1–3, Cl 1.15–20, Hb 1.2). Assim, Jesus era pré-existente com
Deus Pai e Deus o Espírito Santo antes de Adão viver (Jo 8.58; Mq 5.2). No
entanto, na Sua humanidade, Ele também teve um começo miraculoso quando foi
encarnado como um ser humano sendo concebido pelo Espírito Santo e nascido da virgem
Maria (Mt 1.20–23, Lc 1.26–35). Adão foi criado um homem perfeito, em plena
posse de todas as faculdades humanas, e com a consciência de Deus, que lhe
permitiu ter comunhão espiritual com Deus. Inicialmente, inocente, imaculado e
santo, ele estava num relacionamento correto com Deus, com a mulher, com si
mesmo e com mundo natural ao seu redor. O último Adão, Jesus, também era
perfeitamente homem, um com Deus (Jo 10.30; 17.21–22), inocente, imaculado e
santo (Hb 7.26). O Evangelho de Jesus Cristo é o único farol de esperança para
a humanidade perdida. A sua integridade está fundamentada na verdade histórica
de ambos, do primeiro e do segundo Adão. Ao contrário do primeiro Adão, o
Senhor Jesus foi, para além disso, divino, possuindo os atributos, ofícios, prerrogativas,
e os nomes de divindade. Sendo totalmente Deus, Ele é digno de adoração (Ap
5.11–14). Adão foi o cabeça da raça humana. Jesus Cristo é o cabeça da
humanidade redimida (ver, por exemplo, Efésios 5.23). Uma vez que Cristo morreu
uma vez por todas (Hb 7.27, 9.28, 10.10–14), nunca haverá a necessidade de
qualquer outro, portanto, ele é o último Adão. O primeiro Adão deu vida a todos
os seus descendentes. O último Adão, Jesus Cristo, comunica ‘vida’ e ‘luz’ para
todos os homens, e dá a vida eterna àqueles que O recebem e creem no seu nome,
dando-lhes “o poder de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1.1–14). A Adão, o que
representa a humanidade, foi-lhe dado domínio sobre o mundo criado (Gn 1.26).
Depois de ser ressuscitado dentre os mortos, Jesus Cristo foi elevado à mão
direita de Deus, e dado o domínio sobre todas as coisas, que foram (1Co 15.27,
Ef 1.20–22) “colocadas sob os seus pés”. O primeiro Adão era senhor de um
domínio limitado, o último Adão é o Senhor de todos (At 10.36). Um sono
profundo produz uma linda noiva. Gn 2.21–23 diz-nos que Deus colocou Adão num
sono profundo, durante o qual Deus fez a noiva de Adão, Eva, a partir do lado
de Adão, uma ferida no lado de Adão produziu uma noiva! O último Adão, Jesus,
morreu na cruz, sofrendo o sono da morte por todos. O Seu lado foi perfurado
por uma lança (Jo 19.34). Na sua morte, ele pagou a punição pelos pecados da
humanidade (1Co 15.1–4). Aqueles que se arrependem e colocam sua fé Nele estão
unidos com Cristo num relacionamento que a Bíblia compara ao de uma noiva com
seu marido (2Co 11.02, Ef 5.27, Ap 19.6–8). Assim, uma ferida no lado do último
Adão também produziu uma noiva—a verdadeira Igreja—“a noiva gloriosa, sem
mácula, nem ruga, nem coisa semelhante … santa e irrepreensível” (Ef 5.27). No
início da vida de Adão, ele passou por um período de teste para saber se iria
ou não obedecer Deus. “E o Senhor Deus ordenou ao homem, dizendo: Podes
certamente comer de toda árvore do jardim, mas da árvore da do conhecimento do
bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres certamente
morrerás.” (Gn 2.16–17). No início do ministério, o último Adão, Jesus foi
conduzido pelo Espírito Santo ao deserto, para ser tentado pelo diabo (Mt 4.1,
Lc 4.1–3). O primeiro Adão falhou no teste, e ao fazê-lo envolveu toda a
humanidade na sua derrota, arrastando a raça humana com ele na sua queda. Como
resultado, em Adão, todos estamos condenados, espiritualmente falidos, escravos
do pecado e expulsos do Paraíso (Rm 5.12 ss.). O último Adão, Jesus, foi
vitorioso sobre o pecado, a carne e o diabo. Como resultado, em Cristo, os
crentes estão justificados e redimidos, espiritualmente ricos, libertos do
pecado, e novamente incluídos no Paraíso de Deus (Rm 5.18 ss;. 1Co 15.21 ss; Ap
2.7). O primeiro Adão desobedeceu a Deus. O primeiro Adão desobedeceu a Deus. O
último Adão foi “obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2.8). O primeiro
Adão experimentou o juízo de Deus, no final ele morreu e seu corpo tornou-se
outra vez pó. Por causa do seu pecado, a morte veio para todos os homens:
“Porque todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Rm 3.23). O
último Adão, Jesus Cristo, também morreu, na cruz, para expiar o pecado (Is
53.5, 1Pe 3.18, Hb 2.9). Mas Ele não ficou morto, nem o seu corpo “viu a
corrupção” (At 2.27; 13.35–37). Ao terceiro dia, Ele ressuscitou, vencendo,
assim, o diabo e o poder da morte, ganhando isso, para todos aqueles que creem
nEle (Hb 2.14), trazendo a ressurreição dos mortos (1Co 15.22–23).
CONCLUSÃO
O capítulo cinco de Romanos mostra de que forma
Deus amou os homens. Ele os encontra pecadores, ímpios, e indiferentes ao seu
propósito. Mas, mesmo assim os ama. Numa demonstração inimaginável de amor, Ele
os justifica pela fé na pessoa bendita de Jesus Cristo e os abençoa com todas
as bênçãos espirituais. No capítulo 5 de Romanos o amor de Deus parece romper
todos os limites. Não é pelo que fazemos, mas pelo que Cristo fez por nós! Como
disse certo autor: “Não há nada que eu possa fazer para Deus me amar mais e não
há nada que eu possa fazer para Ele me amar menos”.
Comentário
“O grande amor de Deus para com a humanidade é demonstrado pelo fato de
o Filho de Deus não ter vindo à terra como um anjo, e, sim, como homem, o homem
Cristo Jesus, tendo a natureza humana como a nossa” OWEN, John, A
Glória de Cristo, p.8.. Estamos todos ligados ao primeiro Adão (o cabeça
natural e legal da raça humana) como pecadores e culpados, e por isso sobre nós
recai a sentença de morte que Deus pronunciou sobre ele. No entanto, todos os
que estão ligados com o último Adão, Jesus, através do arrependimento e fé na
Sua obra redentora, estão perdoados, e “receberam o dom gratuito da justiça”, e
assim “já passamos da morte para a vida” (Cl 1.14, Rm 5.17, 1Jo 3.14)] “NaquEle
que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de
vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Missionário
Vicente Dudman
Natal-RN
Abril de
2016
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